.....................................................................................................................................................................Porque não só vives no mundo, mas o mundo vive em ti. .....................................................................................................

terça-feira, 14 de julho de 2015

Sem medo do futuro, abrindo a mente para coisas novas.


-Pinterest-

Ainda seguindo o tema do post anterior, refletindo sobre conceito de progresso e estilo de vida que desejamos ou que estamos sendo empurrados para aceitação ou não, percebemos claramente que o futuro já bate às nossas portas e está apressado. Então, o negócio é começar a evoluir nossos pensamentos, alargando a mente, quebrando e construindo paradigmas e até certos dogmas, e seguindo em frente, afinal o avanço da tecnologia é inexorável e não vai parar neste ou nos próximos séculos, pois, quase sempre, ela, a tecnologia, pode nos beneficiar de alguma forma.

O fantástico texto abaixo, do arquiteto e urbanista Washington Fajardo em O Globo de sábado passado, expressa toda esta questão e reflexão aos novos tempos.



A cidade da informação

A Uber, maior empresa de táxi executivo do mundo, não possui nenhum carro. A Airbnb, maior empresa de hotelaria do mundo, não é dona de nenhum quarto. É possível ler variações dessa afirmação nas redes sociais, que retrata o espanto com o crescimento exponencial de novas formas de comércio e de interação entre pessoas. Orkut era apenas um dinossauro mal- acabado em comparação com as novas possibilidades que surgem.
As novas espécies mutantes têm causado muito incômodo onde desenvolvem-se. Redes hoteleiras "tradicionais” reclamam, cidades tentam taxar os "quartos compartilhados”. Qual a função do zoneamento urbano quando qualquer apartamento pode ser alugado por temporada? Motoristas de táxi manifestam-se em Paris e São Paulo. As reações trazem à tona um certo tipo de novo ludismo, movimento de trabalhadores, originado na Inglaterra, no início do século XIX, liderados por Ned Ludd, que preconizava a destruição de máquinas de tear, tentando frear o avanço da mecanização.
Bem, perderam os ludistas. O avanço tecnológico é inexorável. Destrói realidades mas cria outras. Há entretanto um grande desafio para legisladores, uma vez que é necessário regular essas novas formas econômicas.
Mas nada conseguirá interromper os processos intensos e eficientes de trocas e utilização de recursos escassos, que a tecnologia associada ao território urbano vêm permitindo há muito tempo na história. Os adventos tecnológicos retroalimentam a geração concomitante de superávit privado e bem público. Um não pode existir sem o outro nas cidades, e é do equilíbrio dinâmico entre essas forcas econômicas que valores essenciais são estabelecidos: liberdade e confiança. Cidades precisam oferecer liberdade e confiança para que possamos ter felicidade.
O recente anúncio de criação de uma nova empresa pela Google aponta para cenários futuros interessantes. A Sidewalk Labs (que nome feliz! — "Calçada Labs”) será uma empresa de soluções e planejamento urbano na era da informação. Rapidamente, anunciou a aquisição e fusão de outras empresas para começar a oferecer internet ultra rápida gratuita em cidades.
Se causam tanta aflição as inovações que surgem, com compartilhamento de bens e serviços, o que acontecerá quando estivermos todos conectados o tempo todo, a tudo e a todos, e às cidades e seus dados? A informação avança rapidamente para consolidar-se como uma nova infraestrutura urbana, tal como água, esgoto ou eletricidade, e quando essa camada sedimentar-se, a ponto de ficar amalgamada ao território urbano, teremos múltiplas e vastas possibilidades de criação de riquezas privadas e públicas.
Ao longo da história das cidades, aprendemos a manipular e organizar recursos naturais com eficiência. Organizamos a terra, a construção, os recursos hídricos. Distribuímos água e eliminamos os dejetos. E isso é, até hoje, medida basal de dignidade, para vergonha de muitas cidades brasileiras e dos nossos políticos. Um dia, entre o final do século XIX e o XX, conseguimos implementar a eletricidade. Distribuí-la, entretanto, foi outro desafio, só vencido através da concessão do serviço de distribuição a empresas que construíssem a infraestrutura necessária, de modo que os benefícios da iluminação cobrissem não apenas o território urbano existente mas que também possibilitasse sua expansão, e a melhor distribuição do bem público. O Brasil foi um dos primeiros países a adotar a iluminação pública gerada por eletricidade, tamanha era nossa confiança na ideia de metrópole e de cultura urbana no final do século XIX.
Conseguiríamos na atual conjuntura brasileira apoiar adventos tecnológicos, convertendo-nos em senhores do processo em vez de vítimas? Criadores em vez de criaturas? Não parece ser possível, com direita popular e esquerda reacionária. Público e privado devem ser fortes na cidade. Mas a tecnologia virá.
A cidade da informação, ao conjugar acesso e dados, poderá resolver aspectos que são hoje esfinge. Transporte público na nuvem: carros menores, elétricos, públicos, sem motoristas, serão um serviço, e cuidarão, randomicamente, de transportar pessoas de modo mais eficiente que grandes sistemas troncas e racionais. Net-cartórios: seu gadget conterá sua biometria e será a confirmação de que você é você, atestando atos e documentos. Mapas totais: saberemos, rua a rua, casa a casa, dados fundiários, dados de engenharia, como um prontuário absoluto de todos os edifícios. E muito mais.
Sim, será estranho e assustador, como foi um dia ouvir um fonograma, ou assistir a uma sessão de cinema, fugindo desesperado do trem, na tela, parecendo vir para cima de nós. A informação quer ser livre, e virá pra cima de nós e de nossos medos.

Washington Fajardo é arquiteto e urbanista








11 comentários:

CamomilaRosaeAlecrim disse...

Olá Beth!
Alguns conceitos novos acredito que facilitam nossa vida e outros somos empurrados mesmo para eles, mas temos que aceitar e ter o discernimento para entender até onde a modernidade é necessária em nossas vidas!
Beijos!
CamomilaRosa

chica disse...

Incrível pensar num mundo assim como esse,não? Gostei muito do texto,Beth!

E lembrei de um texto muito legal que te mandarei por email o link! beijos,tudo de bom,chica

Maria Célia disse...

Querida Beth
Muitíssimo obrigada por suas palavras gentis e carinhosas deixadas lá no bloguinho, me deixaram muito feliz.
Com relação ao texto o avanço tecnológico e tantas modernices que nos deparamos diariamente, às vezes nos deixam assustados e temerosos com relação ao futuro da humanidade, mas olhando por outro ângulo,encontramos tantas coisas boas, úteis e que nos fazem tão bem, cabe a nós separarmos o joio do trigo.
Beijos mineiros.

Toninho disse...

Pois é Beth, lembro que Gilberto Gil já falava desta coisa em Cérebro Eletrônico, lembra?
Pois é estamos de frente para o que ele via.
Tenho acompanhado esta revolta contra a informação e facilidades, as vezes chega ser cômico.O que vem para facilitar desagrada uma gama.
Muito bom o texto da partilha. Voce sempre antenada.
Que a semana esteja a fluir belamente com alegria e paz.
Carinhoso abraço mineiro de flor.
Bju

Pitanga Doce disse...

Esse texto sobre modernidades e avanços para nos ajudar a viver melhor (ou não) vem de encontro à estreia da novela das seis da Rede Globo. Eu que não sou (mas não sou meeeesmo) noveleira, corro para casa para ver. Lindo tudo aquilo, não? Lúdico o escrever e ler à luz de velas, mas quantos sacrifícios! E se alguém tivesse parado o progresso e junto com ele todo o deslumbramento e susto do trem que entrava pela tela do cinema? É claro que em algumas coisas perdemos o sentido de saborear momentos porque a vida passou a correr, em vez de andar, mas poder escolher entre a vela e a lâmpada é muito bom. E poder escrever aqui e deixar que muitas outras pessoas leiam, também é.

beijos pitangueiros, Betinha.

Ana Paula disse...

Teremos ainda um árduo caminho das pedras para poder deixar que toda essa tecnologia melhore nosso dia a dia simplesmente porque muitos não querem deixar de lucrar tanto.
A história dos táxis em São Paulo é um exemplo. Há um monopólio e o pior, que ninguém quer falar, ninguém quer por o dedo nessa ferida, é que as frotas pertencem a poucos e os funcionários, os taxistas têm metas a cumprir, extrapolam horas de trabalho num trânsito caótico e poluído. Por que não simplificar se há espaço para todos?
Adorei a reflexão por aqui! Beijo!

Beatriz disse...

Oi Beth! Muito bem colocado este texto!
Tudo que é novidade tecnológica acaba assustando as pessoas de modo geral. A versão para hotéis, o AirBnb,faz o maior sucesso! Mas sou totalmente a favor no sentido de melhorar a mobilidade urbana para todos nós! Eu ando muito a pé pela cidade ou uso transporte público, deixando o carro para ocasiões especiais ou fim de semana, para não piorar o trânsito e a poluição. E olha que eu ADORO dirigir! Mas o Uber é uma ótima opção em dias que você tem pressa e o transporte público não anda tão bem assim. E por acaso hotéis fecharam por causa do AirBnb? Claro que não. Então, é tudo uma questão de tempo....

Beijinhos mil Beth!!!

Bia <°)))<

Anete disse...

Beth, muito bom o texto!
Um abraço e obrigada pela visita por lá...

Abraços

Silvana Haddad disse...

Beth:
O desconhecido sempre causa medo e espanto.
E com a evolução tecnológica, não poderia ser diferente.
A questão é saber utilizar todo esse avanço com equilíbrio e para o bem coletivo.
Bjs.:
Sil

Jô Turquezza disse...

Que bom que estava aí para ver o progresso (bom), que nos permita viver melhor. Ótimo seu texto.
E vamos que vamos .........
joturquezzamundial

Excluí meu FACE de 400 pessoas (não dava conta de ler e curtir todos rsrs)
Abri outro (com 42 pessoas) só para quem não tem blog e para conhecidos daqui de perto.
Estou mais atenta aos Blogs queridos.
Beijos.

ana diniz disse...

belíssimo texto Beth