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terça-feira, 24 de março de 2009

Não deixe de olhar pela janelinha da vida

(foto Google imagens)



Recebi este lindo texto da amiga Sylvia Regina e repasso a vocês para refletirem sobre este aspecto.



SENTAR-SE À JANELA DO AVIÃO
Alexandre Garcia



Era criança quando, pela primeira vez, entrei em um avião.
A ansiedade de voar era enorme.

Eu queria me sentar ao lado da janela de qualquer jeito, acompanhar o
vôo desde o primeiro momento e sentir o avião correndo na pista cada
vez mais rápido até a decolagem.

Ao olhar pela janela via, sem palavras, o avião rompendo as nuvens,
chegando ao céu azul.
Tudo era novidade e fantasia..

Cresci, me formei, e comecei a trabalhar. No meu trabalho, desde o
início, voar era uma necessidade constante.

As reuniões em outras cidades e a correria me obrigavam, às vezes, a
estar em dois lugares num mesmo dia.

No início pedia sempre poltronas ao lado da janela, e, ainda com olhos
de menino, fitava as nuvens, curtia a viagem, e nem me incomodava de
esperar um pouco mais para sair do avião, pegar a bagagem, coisa e
tal.

O tempo foi passando, a correria aumentando, e já não fazia questão de
me sentar à janela, nem mesmo de ver as nuvens, o sol, as cidades
abaixo, o mar ou qualquer paisagem que fosse.

Perdi o encanto. Pensava somente em chegar e sair, me acomodar rápido
e sair rápido.

As poltronas do corredor agora eram exigência . Mais fáceis para sair
sem ter que esperar ninguém, sempre e sempre preocupado com a hora,
com o compromisso, com tudo, menos com a viagem, com a paisagem,
comigo mesmo.

Por um desses maravilhosos 'acasos' do destino, estava eu louco para
voltar de São Paulo numa tarde chuvosa, precisando chegar em Curitiba
o mais rápido possível..

O vôo estava lotado e o único lugar disponível era uma janela, na
última poltrona.
Sem pensar concordei de imediato, peguei meu bilhete e fui para o embarque.

Embarquei no avião, me acomodei na poltrona indicada: a janela.
Janela que há muito eu não via, ou melhor, pela qual já não me
preocupava em olhar.

E, num rompante, assim que o avião decolou, lembrei-me da primeira vez
que voara.
Senti novamente e estranhamente aquela ansiedade, aquele frio na barriga.
Olhava o avião rompendo as nuvens escuras até que, tendo passado pela
chuva, apareceu o céu.

Era de um azul tão lindo como jamais tinha visto. E também o sol, que
brilhava como se tivesse acabado de nascer.

Naquele instante, em que voltei a ser criança, percebi que estava
deixando de viver um pouco a cada viagem em que desprezava aquela
vista..

Pensei comigo mesmo: será que em relação às outras coisas da minha
vida eu também não havia deixado de me sentar à janela, como, por
exemplo, olhar pela janela das minhas amizades, do meu casamento, do
meu trabalho e convívio pessoal?

Creio que aos poucos, e mesmo sem perceber, deixamos de olhar pela
janela da nossa vida.

A vida também é uma viagem e se não nos sentarmos à janela, perdemos o
que há de melhor: as paisagens, que são nossos amores, alegrias,
tristezas, enfim, tudo o que nos mantém vivos.

Se viajarmos somente na poltrona do corredor, com pressa de chegar,
sabe-se lá aonde, perderemos a oportunidade de apreciar as belezas que
a viagem nos oferece.

Se você também está num ritmo acelerado, pedindo sempre poltronas do
corredor, para embarcar e desembarcar rápido e 'ganhar tempo', pare um
pouco e reflita sobre aonde você quer chegar.
A aeronave da nossa existência voa célere e a duração da viagem não é
anunciada pelo comandante.
Não sabemos quanto tempo ainda nos resta.
Por essa razão, vale a pena sentar próximo da janela para não perder
nenhum detalhe.
Afinal, 'a vida, a felicidade e a paz são caminhos e não destinos'.

12 comentários:

Mila Olive disse...

Eu simplesmente amo olhar pelas janelas!!! Lindo o texto... me lembrei também da primeira vez que andei de avião e me senti exatamente assim. É mágico!! Desde criança eu sempre gostei mais dos lugares nas janelas e acho que esse costume me possibilitou a contemplar toda a vida pelas "janelas" também...
Precisamos definitivamente fazer as coisas no nosso ritimo e o corpo dá todos os sinais quando aceleramos. Não é difícil identificar, basta fechar os olhos pra sentir.

beijossss

ML disse...

Olhar pela janela é o máximo, não me canso nunca.
Mas...mas, acabo preferindo o corredor para evitar aquela gente "espaçosa" que pensa que pode ocupar 1 banco e meio.

bjnhs

Beth/Lilás disse...

ML
A janelinha do avião foi o pretexto que ele achou para citar outras janelas, mesmo porque até concordo contigo que as do meio são mais funcionais.
bjs
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Mila
Temos muito em comum, não é SP?
bjs
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Anny disse...

Beth:
Pois é. Janelas. Não importa quais. Amo janelas e portas. Da minha janela por exemplo tiro todas as fotos do mar. Minha janela fica para o nascente.
Adorei o texto. Aliás as suas postagens tem sempre uma janela para mim.
Obrigada pelo convite para vir até aqui. Valeu mesmo.
Aliás, o nome lilás é por ela ser a sua cor preferida? Se for, responda lá no blog, por favor.
Beijos.
Anny.

Anônimo disse...

Ola Beth!
Vim agradecer a tua visita e te conhecer e me deparo com este texto amravlhoso que me fez pensar muito na minha vida.
Um abraço,

Meire

Luciana disse...

Adorei o texto, Beth, ainda não conhecia.
Beijo

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Conheco o texto, é lindissimo.

Espero nao perder o encanto da janela da vida nunca.

Bjus

Anônimo disse...

Amei a poesia. Conseguiu descrever a sensação que a maioria sente quando anda pela primeira vez.
Melhor ainda é a reflexão sobre a vida...
Escravos do tempo- frase jocosa eu sei, mas foi isso que nos tornamos.

Bjos
Lu

Sonia H. disse...

Ótimo texto.
Verdadeiro. Eu amo janelas e mesmo com a vida atribulada que tenho, eu sempre tento olhar e apreciar o que eu posso através delas.
Infelizmente, querida Beth, nem sempre dá para seguir a risca, mas eu faço sempre o meu possível.
Beijos,

Daniel Lucas disse...

Oi mãe que texto bacana!
Reflete meu ponto de vista sobre a vida perfeitamente. É assim que eu penso... e sempre procuro "sentar na janela" pra poder aproveitar cada instante da minha vida.
Bjo
to com saudades

Beth/Lilás disse...

Daniel querido,
Eu sei o quanto vc adora janelinhas e olhar o mundo, por isso eu e teu pai o deixamos livre para voar e aprender as coisas através das experiências sentidas e vividas.
Te amo!
bjs
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Mila Olive disse...

Sim.. foi quando fui a SP! Foi lindo ver o dia nascendo e ver o sol tão absoluto iluminando o tapete de nuvens de algodão. Não tenho medo de voar...
Ainda me lembro também da minha primeira aventura saltando de parapente em MG. Contemplar um tapete verde lá do alto, os casarões das fazendas que pareciam brinquedinhos de criança de tão pequenos e pousar próxima a uma floresta densa e virgem. Foi inexplicável... é um ritual muito bonito. Nunca voei de parapente pela cidade, acho que ficaria nervosa... rs. Mas qualquer hora vou me permitir experimentar isso também.

De coisas mais simples mas não menos importantes, já meditei numa cachoeira. Numa das poucas pedras que tinha um pequeno espaço seco. Sentei, fechei os olhos e ouvi a natureza. É fantastico!
Vou postar umas fotos no meu blog destes dois momentos que aconteceram em 2003.

Beijocas