.....................................................................................................................................................................Porque não só vives no mundo, mas o mundo vive em ti. .....................................................................................................

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O direito ao delírio (Galeano)

"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar."

(Eduardo Hughes Galeano-escritor uruguaio)

Conversando hoje com uma amiga por telefone, tecemos nossas expectativas para que um dia possamos ver a Educação se estabelecer definitivamente como mola mestra e propulsora em nossa sociedade.
Utopia?  Será!?  Afinal, o país cresce rapidamente em tantos setores, tais como: serviços, informática, indústria, mercado de entretenimento e o consumo, principalmente, de uma maneira geral.  Com isso assistimos também à inclusão social que fortemente vem combatendo a exclusão de tantos e por tanto tempo neste país.
Mas, e a Educação, onde ela está?  O que fizeram por ela nossos governantes? Como estes recém incluídos podem lidar no meio dos que tiveram a sorte de a terem desde sempre?
Chegamos à conclusão de que Educação para todos só será concretizada, se assim nossos governantes a executarem, mas só colheremos os frutos daqui há 50 anos, no mínimo.

Recebo, então, de outra amiga, este texto abaixo, e quando penso que tudo não vai passar de Utopia, este maravilhoso escritor, Galeano, mostra que não devemos desistir de caminhar.  E mesmo que eu não veja isso concretizado enquanto estiver viva, mas tenho e devo caminhar em prol dos que virão.


O direito ao delírio

"Mesmo que não possamos adivinhar o tempo que virá, temos ao menos o direito de imaginar o que queremos que seja.
As Nações Unidas tem proclamado extensas listas de Direitos Humanos, mas a imensa maioria da humanidade não tem mais que os direitos de: ver, ouvir, calar.
Que tal começarmos a exercer o jamais proclamado direito de sonhar?
Que tal se delirarmos por um momentinho?
Ao fim do milênio vamos fixar os olhos mais para lá da infâmia para adivinhar outro mundo possível.
O ar vai estar limpo de todo veneno que não venha dos medos humanos e das paixões humanas.
As pessoas não serão dirigidas pelo automóvel, nem serão programadas pelo computador, nem serão compradas pelo supermercado, nem serão assistidas pela televisão.
A televisão deixará de ser o membro mais importante da família.
As pessoas trabalharão para viver em lugar de viver para trabalhar.
Se incorporará aos Códigos Penais o delito de estupidez que cometem os que vivem por ter ou ganhar ao invés de viver por viver somente, como canta o pássaro sem saber que canta e como brinca a criança sem saber que brinca.
Em nenhum país serão presos os rapazes que se neguem a cumprir serviço militar, mas sim os que queiram cumprir.
Os economistas não chamarão de nível de vida o nível de consumo, nem chamarão qualidade de vida à quantidade de coisas.
Os cozinheiros não pensarão que as lagostas gostam de ser fervidas vivas.
Os historiadores não acreditarão que os países adoram ser invadidos.
O mundo já não estará em guerra contra os pobres, mas sim contra a pobreza.
E a indústria militar não terá outro remédio senão declarar-se quebrada.
A comida não será uma mercadoria nem a comunicação um negócio, porque a comida e a comunicação são direitos humanos.
Ninguém morrerá de fome, porque ninguém morrerá de indigestão.
As crianças de rua não serão tratadas como se fossem lixo, porque não haverá crianças de rua.
As crianças ricas não serão tratadas como se fossem dinheiro, porque não haverá crianças ricas.
A educação não será um privilégio de quem possa pagá-la e a polícia não será a maldição de quem não possa comprá-la.
A justiça e a liberdade, irmãs siamesas, condenadas a viver separadas, voltarão a juntar-se, voltarão a juntar-se bem de perto, costas com costas.
Na Argentina, as loucas da Praça de Maio serão um exemplo de saúde mental, porque elas se negaram a esquecer nos tempos de amnésia obrigatória.
A perfeição seguirá sendo o privilégio tedioso dos deuses, mas neste mundo, neste mundo avacalhado e maldito, cada noite será vivida como se fosse a última e cada dia como se fosse o primeiro." 




22 comentários:

Unknown disse...

É caminhando que se faz o caminho minha querida.Quanta saudades.

Beijo.

chica disse...

Utopia mesmo. Nós ,certamente não veremos.Olho para meus netos e penso que talvez os seus filhos possam vislumbrar coisas melhores por aqui. SERÁ?

Vamos torcer e gritar desde agora!!beijos,chica

Tati Cavazim disse...

Querida adoro, adoro as reflexões que seus textos sempre me propoem. Nem sem consigo publicar o post, mas sempre estou por aqui.
obrigado pela sua companhia sempre.

Maria Luiza disse...

Utopia sim, por ora e nem sei quanto ainda. Desconfio que nem minha neta verá a Educação ser prioridade! Mas, caminhemos, sim, caminhemos! Um grande e forte abraço, Beth!

Priscila Ferreira disse...

Então vamos continuar caminhando em prol do futuro! ;)
Beijos

Calu Barros disse...

Trazer aos olhos e ao coração a certeza de que sonhar é necessário e acreditar nos sonhos é possível.Caminhemos, então minha amiga, em direção á perseverança dos que querem prioridades básicas realizadas para todos e para sempre;e que o texto acima seja a nossa carta-constituinte.
A Educação plena e cidadã chegará.
Bjkas entusiasmadas,
Calu

Misturação - Ana Karla disse...

E eu, ainda espero ver, que tudo isso vire realidade.

Beth um xero pernambucano pra essa carioca arretada!

Maria Célia disse...

Oi Bety
Realmente uma baita utopia, é com isto que sonhamos sempre.
Mas nunca vai acontecer, diferenças sempre vão existir, perfeição não é deste mundo.
Quem nos dera poder reverter isto.
Beijo.

Regina Rozenbaum disse...

Delírio? Para ser delírio a convicção dever ser sempre inabalável... então fico por aqui alucinando (percepções sem um estímulo externo) por dias melhores. Desculpe Bethita, mas ando tããão desesperançada...e em ano de eleições então, nem me fala!
Beijuuss, amaaada, n.a.

Teredecorando disse...

Olá Beth,
Não devemos, NUNCA, perder as esperanças de um mundo melhor. Em que a educação seja o primeiro item a ser pensado, pois só assim ocorrerá uma enorme transformação.
Interessante e um caso a pensar é ver que os candidatos para políticos falam de diversos itens, mas o da educação fica sempre esquecido.
Bons fluidos.
Adorei ouvir sua voz por aqui.

Lúcia Soares disse...

Não se pode desistir, nunca. Não creio que demore muito, essa nova geração de "indigos" veio para melhorar tudo. Se pensar que pior não pode ficar, chegamos ao fim do poço.
Temos sempre que dar um passo para o que queremos. Um dia chegamos "lá".
Beijo!
(mudou de novo, está lindo (layout) também. Inquietações...rsrs).

ML disse...

Beth: esse foi mais um dos seus maravilhosos posts que muito me emocionou.

(Quando...) "Os cozinheiros não pensarão que as lagostas gostam de ser fervidas vivas" (acho eu que todo o resto estará, se não resolvido, ao menos, bem encaminhado).

Pena que estamos - acho eu, otimismo aqui passou longe... - so far away.

bjnhs,

PS: obrigada pelo vídeo de como separar a gema da clara. Mandei lá.

Luma Rosa disse...

Não acho utopia as coisas acontecerem. O que acho utopia, são as pessoas se unirem pelo bem de todos. Socialmente os brasileiros não possuem o pensamento comunitário. Ainda em países considerados avançados nesse sentido, presenciamos colapsos. A educação é problema mundial e no Brasil está bem pior. Bom restinho de semana!! Beijus,

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Beth, tenho viajado um pouco pelos países à fora e tenho visto que nao é só no Brasil que a educacao tem as suas dificuldades. O problema é que nao acreditamos mais. Perdeu-se a Esperanca para tudo neste país.

O novo fundo do blog tá muito bonito. Combina bem com a foto do bule com flores cor de rosa.

Um lindo final de semana

Bjao

pensandoemfamilia disse...

Infelizmente, penso como a Chica. Tenho as minhas interrogações.
bjs

Cristina Pavani disse...

Oi Beth!
Cá em meu "depósito de crianças", vou seguindo feliz com os miudos...certa de que faço o meu melhor, contribuindo (com minha parte) para o futuro deles.
Mais que uma utopia, esta filosofia quase vedântica me mantém otimista para cuidar dos alunos regulares, e esbrangendo também aos meus (3)incluidos!

Camille disse...

Texto lindo mesmo.Ao inves de cair na desesperança,brinca com o verboe faz do delirio uma realidade possivel, ainda que hoje num patamar de delirio mesmo. O Brasil sepultou Paulo Freire e colocou uma pedra em cima. Poderiam todos que trabaltaram com ele, continuar o trabalho parado desde a ditadura militar.Alfabetizar o Brasil em 2 anos e dai pra frente,, nao mais parar. Isso interessa aos desgovernantes? Claro que nao.Povo sem instrução é povo submisso.
Beijos Beth, feliz de vir aqui e deixar um comentario.Tenho andado tao abduzida com estudos que nem isso faço mais e faz tempo.
Boa noite!

Vivian disse...

Olá,Beth/Lilás!

Se é utopia,nem me importo,acredito numa educação melhor.Não será pra ontem(como deveria),mas vamos construí-la!!Tem que haver um tempo melhor.Com educação de qualidade.Sendo reconhecida como formadora de um país!
Beijos!

William Garibaldi disse...

Beth Lilás! Maravilha!

Não gostava muito do termo s  pois acreditava, até ler agora, esta frase aqui em teu Blog ( em cor apaixonante agora! ) que ela era mais uma convenção para confundir a humanidade ocidental... Mas gostei de mudar! E então que ela sirva para que caminhemos!

Acredito no Novo Mito, para mim é um Mito Planetário, Ultra e alem Universal, e ele está surgindo... é o SONHO como no texto Belíssimo que escutei em tua voz! Isto é o Amanhecer de um Novo Pensamento. Sinto-o e Amo-o! Está surgindo e ninguém deterá o Poder desta Primavera!

( Sobre seu comentário no VF, eu agradeço, e digo que encontrei o motivo, realmente é o Face, todo mundo quer ler "torpedinhos" ... "rapidinhas" num mundo apressado, para saber logo tudo!... Acaba que um dia explode todas as Ideias! rsss Uma certa professora bocuda, me dizia sempre: william sai do Facebook e vai escrever no seu Blog! Para de gastar tempo com criancices! rsrsss Você sabe quem é né?! rsrs)

E que vivamos cada dia como se fosse o primeiro! E que as Loucas da Praça de Maio ( Amo-as ) ganhem adeptas em cada praça do planeta, que sonhemos juntos! Que a industria de armas quebre hoje!...

Empolguei-me! Levo comigo o texto e vc sempre no coração.
Grato por me permitir compartilhar por aqui :) !

William

António Je. Batalha disse...

Olá , passei pela net encontrei o seu blog e o achei muito bom, li algumas coisas folhe-ei algumas postagens, gostei do que li e desde já quero dar-lhe os parabéns, e espero que continue se esforçando para sempre fazer o seu melhor, quando encontro bons blogs sempre fico mais um pouco meu nome é: António Batalha. Como sou um homem de Deus deixo-lhe a minha bênção. E que haja muita felicidade e saude em sua vida e em toda a sua casa.
PS. Se desejar seguir o meu blog,Peregrino E Servo, fique á vontade, eu vou retribuir.

Palavras Vagabundas disse...

Beth,
o direito de sonhar e o direito do delírio da utopia, devia fazer parte dos Direitos Humanos. Grande Galeano! Obrigado por nos lembrar disso!
bjs e nom fim de semana
Jussara

Márcia Cobar disse...

Fantástico. Fantástico o direito ao delírio.
Às vezes eu olho para a cidade que moro no Brasil e me pergunto se algum dia ela chegará perto das cidades que visito em países desenvolvidos. Se os canteiros de flores terão as flores que lá foram plantadas, mas pelo povo foram arrancadas. Me pergunto se as pessoas vão deixar de jogar lixo na rua, ó céus, isso é tão elementar... manter uma cidade limpa é tão elementar...
Acredito que todos os meus "delírios" passam pelo crivo da educação Betinha. Educação, cultura, amor ao patrimônio público. Uma vez você postou no blog uma entrevista muito interessante na qual um historiador explicava porque o brasileiro não tem amor pelo patrimonio público. Nunca me esqueci da explicação.
Acho que a educação é um ingrediente muito poderoso e nós, como nação, precisamos nos apoderar dele.
Bjim,
Márcia