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sexta-feira, 28 de março de 2014

À mesa como convém.


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O momento da refeição familiar é, talvez agora em menor escala, a hora estratégica onde se opera há séculos a aprendizagem das boas maneiras.
Na minha infância era assim que os pais ensinavam os filhos, mesmo porque a gente sentava-se à mesa para as principais refeições do dia e cabia, principalmente à minha mãe, orientar estes códigos sociais.

- Lave as mãos antes de vir para a mesa!
- Sente-se direito menina, olha as pernas abertas!
- Tire os cotovelos da mesa!
- Menino, não fale com a boca cheia!
- Não faça barulho enquanto está comendo!
- Coma tudo que está no prato, lembre-se que tem gente que passa fome!
- Você tem os olhos maiores que a barriga, ponha pouco no prato, repita se quiser!
- Não ponha as mãos no alimento!
- Não coma de boca aberta!

Estes e outros ensinamentos pareciam mais com um adestramento de animaizinhos domésticos, mas era só o pai ou a mãe virarem as costas que nós, irmãos e cúmplices, agíamos como um animal dissimulado. Até guerra de bolinha com miolo de pão, fazíamos longe dos olhares críticos do meu pai que era o mais severo nestas questões sociais.
Meu pai não gostava que falássemos às refeições, ele é quem falava, contava coisas de sua infância e juventude, mas a gente só ouvia e comia, só levantávamos da mesa quando ele terminava. Eu o achava muito chato nestas horas, mas ficava na minha e respeitava, por outro lado as suas histórias eram sempre diversificadas e interessantes. 
Hoje, comemos entre nós aqui em casa e é, geralmente, um espaço de discussão, um espaço de troca, descontraído, mas sempre evitando conflitos nestes momentos. Aquelas regrinhas básicas e chatas, serviram para alguma coisa e assim passei para o filho, mas pegando leve e de acordo com os novos tempos, afinal eu aprendi lá na década de 60 que "era proibido proibir", e que seria bem mais inteligente colocar certas práticas gradualmente e sem traumas. 

Esta semana eu vi uma família de quatro componentes, os pais e dois filhos, comendo de uma maneira muito estranha no restaurante em que eu estava. A menina mastigava absorta e de boca aberta, sem olhar para o prato enquanto teclava no seu IPad, vez ou outra caia alguma coisa fora do prato. O menino quase não comia, reclamava de alguma coisa e choramingava, quem sabe querendo usar também o aparelho da irmã, mas tinha as pernas dobradas sobre a cadeira e comia as batatas fritas com as mãos, indolentemente, fazendo birra. Os pais, em frente a eles, não utilizavam de nenhuma orientação neste sentido para transformar aquele jantar em algo decente e agradável. O pai comia sem largar os talheres e a mãe não se impunha de maneira nenhuma, só mandava ele calar a boca e comer o que tinha no prato. Foi chato presenciar uma cena dessas!

Num certo momento de nossa civilização, perdemos estas e outras boas maneiras, e temos que aceitar a falta destas referências sociais de pais sem tradição ou que não dão mais importância a estes hábitos?  
Mas, como ficarão estes filhos sem a tal memória para o futuro desses momentos que poderiam ser relembrados e até mesmo sentidos com nostalgia, associando sabores, gostos, odores, os utensílios usados na casa da família, os gestos carinhosos, as conversas trocadas, lembranças e deleites!?

Não acho que seja normal para os dias atuais, proibir ou impor com rispidez e sem explicações às crianças de como deve-se respeitar certas regras que fazem parte dos costumes, afinal eles são bem mais inteligentes do que fomos em minha época, é bem mais necessário que os pais reforcem o sentido de transformarem seus filhos em seres respeitosos do espaço do outro e mesmo neste mundo tão ameaçado por tantas formas de intolerância e absurdos, antes de mais nada, a família perdura e ainda é a célula mater de nossa existência neste universo, portanto ainda vale a pena educar antes de irem para a escola, fazê-los se abrirem para o mundo e ao que os cercam, pois assim estarão colocando em primeiro plano os valores de autonomia e de adaptação, e ademais - é tão bonito ver uma família bem educada!

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19 comentários:

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida Beth
Aqui em casa, as normas da boa educação ainda prevalecem mas os IPad está na mão de todos, menos nas minhas... rs... Os pequenos com o tablet... É tremenda a modernidade!!!
Estou me sentindo em paz com tudo isso...
Não abro mão das reuniões familiares nas datas especiais e todos correspondem com carinho e muita alegria...
Bjm fraterno e quaresmal

chica disse...

Beth, como aquelas regrinhas fazem falta!
E não acho as crianças de hoje mais inteligentes, não! Elas tem mais oportunidades, mais tecnologia, mas no fundo...Sei não!!!

E falo de cadeira, da comparação direta!!!

E regras devem ser colocadas, sou tri rígida nelas. Há coisas que NÃO SUPORTO,NEM ADMITO!!

Damos o exemplo e por isso,exigimos!

Lindo sempre te ler! E as mesas nos restaurantes andam muito feias mesmo,.Triste visão de família que nos passam!


beijos,chica

Ivone disse...

Bom dia Beth, antigamente era assim, bem comportados os filhos e os pais exigiam muito, hoje está bem mais leve e liberal, mas um pouco de educação à mesa é bom, mesmo porque quando se vive em sociedade o bom senso precisa prevalecer!
Abraços e tenhas um lindo dia!

pensandoemfamilia disse...

Oi Beth
A imagem que cita da família estranha, hoje está sendo o que mais se vê. E o pior que a média do saudável se faz sobre os índíces de maior incidência, assim sendo, até onde chegará esta possível realidade?

Anne Lieri disse...

Oi Beth,eu acho que hoje em dia o problema é que as familias não se reunem mais nem na hora das refeições...fica cada um com seu prato num lugar diferente da casa ou juntos,mas de olho na televisão. Valores importantes que as familias deveriam resgatar! Excelente post! bjs,

Calu Barros disse...

Este é um tema inesgotável, Betinha e sempre terá de ser trazido á mesa conforme vc aqui tão bem expôs.Achar o equilíbrio entre a rigidez e a permissão é tarefa que tem sido confundida e até negligenciada"a rodo" por muitas famílias tipo esta que vc assistiu na refeição conjunta.
Regras de polidez e respeito comum tem de ser aprendidas no ambiente familiar e assim praticadas em todos os demais.
Agi e ajo no empenho e na aplicação das boas maneiras à mesa e fora dela.Meus filhos tiveram o privilégio de fazerem todas as refeições do dia em família, o que já não ocorre com meus netos, pena, mas a vida moderna impõe suas limitações,porém, não impede que a educação/formação cidadã seja praticada.
Uma bela noite e igual final de semana.
Bjos mil,
Calu

Ana Paula disse...

Beth, a diretora da escola de meus filhos, numa conversa informal, disse da dificuldade que encontra no dia a dia com as crianças. Falou de um caso em que a mãe contratou uma pessoa só para dar banho no filho pois ele não consegue...
A diretora atribui tudo isso à falta de sentar-se à mesa para as refeições.

E já que não sabemos como agir, como fazer com crianças em restaurantes, damos telas portáteis.
Excelente texto e reflexão! Beijo.

Luma Rosa disse...

Oi, Beth!
Estou com a Chica! Também acho que as crianças da atualidade não são mais inteligentes que as do passado. E olha que elas até são mais estimuladas pela tecnologia e só. Parece que os pais acham lindo aquilo que lhes faltou e incentivam as crianças ao uso, nada contra. Só acho que existe lugar e cada coisa ao seu tempo. Em casa desligamos os aparelhos quando estamos juntos, seja em casa ou socialmente.
É na mesa que demonstramos toda a nossa bagagem familiar. Não precisa seguir etiquetas, mas a postura de honrar a hora de comer - hora sagrada, como aprendi com meus pais e respeito para com quem você partilha o alimento. Se no passado, após as colheitas eram dadas as grandes festas e todos dançavam para festejar o alimento, será que a facilidade de tê-lo na despensa, o fez desprestigiado?
Tem uma ala da geração paz e amor que confundiu tudo! (rs*)
Beijus,

Maria Célia disse...

Oi Beth
Horário das refeições aqui em casa sempre foi sagrado, nunca permitimos fazer prato e comer em frente à televisão, tampouco discussão ou assuntos desagradáveis. Parece-me que nossos ensinamentos renderam frutos, e até hoje, apesar das minhas filhas estarem morando fora, quando nos reunimos, a harmonia e o prazer de fazermos as refeições em família se mostram bem claros.
O assunto do post foi muito bom, gostei demais.
Beijo.

Silvana Haddad disse...

Beth:
Refeições deviam ser o momento do encontro familiar, em paz e sossego.
Infelizmente, hoje em dia é a hora da discussão.
Isso quando a família consegue se reunir em torno da mesa, porque na maioria das vezes, cada um vai para um canto da casa.
E eu concordo com a Calu = nada disso deveria impedir que a educação/formação cidadã seja praticada.
Bom final de semana.
Bjs.:
Sil

Bia Jubiart disse...

Beth, excelente reflexão e texto!
Algumas regrinhas do seu pai ainda rolam aqui no cafofo rsrsrsrssr. Têm coisas básicas que não deveriam mudar, já vi pais comendo e os filhos na sala comendo e vendo TV, e muitas vezes as famílias nem se reúnem mais para as principais refeições. Sempre falo para o meu filho que o alimento é sagrado, devemos agradecer e valorizar o momento da refeição. Admiro muito a forma como os orientais tratam este momento, eles não usam metal (talher) p/ comer porque remete a guerra e a violência entre outras coisas...
Bella, tenha um ótimo fim de semana!
Bjos Tocantinenses...

Cantinho da Selminha disse...

Perfeitoooo seu post Beth! quanto ao que você presenciou simplesmente foram pais que não educam seus filhos e passam vergonha na rua, você está certissíma, não sou mãe, mas pelo que vejo nunca podemos perder a oportunidade de educar os filhos, não para nós, mas para a vida, e como você disse como é bom ver uma família educada! beijinhos e um lindo final de semana!

Camille disse...

Beth,
Concordo que essas regrinhas sao bem importantes. Tudo pode ser descontraido e ao mesmo tempo respeitar essas regrinhas. Que fazem parte de tb nao incomodar as outras pessoas quando estão comendo. Ensinando, nossos filhos se tornam pessoas agradáveis ao convivio com outras pessoas. Só faz bem. Para todas as epocas. Outro dia vi aqui uma boa lista de certas "etiquetas" na rua, que muitas pessoas nao tem nem noção de que existem, como ficar de um lado da escada ou escada rolante, para dar passagem as que estão com pressa e por ai vai. Não sei se consegui comentar, por que as vezes meu comentário nao fixa, e isso ja aconteceu tantas vezes que nem sei. Tomara que agora fixe. Gosto de vir aqui e ler o que voce escreve. Comentar é uma forma de participar. Enfim, espero que fixe. Bjoss

Lúcia Soares disse...

Fechou a questão na última frase, Beth. "é tão bonito ver uma família bem educada!".
Simples assim. E para os que não estão sendo educados devidamente, ou aprenderão sozinhos, adultos, pq certos cargos exigem uma elegância, ou nunca aprenderão e ficarão a ver navios!
Família é mesmo a base e é assustador pensar que às vezes são formadas sem cuidado, sem responsabilidades, sem educação.
Beijo.

Toninho disse...

As vezes penso Beth que perdemos no tempo este educar. Parece que tudo se perdeu entre o proibir e não proibir que denunciamos.Mas é bem certo que nossas ações bem contribuem para os nossos embora há aquele que nem como coro aprende.
Mas era bem assim e acho que fez de mim uma pessoa melhor e pronta para trilhar em todos os caminhos sem arranhões.
Gostei.
Um abração.
Beijo de paz.

Teredecorando disse...

Belos dias...
Lembrei aqui da minha mãe. Dependendo da situação era só ela olhar para sabermos que algo estava errado.
Sei que não é nada fácil educar, mas hoje em dia, muitos pais transferiram para a escola esse papel que é fundamental para uma boa educação.
Essas regrinhas são essenciais e servem como alicerce para que lá na frente o aprendizado tenha sido útil. Sabe, infelizmente eu nunca tive esse momento de família à mesa. Acho lindo ver famílias trocando ideias num momento tão especial. Como hoje cada um tem o seu horário ou fazem as refeições fora de casa, aproveitamos os domingos para essa troca.
Beijos mil. Saudades

Felisberto T. Nagata disse...

Olá, Boa noite,Beth
fiquei imaginando as cenas, a da sua família e da outra família...muita diferença!
sim, parto de sua afirmação - os pais ( ou à quem de direito) devem transfomar os filhos , seres respeitosos ao espaço dos outros- e já constatamos que a "educação" ultrapassa o ambiente familiar , pois ela deve ocorrer “em casa, na rua,no restaurante, na igreja ou na escola”. Além disso, sabemos que os tempos mudaram, que alguns padrões são , vamos dizer assim, ultrapassados e nem que pretendemos preservar valores ou formatos , mas, ao mesmo tempo, que -se possa recriar ou criar novos ,adaptar se , para manter inalteradas as relações sociais e os bons costumes...
Obrigado pelo carinho,bela noite, belos dias,beijos!

Nina disse...

eu acho um horror como o povo come hj em dia, principalmente qd ligam seus "benditos" celulares, ai como detesto, ninguem conversa mais à mesa!
aqui sou dura, mas nem é por ser dura nao, nós já acostumamos, e ninguem reclama, sabe? a gente janta junto, nunca em horarios diferentes, é praticamente o unico tempo de comunhao em familia que temos e nessa hora ninguem atende telefone ou vê tv.
é assim que mamae gosta ;-)

ML disse...

Super concordo, Beth, até porque os tais "modos" à mesa não são "frescura", são regras pra facilitar o convívio social, né?
Eu pouco me conformo com a "ditadura" dos Smartphones: não é possível que nem na hora da refeição a criatura se desligue do aparelhinho e dê atenção aos que estão à mesa com ele/a.
Dá vontade de estar em outro lugar, aí quem sabe a pessoa fica interessadíssima no meu "whatsapp"?
:) bjsssss