.....................................................................................................................................................................Porque não só vives no mundo, mas o mundo vive em ti. .....................................................................................................

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Conhecendo nossos poetas




O apanhador de desperdícios


Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água, pedra, sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos,
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.

Manoel de Barros



Biografia

Manoel de Barros nasceu no Beco da Marinha, beira do Rio Cuiabá em 1916. Mudou-se para Corumbá, onde se fixou de tal forma que chegou a ser considerado corumbaense. Atualmente mora em Campo Grande. É advogado, fazendeiro e poeta. Escreveu seu primeiro poema aos 19 anos, mas sua revelação poética ocorreu aos 13 anos de idade quando ainda estudava no Colégio São José dos Irmãos Maristas, Rio de Janeiro. Autor de várias obras pelas quais recebeu prêmios como o "Prêmio Orlando Dantas" em 1960, conferido pela Academia Brasileira de Letras ao livro "Compêndio para Uso dos Pássaros". Em 1969 recebeu o Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal pela obra "Gramática Expositiva do Chão" e, em 1997 o "Livro Sobre Nada" recebeu um prêmio de âmbito nacional.

Perfil
Cronologicamente pertence à geração de 45. Poeta moderno no que se refere ao trato com a linguagem. Avesso à repetição de formas e ao uso de expressões surradas, ao lugar comum e ao chavão. Mutilador da realidade e pesquisador de expressões e significados verbais. Temática regionalista indo além do valor documental para fixar-se no mundo mágico das coisas banais retiradas do cotidiano. Inventa a natureza através de sua linguagem, transfigurando o mundo que o cerca. Alma e coração abertos a dor universal. Tematiza o Pantanal, universalizando-o. A natureza é sua maior inspiração, o Pantanal é o de sua poesia.








Andando com a Mãe Gaia

(Orquidário Binot-Petrópolis)


Espairecer a cabeça pode ser prazeroso para alguns como eu, de uma forma simples, apenas olhando a natureza, observando cores e nuances das flores, plantas e árvores, ver a lua subir no céu entre nuvens e com uma imensa auréola indicando calor pro dia seguinte, descobrir o inusitado como este singelo abacaxi que enfeita a entrada de um pequeno shopping ou simplesmente ficar deitada com as cortinas abertas, olhando pro céu pela manhã e ver balançarem as árvores ao redor da casa, ouvindo o coro animado de pássaros que vão desde os sabiás, bem te vis, canários e as barulhentas maritacas em revoada de  uma árvore para a outra.


Logo assim que cheguei à Petrópolis nesta sexta-feira, fui visitar este delicado orquidário e passei um tempinho fotografando e sentindo o perfume de algumas espécies, como a oncídea e a orquídea chocolate maravilhosa.

Tudo bem , se você não pode estar tão assiduamente próximo da natureza, procure pelo menos uma vez por semana buscar algum lugar perto de casa onde tenha áreas verdes ou o próprio mar e comece a reparar em sua volta e apurar os sentidos, ouvir os sons que a natureza transmite e que você, no dia a dia corrido, já nem percebe mais.

Vi esta semana na revista Vida Simples que no entorno da cidade de São Paulo, um grupo heterogêneo de pessoas que vai desde comerciante, jornalista, educador, idoso ou criança, embarcam no que chamam de "caminhada filosófica" com o intuito de descobrirem áreas naturais preservadas e perceberem a si mesmos na natureza.
(Imagem Google)

“A caminhada filosófica é trabalho de formiguinha, quer ser transformadora na relação do homem com o meio ambiente e resgatar o sentimento de unidade”, conta Rita Mendonça, educadora ambiental e diretora do Instituto Romã que criou o programa.
Percorrer a mata é pura sensibilização, com atividades orientadas que seguem a lógica de que é preciso transformar o sentimento para promover uma renovação profunda.
Todos reparam nas árvores e pássaros, e tentam imaginar suas idades, alegrias, testemunhos.
Em um determinado momento todos fecham os olhos. É a hora de apurar os sentidos e identificar os sons da mata: sabiá, riacho, vento, mosquito. O coração se abre."


(Primavera lá em casa)


E é com esses sentimentos e ensinamentos que as pessoas vão andando, observando e entrando em contato com a natureza e consigo mesmo, saindo realmente transformadas ao interagir de forma intuitiva e sensitiva com o mundo natural que a cerca.

Que tal começar nesta segunda feira mesmo a colocar em prática esta atitude?






sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Solidão-não sofra a dor da comparação. Ela não é verdadeira.

(Orquídea oncídea - foto minha - hoje no Orquidário Binot)


Final de semana para muitas pessoas é sinônimo de solidão e tristeza, mas a filosofia de Rubem Alves e grandes pensadores da humanidade revelam o contrário, pode ser muito útil e salutar, principalmente se observar a natureza e ouvi-la, senti-la em todos os sentidos.


"A noite chegou, o trabalho acabou, é hora de voltar para casa. Lar, doce lar? Mas a casa está escura, a televisão apagada e tudo é silêncio. Ninguém para abrir a porta, ninguém à espera. Você está só. Vem a tristeza da solidão… O que mais você deseja é não estar em solidão…

...

Aprenda isso: as coisas são os nomes que lhe damos. Se chamo minha solidão de inimiga, ela será minha inimiga. Mas será possível chamá-la de amiga? Drummond acha que sim:
“Por muito tempo achei que a ausência é falta.

E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.!“

Nietzsche também tinha a solidão como sua companheira. Sozinho, doente, tinha enxaquecas terríveis que duravam três dias e o deixavam cego. Ele tirava suas alegrias de longas caminhadas pelas montanhas, da música e de uns poucos livros que ele amava. Eis aí três companheiras maravilhosas!

Vejo, frequentemente, pessoas que caminham por razões da saúde. Incapazes de caminhar sozinhas, vão aos pares, aos bandos. E vão falando, falando, sem ver o mundo maravilhoso que as cerca. Falam porque não suportariam caminhar sozinhas. E, por isso mesmo, perdem a maior alegria das caminhadas, que é a alegria de estar em comunhão com a natureza. Elas não vêem as árvores, nem as flores, nem as nuvens e nem sentem o vento. Que troca infeliz! Trocam as vozes do silêncio pelo falatório vulgar. Se estivessem a sós com a natureza, em silêncio, sua solidão tornaria possível que elas ouvissem o que a natureza tem a dizer.

O estar juntos não quer dizer comunhão. O estar juntos, frequentemente, é uma forma terrível de solidão, um artifício para evitar o contato conosco mesmos. Sartre chegou ao ponto de dizer que “o inferno é o outro.“ Sobre isso, quem sabe, conversaremos outro dia… Mas, voltando a Nietzsche, eis o que ele escreveu sobre a sua solidão:
“Ó solidão! Solidão, meu lar!… Tua voz – ela me fala com ternura e felicidade! Não discutimos, não queixamos e muitas vezes caminhamos juntos através de portas abertas. Pois onde quer que estás, ali as coisas são abertas e luminosas. E até mesmo as horas caminham com pés saltitantes.

Ali as palavras e os tempos, poemas de todo o ser se abrem diante de mim. Ali todo ser deseja transformar-se em palavra, e toda mudança pede para aprender de mim a falar.“

E o Vinícius? Você se lembra do seu poema O operário em construção? Vivia o operário em meio a muita gente, trabalhando, falando. E enquanto ele trabalhava e falava ele nada via, nada compreendia. Mas aconteceu que, “certo dia, à mesa, ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção ao constatar assombrado que tudo naquela casa – garrafa, prato, facão – era ele que os fazia, ele, um humilde operário, um operário em construção (…) Ah! Homens de pensamento, não sabereis nunca o quando aquele humilde operário soube naquele momento! Naquela casa vazia que ele mesmo levantara, um mundo novo nascia de que nem sequer suspeitava. O operário emocionado olhou sua própria mão, sua rude mão de operário, e olhando bem para ela teve um segundo a impressão de que não havia no mundo coisa que fosse mais bela. Foi dentro da compreensão desse instante solitário que, tal sua construção, cresceu também o operário. (…) E o operário adquiriu uma nova dimensão: a dimensão da poesia.“

Rainer Maria Rilke, um dos poetas mais solitários e densos que conheço, disse o seguinte: “As obras de arte são de uma solidão infinita.“ É na solidão que elas são geradas. Foi na casa vazia, num momento solitário, que o operário viu o mundo pela primeira vez e se transformou em poeta.
E me lembro também de Cecília Meireles, tão lindamente descrita por Drummond:
“…Não me parecia criatura inquestionavelmente real; e por mais que aferisse os traços positivos de sua presença entre nós, marcada por gestos de cortesia e sociabilidade, restava-me a impressão de que ela não estava onde nós a víamos… Distância, exílio e viagem transpareciam no seu sorriso benevolente? Por onde erraria a verdadeira Cecília…“
Sim, lá estava ela delicadamente entre os outros, participando de um jogo de relações gregárias que a delicadeza a obrigava a jogar. Mas a verdadeira Cecília estava longe, muito longe, num lugar onde ela estava irremediavelmente sozinha.

O primeiro filósofo que li, o dinamarquês Soeren Kiekeggard, um solitário que me faz companhia até hoje, observou que o início da infelicidade humana se encontra na comparação. Experimentei isso em minha própria carne. Foi quando eu, menino caipira de uma cidadezinha do interior de Minas, me mudei para o Rio de Janeiro, que conheci a infelicidade. Comparei-me com eles: cariocas, espertos, bem falantes, ricos. Eu diferente, sotaque ridículo, gaguejando de vergonha, pobre: entre eles eu não passava de um patinho feio que os outros se compraziam em bicar. Nunca fui convidado a ir à casa de qualquer um deles. Nunca convidei nenhum deles a ir à minha casa. Eu não me atreveria. Conheci, então, a solidão. A solidão de ser diferente. E sofri muito. E nem sequer me atrevi a compartilhar com meus pais esse meu sofrimento. Seria inútil. Eles não compreenderiam. E mesmo que compreendessem, eles nada podiam fazer. Assim, tive de sofrer a minha solidão duas vezes sozinho. Mas foi nela que se formou aquele que sou hoje. As caminhadas pelo deserto me fizeram forte. Aprendi a cuidar de mim mesmo. E aprendi a buscar as coisas que, para mim, solitário, faziam sentido. Como, por exemplo, a música clássica, a beleza que torna alegre a minha solidão…

A sua infelicidade com a solidão: não se deriva ela, em parte, das comparações? Você compara a cena de você, só, na casa vazia, com a cena (fantasiada ) dos outros, em celebrações cheias de risos… Essa comparação é destrutiva porque nasce da inveja. Sofra a dor real da solidão porque a solidão dói. Dói uma dor da qual pode nascer a beleza. Mas não sofra a dor da comparação. Ela não é verdadeira.


(A Solidão Amiga - Rubem Alves)







quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Minha amada dançarina azul (Blogagem Coletiva Minha Idéia é meu Pincel)



Edgar Degas - Les Danseuses Bleues - 1890
Pela primeira vez atrasei-me numa Blogagem Coletiva, mas a justificativa é válida, pois viajei alguns quilômetros para ver minha mãe, ficar com ela, abraçá-la, dar carinho, conversar e lembrá-la que estou sempre em sintonia com ela no meu dia a dia, mesmo morando distante.

Hoje, na volta, pensei por várias vezes neste belo quadro de Degas e na tentativa de senti-lo, visualizei as  bailarinas azuis em saltos e quedas suaves, rodopiando em conjunto, formando beleza e leveza em seus gestos.

Senti então, o toque suave das mãos de minha mãe na despedida, em meu rosto. Seu abraço frágil, delicado, leve como uma dessas bailarinas da tela.

Minha mãe querida, que bailou em toda sua vida com dignidade, leveza de ser e de espírito!

Seus quase 80 anos demonstram mais ainda sua suavidade ao andar, ao falar, ao tocar.

Os velhos perdem em massa e ganham em delicadeza.  Minha mãe está assim, cada vez mais  suave, mais etérea, como se já transcendesse esta vida e com isso, aos poucos, sua fluidez é visível, exala beleza bailando solitária no palco da vida,  que eu, encantada e já saudosa, aplaudo de pé, pedindo a Deus que dê bis, muitos bis ainda a esta tão amada bailarina.






*Este post é minha participação na Blogagem Coletiva "Minha Idéia é meu Pincel" comandada pea amiga Glorinha de Lion do Blog Café com Bolo.




Apenas um lembrete:  Aqui, neste site do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, poderá ver 
o dia e a hora das apresentações dos melhores ballets apresentados na cidade,
inclusive o maravilhoso ballet da China que estará se apresentando agora em novembro.







quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Filosofando

(Meeke)


"O conhecimento da realidade é impossível, pois vivemos em um universo instável, onde tudo se transforma e nada se fixa. Uma árvore é apenas um estágio entre a semente e a madeira morta; qualquer ser humano é uma etapa entre o feto e o cadáver... Como podemos afirmar qualquer coisa sobre um determinado objeto, se a constante mudança do universo é mais rápida que nossa mente?"



(Doutrina Platônica) 




terça-feira, 16 de novembro de 2010

Façam suas apostas!

 (Chuva fina em Petrópolis)

Passei dois dias com chuvinha fina e muito frio lá na serra e antes que ficássemos com cara de mofo descemos pro Rio, mas o mau tempo continuou insistindo, dando uma trégua hoje pela tarde. Então fomos conhecer, após um almoço no Leblon,  o nosso Hipódromo da Gávea ou Jockey Clube do Rio de Janeiro e que é simplesmente uma das mais lindas áreas da cidade.

(clique para ampliar)

O Hipódromo da Gávea é o maior de corridas de cavalos do Brasil, abrangendo uma área em torno de 640 mil metros quadrados. Se quiser saber mais sobre o início do Turfe no Brasil clique no site ao lado. (fonte aqui)

Inaugurado em 1885, esta linda área apresenta as corridas de cavalos que desde a época do império, juntamente com o remo, eram os esportes mais importantes e elitizados no final do século XIX e início do século XX.  Hoje, cede seu espaço para diversos eventos, desde as corridas às exposições de decoração, arte e moda.

(clique para ampliar)

Os anos 1950 representaram o apogeu das corridas na cidade, uma fase apoteótica, mas que com a transferência da capital para Brasília, infelizmente delimitaram o início de reversão do prestígio e popularidade deste esporte.  Mas, até hoje, muitos criadores de puro-sangue apresentam-se ali com seus pequenos jockeys, dando show nas apresentações como as que assisti hoje à tarde e fiz até uma 'fezinha'.  Apostei no cavalo no.2, chamado El Demolidor que ficou em 4o. lugar. Ganhou um lépido jovem de 4 anos apenas chamado Our Magee e de pelo castanho.
Muito interessante acompanhar uma corrida ao vivo, sentada naquele lugar de bancos antigos e ver de perto a arquitetura de colunas jônicas que lembram os templos gregos da antiguidade e a abóboda de vidro inspirada nos palácios parisienses.  
Os apostadores, em sua maioria septuagenários, podem apostar e ficar dentro de grandes salões, visualizando e acompanhando a corrida pelos telões, como também do restaurante ou ao ar livre nestas enormes arquibancadas.

(clique para ampliar)

É um lugar bonito e tranquilo para se passar uma tarde de domingo ou de feriado e em sua volta podemos avistar as montanhas, o Corcovado, as grandes palmeiras do Jardim Botânico e a Lagoa Rodrigo de Freitas.
E o melhor ainda é que pode-se entrar gratuitamente e fazer apostas a partir de R$ 1,00 apenas.

(clique para ampliar)





sábado, 13 de novembro de 2010

Seja gentil consigo mesmo, dê uma paradinha!


Sábado é dia de verificar o jardim, retirar as folhas secas e 
se preparar para a pausa.
A pausa é o descanso que todos precisamos depois 
da semana cheia de experiências e 
compromissos com hora marcada.
A melhor coisa do mundo é acordar quando os olhos abrem-se espontaneamente,
sem a imposição das horas,
da obrigação,
do compromisso.
Nada de ansiedade, do tipo "o que vamos fazer hoje?"
Deixa fluir!
Final de semana é para ser atencioso consigo mesmo e com sua vida.


Bom final de semana e feriado na segunda-feira!










sexta-feira, 12 de novembro de 2010

De onde veio ... a infância

A descoberta de uma nova revista trazida hoje pelo marido, deixou-me encantada e gostei tanto dos artigos nela impressos que trouxe esta pequena mostra para os amigos e dizer que vale a pena conhecer tão interessante leitura sobre a história universal.

-Os primeiros passos- Marguerite Gérard-séc.XIX-


1- Adultos em miniatura

                                                                   Apesar de tão familiar hoje, o conceito de infância é algo relativamente novo em termos históricos.  Até o século XVIII. a criança era vista como um "adulto em miniatura" e, assim que fosse capaz de ajudar os pais nos afazeres domésticos, no artesanato ou nos trabalhos do campo, assumia a mesma carga de responsabilidade que os mais velhos.
Nessa época, as famílias tinham muitos filhos e as taxas de mortalidade infantil eram extremamente altas. Os recém-nascidos eram vítimas das mais diversas doenças, e a falta de higiene dos partos agravava ainda mais o quadro. Para ter uma idéia, 
83% dos parisienses que nasceram entre 1772 e 1778 morreram antes de completar 1 ano.  Essa situação contibuía para o sentimento de desapego dos pais pelos filhos.

2- O nascimento da infância

No século XIX, a humanidade entrou em uma nova era: os avanços na indústria livraram as crianças de parte do trabalho doméstico, e o avanço da medicina levou à queda dos índices de mortalidade.  A população infantil aumento, e a infância passou a fazer parte das discussões de filósofos, psicólogos, educadores, médicos, etc.
Paris foi a primeira cidade a sediar uma discussão mundial sobre a situação da criança.  Chamado de Congresso Internacional da Proteção da Infância, o evento ocorreu em 1890.  A capital francesa também foi pioneira na criação de Instituições de amparo aos mais jovens.

3- O reino dos bastardos

A situação da criança brasileira foi muito similar à da européia: por aqui, foi só em meados do século XIX que se começou a pensar na existência de uma 'infância'.  Essa espécie de 'indiferença' pelos mais novos era agravada pela grande quantidade de filhos bastardos, frutos da relação de brancos com negras e índias, que não tinham espaço na sociedade escravista.

Desde o período colonial, o Brasil conviveu com as chamadas 'Casas de Rodas', instituições que cuidavam de filhos ilegítimos, órfãos e até recém-nascidos que não podiam ser sustentados pelos pais.
A primeira delas, criada em Salvador no ano de 1726, só fechou as portas em 1950.



4- De Invisíveis a Consumidores

Ao longo do século XX, a infância foi ganhando cada vez mais importância.  A criança passou a ser o centro das atenções, e um rentável mercado de brinquedos, roupas, móveis e muitos outros produtos se desenvolveu ao seu redor. Antes invisíveis, os pequenos se transformaram em consumidores.

O crescimento desses novos mercados animou a criação de um setor da publicidade voltado inteiramente para o público infantil.
Dos anúncios que tentam atingir os pais, apelando para sua preocupação com a saúde e o bem-estar dos filhos, às mascotes, desenhos e bonecos que buscam conquistar as crianças, a propaganda mudou após a descoberta do potencial consumidor dos mais jovens.




*Fonte:  Revista HISTÓRIA VIVA - www.historiaviva.com.br

Imagens: Google




quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Blogagem Coletiva - Minha Idéia é meu Pincel - III


The Waterfall - Georgia O'Keefe

Evocando os mistérios das brumas de Petrópolis

Quem morou durante anos vendo as brumas envolverem as montanhas verdes nos dias em que o calor excede na cidade lá embaixo e, geralmente nos finais de tarde, quando esta massa quente une-se às massas frias do topo da montanha transformando-se no que alguns chamam de ruço, cerração ou neblina, só quem presenciou isto por longos anos entende, curte e não se espanta.  Gosta até.
Os moradores das serras são capazes de andar quilômetros na neblina sem medo, já que conhecem os caminhos que cortam a cidade, mas quem está a passeio muitas vezes se espanta e começa a sentir frio, afinal a temperatura costuma cair também e então, aqueles que subiram a serra com roupa de 'carioca', ou seja, sandálias, shorts e camisetas, sentem-se desconfortáveis e com medo do frio. Já vi gente que subiu para passear ou fazer compras por lá com sol quente e quando viu a temperatura despencar e a bruma descer, ficar apavorado e querer ir embora correndo. E aí reside o perigo. É preciso cautela e 
um certo respeito às neblinas que baixam sobre a estrada.

Quantas vezes da varanda de minha casa lá no alto da serra eu vi e ainda vejo esta neblina chegando e baixando devagarinho, cobrindo a tudo, como um manto branco envolvendo as casas, as árvores, flores, ruas e até mesmo o meu jardim.  Em certos dias não dá nem para se enxergar mais de cem metros quando ela baixa espessa, densa.

Eu amo a bruma constante de Petrópolis!  Parece que estou na Inglaterra e minha casa é um castelo rodeado de densas nuvens que me protegem contra ataques inimigos.  Ficamos ali escondidinhos, a olhar pela janela, sempre encantados com sua aparição silenciosa e expansiva.  Não costuma durar mais de 3 ou 4 horas, no entanto são momentos mágicos, parece que tudo se congela na fumaça das nuvens.

(Entrada no Quitandinha)

Meu 'Watterfall' fica em Petrópolis, num pedacinho de sonho encravado nas montanhas úmidas,  repletas de avencas, marias sem vergonha, hortênsias e mistérios que só as brumas escondem.  É lá que eu vivo, porque aqui só moro.


Este vídeo (só 42 segundos) é do you tube (desconheço o autor), mas trouxe para vocês verem como é densa a neblina na serra de Petrópolis.



Se quiserem conhecer mais sobre esta linda cidade que fica além das brumas, entre aqui nesta página.




*Esta é minha participação na Blogagem Coletiva inspirada por Glorinha L.de Lion sobre o tema Minha Idéia é meu Pincel.







quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Um mal do coração




















Amor é chama que mata,
Dizem todos com razão,
É mal do coração
E com ele se endoidece.
O amor é um sorriso
Sorriso que desfalece.


Madeixa que se desata
Denominam-no também.
O amor não é um bem:
Quem ama sempre padece.
O amor é um perfume
Perfume que se esvaece.


Mário de Sá Carneiro*









(*)Lisboa-=1890-Paris-1916- Poeta, Contista e Ficcionista português, um dos grandes expoentes do modernismo em Portugal.



















terça-feira, 9 de novembro de 2010

Stressou, desamarre o sapato e ande descalço.


"De mãos vazias eu entrei no mundo, descalço vou deixá-lo. Minha vinda, minha ida — dois acontecimentos simples que se entrelaçam” ~ Kozan Ichikyo

A vida urbana aos poucos tira de nós o lado simples e gostoso da liberdade, leveza, simplicidade e alegria - o lado bom e natural da vida.
Uma delas é não botarmos os pés no chão, literalmente falando, não andarmos descalço, não sentirmos esta forma minimalista de ser ou estar.
  
Pense nisso, você que trabalha o dia inteiro e tem que estar calçado.  Vejo aqui em casa como meu marido se comporta logo assim que abro a porta em sua chegada.  A primeira coisa que faz é tirar os sapatos, mesmo que confortáveis, mas que estiveram nele desde as primeiras hora do dia.  E temos uma mania de tirar os sapatos e enfiar os pés nas havaianas logo na entrada, não caminhamos nunca de sapatos dentro de casa, mas também quase nunca descalços, só mesmo se for um super verão escaldante como o passado.
Melhor mesmo, seria se andássemos descalços, mas até nisso já condicionamos nosso comportamento em restrições auto impostas,  raramente andamos descalços, saboreando a natureza, as texturas da madeira do piso, da cerâmica ou mesmo da macia grama do jardim de quem tem uma casa.


Tem gente que diz que quando está descalço sente-se como se estivesse nú ou que todos estão focados nos seus pés. Eu não penso assim e ainda digo para meu marido que experimente tirar os sapatos quando estiver numa daquelas várias reuniões que vive metido no decorrer do dia. Qual o problema?  Todo mundo tem pé não é mesmo e dar uma folguinha para eles durante o dia, tirá-los dos sapatos fechados, amarrados, pode ser uma espécie de filosofia que estou inventando agora para o não conformismo. Liberdade para os pés, é isso mesmo!


Porque estou falando sobre este assunto agora?  Primeiro porque no meu café da manhã lia uma revista que recebi ontem de uma lojinha aqui do bairro que só vende sandálias maravilhosas, anatômicas, leves, macias e vendidas em cerca de 90 países com mais de 5 mil pontos de venda nos cinco continentes. Existe aqui no Brasil há 55 anos e seus produtos evoluiram tanto na anatomia quanto no conforto e beleza. Fiquei boquiaberta com os modelitos modernos que vi na revista e no site aqui.  Visitem se quiserem ou precisarem comprar algo que não detone seus lindos pezinhos cansados de guerra.  Não vou dizer a marca, pois não ganho nenhum 'jabá' para isso. Mas, a cada dia ouço a mulherada reclamar dos estragos que sapatos bonitinhos e da moda, machucam e detonam seus pezinhos. Porque não procuramos sapatos mais confortáveis, anatômicos e não só modinha? Eu sei! Mulher tem dessas coisas e eu mesma sou assim, vou logo pela cara de bonitinho do sapato, mas temos que ver se a tecnologia empregada neles vai ajudar nosso corpo.


E outra coisa que me chamou atenção sobre este assunto de pés descalços, foi esta foto abaixo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama (à dir.), e sua mulher, Michelle, que em visita  ao Memorial de Mahatma Gandhi, em Nova Déli, Índia, perderam uma grande oportunidade de andarem descalços sobre a grama, relaxando melhor seus pezitos viajantes. Pelo jeito, continuam presos nesta invisível rede de protocolos, conformismos e hábitos nada saudáveis para o ser humano. Bobos, não?!


(Imagem-Folha.com)













segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Hoje é o Dia do Vamos Esquecer um Livro




Hoje foi 'esquecido' o livro "O Clube do Filme de David Gilmour" num catamarã que faz a travessia da Baía de Guanabara.  Pedi a meu marido que o deixasse lá, num dos bancos para que um próximo passageiro tivesse esta boa surpresa pela manhã.  

O bilhetinho acima, escrevi numa das páginas iniciais e a estas horas já deve estar em outras mãos.  Espero que quem achá-lo curta muito o livro e a idéia.

A amiga Isa do Blog Tantos Caminhos tomou esta iniciativa e hoje é o dia do "Vamos esquecer um Livro".
Estamos juntos com ela neste movimento cultural e social.

Em 2008 fiz várias vezes este movimento e deixei escrito aqui no post "É preciso ler mais", onde contei que quando viajava de ônibus para algum lugar mais distante, costumava deixar o livro de presente para quem o achasse.  A este movimento chamei de "Livro Livre" e hoje, quando mais uma vez esta idéia maravilhosa foi resgatada, uni-me com prazer.

Faça você também este ato, vamos incentivar outras pessoas a criarem o hábito saudável da leitura!


 
Título: Clube do Filme
Autor: David Gilmour
Tradução:: Luciano Trigo
Editora: Intrínseca - RJ
N°de páginas: 239


domingo, 7 de novembro de 2010

Viver não é fácil, não!



Sim, tudo isso é importante para sermos felizes, vivermos bem e estarmos em paz com nossa própria consciência.

Existe algo nestas frases imperativas que você ainda não consegue fazer?

Para mim existe - "Faça aquilo que mais teme." - Sou muito medrosa do desconhecido e já consegui realizar um enfrentamento no ano passado, quando viajei de avião várias vezes e depois naveguei por 9 dias num transatlântico, mas ainda tem um monte de outras coisas que não consigo encarar, como por exemplo, andar sozinha pela cidade em que nasci. Tenho maior pavor de dirigir no Rio.  Falei, pronto!

E você?  Conta aí, vai?