.....................................................................................................................................................................Porque não só vives no mundo, mas o mundo vive em ti. .....................................................................................................

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Encontros Possíveis


Em vez de terapia de vidas passadas,
prefiro a terapia das vidas que 
nunca aconteceram.
A alma é literatura.
Está cheia de estórias que nunca aconteceram.
É dessas estórias que a alma se alimenta.
"Nem só de pão viverá o homem 
mas de toda palavra..."

(Rubem Alves)


Amigos,

25 de novembro de 2010 será uma data inesquecível para mim. Foi o dia D, dos Desencontros Possíveis. Ou teria sido o dia Dos Encontros Impossíveis? Não sei dizer. Comecei a sentir algo estranho no ar quando, antes do meio-dia, uma de minhas amigas mais queridas me ligou, dizendo que estava com medo de ir ao lançamento do meu livro. Bem, pensei, não posso administrar o medo alheio. Portanto, não a estimulei a sair de casa, se, de fato, não se sentia confortável para tal. Ao correr do dia, as ligações foram se sucedendo. Pânico na cidade. O editor me ligou, lá pelas 5 horas: “Você não pretende cancelar o evento, pretende?” “Claro que não!” respondi. Já tinha até agendado um táxi para as 5 e meia. Bem, não vou contar toda a história porque ela é um pouco longa e tem nuances surrealistas. Talvez mais tarde, sob a forma de uma crônica, como me sugeriu uma amiga. O fato é que não compareci ao lançamento do meu próprio livro. Chorei muito. Nem tanto pelo livro em si, mas pela festa que se perdeu, pela decepção de não ter encontrado os amigos, de ver tanta energia despendida em vão. Mas uma coisa que aprendi nessa vida é que a gente não deve se lamentar. O carinho que recebi dos amigos, solidários com a minha tristeza, não tem preço. Isso eu jamais esquecerei. Agradeço a todos. À minha irmã Berenice, meus sobrinhos Alexandra e Rafael, meus queridos Giovanna, Cristina, Regina, Pedro e Ida minha eterna admiração pela força amorosa que os impulsionou e não os deixou ver as barreiras que a situação impunha. Graças a Deus chegaram todos sãos e salvos de volta em suas casas.
A todos, sem exceção, o meu amor incondicional.


Encontros PossíveisEste foi o e-mail que minha amiga de longa data 
enviou-me ontem e aos demais amigos que pretendiam estar lá, na Lapa, centro do Rio, na quinta-feira 25, para o lançamento de seu tão esperado e sonhado livro.  


A guerra civil que instalou-se no Rio de Janeiro nos impediu e a ela mesma de ir até o local, mas o livro já está aí para quem quiser conferir e conhecer uma das melhores escritoras da atualidade.


Seu livro ENCONTROS POSSÍVEIS está neste link para compra e eu garanto que irão se surpreender com uma literatura rica e bem escrita por uma pessoa de talento e sensibilidade, luta, garra e determinação que é minha amiga e madrinha de casamento, Sylvia Regina Marin e para quem eu desejo toda a felicidade e sucesso sempre.




"Um país é feito de Homens e de Livros"

-Monteiro Lobato-







domingo, 28 de novembro de 2010

O Feijão e o Sonho



Somos Quem Podemos Ser Engenheiros do Hawaii


Um dia me disseram
Que as nuvens não eram de algodão
Um dia me disseram

Que os ventos às vezes erram a direção
E tudo ficou tão claro
Um intervalo na escuridão
Uma estrela de brilho raro
Um disparo para um coração

A vida imita o vídeo
Garotos inventam um novo inglês
Vivendo num país sedento
Um momento de embriaguez

Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter

Um dia me disseram
Quem eram os donos da situação
Sem querer eles me deram
As chaves que abrem esta prisão
E tudo ficou tão claro
O que era raro ficou comum
Como um dia depois do outro
Como um dia, um dia comum

A vida imita o vídeo
Garotos inventam um novo inglês

Vivendo num país sedento
Um momento de embriaguez

Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter

Um dia me disseram
Que as nuvens não eram de algodão
Sem querer eles me deram
As chaves que abrem esta prisão

Quem ocupa o trono tem culpa
Quem oculta o crime também
Quem duvida da vida tem culpa
Quem evita a dúvida também tem

Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter



Eu sonho com os pés no chão e acho que por isso nunca construi castelos na areia e nem lutei com moinhos de vento, pois tal qual uma Maria Rosa de O Feijão e o Sonho, tenho dificuldades para entender os sonhadores que agem assim e esquecem tudo ao seu redor.  Tenho receio por estes e estou sempre a lembrar que as nuvens não são de algodão.  E martela-me a pergunta: Até onde pode ir alguém por seu sonho mais íntimo?
















sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Deu certo lá e porque não daria aqui?

(Botero-pintor Colombiano)



(Cidade de Bogotá)

Esta linda cidade que hoje se apresenta arrumada e protegida como nunca é a nova Bogotá.
  
Há três anos meu marido esteve por lá a trabalho e o que viu impressionou-o enormemente, já que a mesma sofreu por décadas o massacre dos narcotraficantes que infernizaram sua população como agora é visto aqui no estado do Rio de Janeiro. Mas, hoje, mesmo a Colombia sendo considerada o maior produtor mundial de cocaína, com 800 toneladas anuais, e um dos principais fornecedores de heroína, com sete toneladas, sua capital, Bogotá, está fortemente protegida por militares ostensivamente preparados e equipados, oferecendo paz e liberdade às pessoas para que possam locomover-se tranquilamente a qualquer hora do dia ou da noite.

E o que foi que ele viu e sentiu por lá?
  

- Policiais estão sempre presentes em qualquer lado que você olha. Até mesmo em frente aos prédios residenciais.

(Prédio residencial guardado)

- Blitz para verificação de documentos em dia de motoristas ou motociclistas. 
  Como as motos eram os veículos mais utilizados para sequestros ou pequenos delitos, podiam se esquivar do
  trânsito, hoje são obrigados, todos, sem exceção, desde à pequena moto à grande Harley Davidson que seus
  ocupantes, carona e piloto, tenham uma sinalização de número de cadastro afixadas nas costas.
  Se alguém trafegar sem a mesma ou se não pertencer à pessoa cadastrada, a prisão é imediata.
  Com isso, ninguém transita mais de forma não identificada pela cidade, coisa que marginal vagabundo deixou de 
  fazer.

- Cães -  milhares e milhares, tanto nas guardas oficiais como nas particulares, farejando carros ou pessoas 
  que entram em Shoppings, lojas ou prédios.  Eles farejam não só cocaína como também artefatos explosivos.
  Detalhe: a grande maioria, mais de 90% da raça, é de Retrivier Labrador.  Tanto que quando meu marido chegou 
  por lá ficou admirado com a beleza dos vira-latas soltos nas ruas, mas que na verdade são vira-latas oriundos de
  cruzamentos com cães belíssimos de grande porte.

- Não percebeu mendicância nem crianças em sinais pedindo ou esmolando.

- Hoje, a maior criminalidade exercida é o chamado sequestro-relâmpago, porque a idéia é sequestrar, tirar logo
  uma parcela de dinheiro e devolver a pessoa.  As empresas colocam sempre algum guarda-costas 
  para proteção de seus funcionários estrangeiros quando estão lá em visita.



Estas e outras medidas, geraram um clima de confiança e tranquilidade na população que aceitou estas condições para reaver sua liberdade.  Deu certo lá e porque não daria aqui?



Ao meu ver, hoje, o Rio de Janeiro necessita de medidas como estas, de forte impacto, pragmáticas, de sufocamento e extermínio dos traficantes que dominam a cidade e não deixam seu povo viver tranquilo, desfrutando toda a beleza que nos cerca, assim como a alegria e 'savoir faire' carioca, que sempre foi a nossa maior característica e orgulho.

Alguém poderá me dizer:  Mas uma cidade tão linda, de praias que sugerem turismo e ar livre,  cheia de militares e cães farejando, não vai ficar bem, não combina!  E eu respondo que é o mesmo que chegar para uma moça bonita e dizer que ela tire os óculos, pois ficará mais sexy ou linda, porém o que adianta se não conseguirá ver com clareza.

O Rio é bonito, todos sabemos, não há como negar, mas quase ninguém usufrui de suas florestas, de seus parques, de suas praças.  À noite então, quem tem coragem de andar a pé numa orla?  Só em novelas do Manoel Carlos que uma mulher anda de madrugada pelas areias da praia de Copacabana ou do Leblon.

As operações feitas nestes dias infernais e que estão sendo mostradas pela televisão exaustivamente para todo o mundo, não terão efeito de combate definitivo já que não é uma ação sistematizada, dentro de um programa e sim, algo esporádico, talvez político para mostrar que suas UPPs são fantásticas e que trarão a paz total às comunidades e ao resto da cidade.  Não adiantará em nada somente a aplicação de força se não entrarem em conjunto nestes lugares, levando primeiramente socorro psicológico às vítimas, educação para os jovens que estão ligados, como recrutas cegos, endeusando aqueles que eles consideram seus ídolos, no caso, os malditos traficantes.  Tudo isso porque o Poder Público os esqueceu há décadas e o resto da sociedade alijou-os do processo de crescimento, fingindo que não estava vendo ou ouvindo suas vozes, quando num certo momento, há anos atrás, começou a ser veiculada esta música "Tá dominado, tá tudo dominado".
Na tal Pirâmide de Maslow estão vários degraus abaixo.

Outro ponto que ninguém toca, nem a própria mídia; o tráfico existe para atender seus clientes. Então, estes clientes não vão ser bloqueados?  Ou os culpados são somente os narcotraficantes?  Essa história toda existe porque alguém compra e, por conseguinte, financiam. Quem são estes?  A grande maioria de classe média e alta com poder aquisitivo que banca tudo isto, este fluxo contínuo.  Mas, aí o buraco é mais embaixo.  Porque dar tiro em bandidinho de morro é fácil, são infelizes, são invisíveis, sem nome para a sociedade. Agora, o comprador de cocaína pode ser um engravatado,  um global, artista consagrado, lindo de morrer que todos amam e veneram.
E nesse movimento todo ainda não assistimos nada, comentado neste sentido.  Grande passo poderia dar a nossa esfera jurídica de forma a conceber uma proposta que contribuisse de forma a  responsabilizar esses consumidores que neste ciclo fomentam o caos que passamos.

Eu quero cachorros farejadores nas ruas, guardas em todas as esquinas, soluções para o caos urbano, educação para o povo e a minha cidade de volta.

Eu quero voltar a ser carioca. Ufa!



                                                -------/------


O texto abaixo é do excelente comentário que o amigo ManDrag deixou-me e que considero de suma importância para arrematar meus pensamentos aqui deixados. 

              ... O Rio é muito mais que Copacabana, Ipanema, o Pão de Açucar e o Redentor. O Rio não é uma cidade bonita. Quando chego ao Rio de Janeiro vejo a cidade num todo, com aqueles infindáveis bairros feios e paupérrimos, de barracos sem reboco amontoados como vespeiros. O Carnaval do Rio é a maior falácia que já vi, em que se exporta para o mundo inteiro uma falsa imagem dum Brasil de liberdade e igualdade. Onde está essa liberdade e igualdade? Basta olhar para qualquer favela ou bairro de periferia para entender que este é um país com várias liberdades e diferentes igualdades. Um Brasil em que uns são mais brasileiros que outros. ...

Concordo plenamente com suas palavras, em especial este trecho, pois o que é belo no Rio é a junção de sua natureza que se espalha entre o mar, rios, montanhas, florestas e bairros unidos.  No entanto, hoje, o que se vê é uma cidade transformada e embolada de prédios ricos e sub-moradias no seu entorno, mas as imagens que são transmitidas para todos aqui dentro e lá fora, sempre é do Redentor e suas praias. O Rio é muito mais que isso.







quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Dos dias de hoje



"Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada."


EDUARDO ALVES DA COSTA
Niterói, RJ, 1936
fonte do texto daqui 

Minha Idéia é meu Pincel - Frida Kahlo

Frida Kahlo - Auto Retrato


"Pensaram que eu era
 uma surrealista, mas eu não era.
Nunca pintei sonhos.  
Pintava a minha própria realidade."  
(F.Kahlo)

A primeira vez que vi um quadro desta artista não gostei. Para dizer a verdade o surrealismo me atrai mesmo é pela sua bizarrice, mas não é o tipo de arte que gostaria de ter numa parede de minha casa. Este acima me passa a sensação de aprisionamento, acho mesmo que era isso, um espírito preso num corpo frágil e sensível. Pobre Frida Kahlo!
No entanto, admiro todas as formas de expressão artística, simplesmente porque não sei fazer nada de minha própria imaginação.
A única pintura que fiz por criação espontânea, foi este gato abaixo, num dia em que me inspirei no gato da vizinha que tinha pulado o muro e andava pelo meu jardim e uma linda flor de Agapanto que nascera naqueles dias e então, liguei o gato ao agapanto e criei esta mega fantástica obra de arte abaixo. Não riam, por favor, respeitem esta criatura em sua plenitude criativa. rsss

(O Gato e o Agapanto-Beth Q.)

Mas, um belo dia descobri Frida Kahlo, quando vestida com uma saia comprida e rodada, estampada em flores alegres, de botas e grandes brincos , alguém me chamou de Frida Kahlo. Eram os anos 70 e poucos e a moda hippie tinha um certo ar de Frida em mim, acompanhava os movimentos de toda aquela transformação mundial e isso refletia nas minhas roupas certamente.

Eu ainda não tinha me interessado por ela por achar seus quadros feios e não entender nada daquilo que representavam. Então, fui me informar melhor, lendo a seu respeito e depois vendo o filme de sua vida.
Apaixonei-me e ao mesmo tempo sofri por ela, pela dor que tão cedo experimentou, tinha apenas 18 anos e um acidente fatídico mudou enormemente sua vida.  Como consequência dos sérios ferimentos que sofreu na coluna e na pélvis, nunca pode ter filhos e sentiu dores nas costas por toda a vida.
Tadinha, sofreu muito depois do terrível acidente que a deixou com sequelas e muitas dores nos últimos tempos sobre uma cama, mas que não tirou de si o talento e a garra para demonstrar sua arte!  


Então entendi porque sua pintura retratava tantos aspectos dolorosos, pois aquilo era sua vida e não sonhos surrealistas.  Ela pintava sua própria experiência pessoal.


Seus quadros acho-os fantásticos, mas não gostaria de tê-los em minha casa, por achá-los muito tristes e com alusões à morte que acompanhou-a sempre. E, obviamente, claro, não teria recursos para comprá-los. 

(O Sol e a Vida, 1947)

Entretanto, este quadro dela acima é um dos que mais gosto e me intriga pela sua simbologia. As formas das plantas são símbolos dos órgãos genitais femininos e masculinos. O sol que dá vida surge ao centro. O feto que chora dentro de uma das plantas e os pistilos lacrimejantes das flores noutras representam a tristeza de Frida Kahlo pela incapacidade de ter filhos.

Ganhei um livro sobre sua vida e arte, e adoro ler e viajar nos quadros, apesar de já conhecer a história de Frida Kahlo, mas o livro,  além da história,  tem uma apresentação belíssima com fotos de todos os seus quadros e o percurso de sua vida muito densa e que eu me assustaria em ter uma igual.





(capa do livro)






Frida esteve além do seu tempo e sua força mostra-se atemporal, presente e inspirando a tantas mulheres ainda hoje. Eu, por exemplo, gosto demais do  estilo alegre de suas roupas e adereços!  Adoro cores, estampas, palas bordadas em blusas brancas, xales, brincos e colares artesanais ou que lembrem o estilo pré-colombiano ou coloniais.
Sou mesmo uma Beth Frida, não nego.




E, como dica, sugiro o filme sobre sua vida com a bela atriz mexicana Salma Hayek que poderão conferir aqui enquanto ouvem abaixo sua linda trilha sonora com The Floating Bed - Elliot Goldenthal.




(clique no meio para ouvir)

Frida Kahlo - 1907-1954

Os quadros de Frida Kahlo não são para mim o que sua figura colorida e enfeitada o é, ou seja, gosto mesmo é de seu estilo e de suas cores nas vestimentas tehuanas, da garra e determinação que a levou a sobrepor-se a todas as controvérsias em sua vida e suas eternas dores.












*Este post é mais um da série Minha Idéia é meu Pincel que a amiga Glorinha de Lion do Café com Bolo, promove em sua Blogagem Coletiva sobre grandes pintores da humanidade.






quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Sonhos alados

 (Gaivotas sobre a ponte Rio-Niterói)


Enquanto os carros passam sobre a ponte, as gaivotas bailam em vôos rasantes, e eu não consigo tirar os olhos delas.  São lindas e elegantes!


Gosto de observar os pássaros em sua plenitude no céu e já sonhei que voava como um deles. Digo-lhes que é uma das melhores sensações que já tive em minha vida.  Algumas pessoas entendidas em sonhos, já me disseram que é porque sonho com liberdade.  Pode ser, mas o que gostaria mesmo era de ter asas para estar uma hora aqui, outra ali. Visitaria até os mais longínquos amigos da blogosfera, como o amigo Alexandre no Japão ou a Lolipop e Manuela em Portugal e para terminar o dia, jantaria com a Biazinha em Toronto.


Ah, como queria ter asas!


Bem, mas aterrisando mesmo aqui na real, vocês sabiam que o Brasil  é o segundo país do mundo em diversidade de aves, com 1825 espécies (a Colômbia é o primeiro).  


Quanto passarinho temos em nossos céus! Portanto, de vez em quando olhe pra cima e tente identificar alguns. Por aqui tem muito sabiá, bem te vi, gaivotas e o indefectível pardal.  E aí?