O apanhador de desperdícios
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água, pedra, sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos,
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água, pedra, sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos,
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
Manoel de Barros
Biografia
Manoel de Barros nasceu no Beco da Marinha, beira do Rio Cuiabá em 1916. Mudou-se para Corumbá, onde se fixou de tal forma que chegou a ser considerado corumbaense. Atualmente mora em Campo Grande. É advogado, fazendeiro e poeta. Escreveu seu primeiro poema aos 19 anos, mas sua revelação poética ocorreu aos 13 anos de idade quando ainda estudava no Colégio São José dos Irmãos Maristas, Rio de Janeiro. Autor de várias obras pelas quais recebeu prêmios como o "Prêmio Orlando Dantas" em 1960, conferido pela Academia Brasileira de Letras ao livro "Compêndio para Uso dos Pássaros". Em 1969 recebeu o Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal pela obra "Gramática Expositiva do Chão" e, em 1997 o "Livro Sobre Nada" recebeu um prêmio de âmbito nacional.
Manoel de Barros nasceu no Beco da Marinha, beira do Rio Cuiabá em 1916. Mudou-se para Corumbá, onde se fixou de tal forma que chegou a ser considerado corumbaense. Atualmente mora em Campo Grande. É advogado, fazendeiro e poeta. Escreveu seu primeiro poema aos 19 anos, mas sua revelação poética ocorreu aos 13 anos de idade quando ainda estudava no Colégio São José dos Irmãos Maristas, Rio de Janeiro. Autor de várias obras pelas quais recebeu prêmios como o "Prêmio Orlando Dantas" em 1960, conferido pela Academia Brasileira de Letras ao livro "Compêndio para Uso dos Pássaros". Em 1969 recebeu o Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal pela obra "Gramática Expositiva do Chão" e, em 1997 o "Livro Sobre Nada" recebeu um prêmio de âmbito nacional.
Perfil
Cronologicamente pertence à geração de 45. Poeta moderno no que se refere ao trato com a linguagem. Avesso à repetição de formas e ao uso de expressões surradas, ao lugar comum e ao chavão. Mutilador da realidade e pesquisador de expressões e significados verbais. Temática regionalista indo além do valor documental para fixar-se no mundo mágico das coisas banais retiradas do cotidiano. Inventa a natureza através de sua linguagem, transfigurando o mundo que o cerca. Alma e coração abertos a dor universal. Tematiza o Pantanal, universalizando-o. A natureza é sua maior inspiração, o Pantanal é o de sua poesia.
Cronologicamente pertence à geração de 45. Poeta moderno no que se refere ao trato com a linguagem. Avesso à repetição de formas e ao uso de expressões surradas, ao lugar comum e ao chavão. Mutilador da realidade e pesquisador de expressões e significados verbais. Temática regionalista indo além do valor documental para fixar-se no mundo mágico das coisas banais retiradas do cotidiano. Inventa a natureza através de sua linguagem, transfigurando o mundo que o cerca. Alma e coração abertos a dor universal. Tematiza o Pantanal, universalizando-o. A natureza é sua maior inspiração, o Pantanal é o de sua poesia.
(Fonte: Fundação Manoel de Barros)
15 comentários:
Ai que lindo Beth!!!
Poesia e imagem!
Adorei de coração.
Parabéns!
Li e vi seu post anterior...espetacular!
Isso aqui é um luxo só!
Beijo gostoso querida.
Astrid Annabelle
Uma verdadeira exaltação ao natural da vida, ao belo. Adorei Beth.
Obrigada por compartilhar.
Bjs no coração!
Nilce
Que lindo! Nao o conhecia. Obrigada por compartilhar.
Um grande abraço
Léia
Que lindo! Nao o conhecia. Obrigada por compartilhar.
Um grande abraço
Léia
Olá querida Beth,
Este post vem mesmo na sequência do anterior e está em grande intimidade com a tua filosofia de vida.
Já li alguma coisa de Manoel de Barros, mas pouco, tenho que aprofundar mais e com o teu incentivo em o referires vou lá a breve prazo.
Beijinhos,
Manú
Beth, ele deve ser calmo demais.
Com a serenidde que retratou no poema deve ter levado sua vida, razão pela qual ainda está aqui, firme e forte (espero!).
Muito lindo o poema.
Beijo!
Oi querida
Amei, maravilhoso.
Hoje fiz menção ao seu post de óntem que também considerei excelente.
Poesia, poetas maravilhosos, palavras ditas do sentir.
bjs
Boa idéia: Conhecendo nossos Poetas
Uma bonita poesia.
Não poderia ser diferente com essa biografia!...
OI BETH!
Mais uma excelente referência que lhe fico devendo!
Uma apologia da simplicidade, que tem ecos do gosto Japonês pelo haiku...
Bonito mesmo!
CARINHOSSSSSS
PS Obrigada pelos links...vou espreitar á noite!
Minha amiga Beth, tb é cultura, e das boas, amei!
Simplesmente belo.
Beijinhos meus.
Esse aí eu nem chamo de grande, Beth; é gigantesco mesmo! Adoro esse cara.
"Nasci para administar o à toa
o em vão
o inútil.
Pertenço de fazer imagens
Opero por semelhanças
retiro semelhança de pessoas com árvores
de pessoas com rãs
de pessoas com pedras
etc, etc, etc."
(do LIVRO SOBRE NADA)
Abração. Paz ebem.
Esse eu não conhecia que eu lembre pelo menos, gostei m uito, sobre apreciar as coisas simples da vida nela contém o segredo da felicidade.
bjs
Oi lindona, passei pra dar um bjka e o que encontro ? Manoel de Barros, você fez uma ótima escolha.
... se todos tivessem o mesmo olhar não é Betinha ?
bjs e saudades
Oi, minha amiga Beth
Agradeço a vc por permitir esse encontro saudável...
Os poetas consagrados ou "não" merecem nossa admiração(e leitura)
Obrigada pela partilha
Bjs
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