Antes do nome
Não me importa a palavra, esta corriqueira.
Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe,
os sítios escuros onde nasce o "de", o "aliás",
o "o", o "porém" e o "que", esta incompreensível
muleta que me apóia.
Quem entender a linguagem entende Deus
cujo Filho é Verbo. Morre quem entender.
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,
foi inventada para ser calada.
Em momentos de graça, infrequentíssimos,
se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.
Puro susto e terror.
Adélia Prado
(1935)
Não me importa a palavra, esta corriqueira.
Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe,
os sítios escuros onde nasce o "de", o "aliás",
o "o", o "porém" e o "que", esta incompreensível
muleta que me apóia.
Quem entender a linguagem entende Deus
cujo Filho é Verbo. Morre quem entender.
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,
foi inventada para ser calada.
Em momentos de graça, infrequentíssimos,
se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.
Puro susto e terror.
Adélia Prado
(1935)
13 comentários:
Beth:
Adélia Prado conseguiu expressar o poder da palavra.
Há quem consiga transmitir doces palavras e alegrar nosso coração.
Todavia, existem outros que deveriam manter a boca fechada.
Já diz o velho e bom ditado, que o silêncio vale ouro.
Sou da opinião que se não tenho nada de bom a acrescentar, melhor calar.
Que bom você ter gostado da dica sobre as assinaturas.
E melhor ainda, ter consigo fazer a sua.
Bjs.:
Sil
Ei Beth
O silêncio muitas vezes vale ouro, palavras mal interpretadas ou ditas num momento ruim, fora de hora, machucam muito.
Beijo.
Beth, sem palavras...
Ando meio caladinha, meditativa...
Em boca fechada não entra mosquito...
Beijo.
Beth,
E eu aqui fazendo minhas conexões: o poder da palavra e o Verbo. Tudo está no seu lugar. Grande Adelia Prado, perspicácia e inteligência. Mais conexões! Bjs amiga.
Oi, Beth!
O problema de ficar em silêncio, é que as palavras fazem muito barulho na cabeça de quem não fala muito!
:)
Beijus,
Amo Adélio Prado, grato pela partilha, este eu não conhecia.
Beijo amiga!
Will
A palavra, este bordado da linguagem, registro do Ser que se fez Verbo,pronúncia precisa, pois mesmo calada ainda assim é expressa.
Adélia sabe preencher este bordado como ninguém.
Lindeza pura!
Um abraço carinhoso pra vcs aí, Betinha.
Calu
Beth:
Vim te avisar que tem surpresinha pra você, lá no meu blog.
Passa pra pegar, ok.
Bjs.:
Sil
http://meusdevaneiosescritos.blogspot.com.br/2013/12/ho-ho-ho-aqui-tem-surpresa.html
Exaro, Beth: como dizia minha bisa, "a palavra é de prata, o silêncio é de ouro" : > )
bjnhsssssssssssssssssssssssssss
Adoro Adélia e essa poesia é linda!E esse silêncio se faz necessário!!!beijos,chica
Beth
Quantas palavras benditas nessa poesia ! é de calar mesmo!
De Adélia Prado , recordo numa entrevista que ela deu, sobre o morrer, pois ela dizia lamentar perder a cor do céu do cerrado! Nunca esqueci!
bjs Zizi
Oi, Alfazema!
Esta questão, por vezes dicotômica, entre o que pensamos e o que expressamos oralmente (por necessidade, por fingimento, por respeito, por dissimulação) é sempre um incógnita.
Muitas pistas nos caem através de gestos, olhares, entre-linhas... contudo o pensamento limpo, real, é personalíssimo e intransferível!
Bela manhã procê.
Saber como usar e fazer delas nossa expressão maxima.
Bela partilha amiga sempre bem garimpada.
Carinhoso abraço amiga.
Bjo.
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