Tão simples e tão belo.

-Imagem Pinterest-

Hoje estive num lugar singelo, simples, mas muito lindo. Era uma pequena vila de casas, espremida entre prédios, subsistindo persistentemente ao desenfreado processo de verticalização que ocorre nas cidades. Nesta simplória vila, as casas eram pintadas de cores variadas, vasos com bouganvilles coloridos enfeitavam do lado de fora e subiam pelas paredes e grades das janelas, outros pequenos vasos com plantas variadas, folhagens e florzinhas que atraiam passarinhos na tarde morna deste dezembro de quase verão no bairro de Botafogo. Uma paz enorme lá dentro em plena rua movimentada.

Mais uma vez retorno ao tema do "cuidado" para com o outro e para o meio ambiente, pois é a partir da ênfase no emocional que o cuidado deve ser priorizado.  É com este sentimento que surge  a cooperação, a integração e os resultados de solidariedade que nos diz o professor Leonardo Boff  nos princípios do seu livro Saber Cuidar, e no qual  me baseei quando fiz este blog, dando-lhe o nome de Mãe Gaia, em homenagem ao nosso planeta azul, a Terra. Cuidar, como ele explica, é o sentimento que faz o homem amar tudo em sua vida.

Não entrei naquela vila, apenas fiquei parada em frente ao enorme portão de ferro por um minuto, admirando o cuidado daqueles moradores que, notoriamente, demonstravam ali seu amor pelo lugar em que vivem. Aquilo chamou-me a atenção e remeteu-me aos tempos da gentileza e dos dias compridos de minha infância, quando moramos por muitos anos numa vila parecida com esta no bairro do Méier, zona norte do Rio. Tudo era tão simples, bem cuidado e lindo.

E para encerrar, deixo a mensagem de Boff trazida pela fábula do mito em seu livro acima citado:

Certo dia, ao atravessar um rio, Cuidado viu um pedaço de barro. Logo teve uma idéia inspirada. Tomou um pouco de barro e começou a dar-lhe forma. Enquanto contemplava o que havia feito, apareceu Júpiter.

Cuidado pediu-lhe que soprasse espírito nele. O que Júpiter fez de bom grado.

Quando, porém Cuidado quis dar um nome à criatura que havia moldado, Júpiter o proibiu. Exigiu que fosse imposto o seu nome.

Enquanto Júpiter e o Cuidado discutiam, surgiu, de repente, a Terra. Quis também ela conferir o seu nome à criatura, pois fora feita de barro, material do corpo da terra. Originou-se então uma discussão generalizada.

De comum acordo pediram a Saturno que funcionasse como árbitro. Este tomou a seguinte decisão que pareceu justa:

"Você, Júpiter, deu-lhe o espírito; receberá, pois, de volta este espírito por ocasião da morte dessa criatura. Você, Terra, deu-lhe o corpo; receberá, portanto, também de volta o seu corpo quando essa criatura morrer. Mas como você, Cuidado, foi quem, por primeiro, moldou a criatura, ficará sob seus cuidados enquanto ela viver. E uma vez que, entre vocês há acalorada discussão acerca do nome, decido eu: esta criatura será chamada Homem, isto é, feita de húmus, que significa terra fértil".

Obs.:  A imagem é de uma vila em qualquer lugar do Brasil, não estava com minha máquina e por isso não

          pude registrar o local, mas era mais ou menos desse jeitinho tudo.

"O mundo está cheio de coisas mágicas, pacientemente esperando que nossa percepção fique mais aguçada." 

{Bertrand Russel}