.....................................................................................................................................................................Porque não só vives no mundo, mas o mundo vive em ti. .....................................................................................................

sábado, 30 de abril de 2011

Lugar de homem é na cozinha

 (Corbis)

Já reparei que neste novo século, a presença masculina na cozinha é bem diferente do tempo do meu pai, porque já não chegam só para a hora do almoço ou jantar e sim para 'botar a mão na massa', literalmente falando.

Sinceramente, acho isso ótimo! Não só porque nos tiram um pouco dessa rotina, como também fica um charme ver o sexo chamado 'forte' mexendo as colheres de pau, amassando um alhozinho e picando cebolas. Não é o caso do meu marido, pois não sabe nem fritar um ovo.

Entretanto os que sabem e gostam, são até bem mais exigentes do que nós, pois querem sempre as melhores marcas, tanto das comidas quanto dos acessórios, apetrechos para tudo, até pinça para tirar um tomate fervendo, enquanto nós, simples mulheres, usamos o garfo mesmo. São assim, um tanto quanto detalhistas neste sentido, mas fazem muito bem feito e dão um sabor mais acentuado, robusto e apetitoso à comida.
Talvez seja psicológico, mas a verdade é que acabamos por achar que as comidas ficam mais saborosas e diferentes das nossas. Eles gostam de se mostrar um pouco, querem sempre fazer coisas de um jeito mais complicado. O pior é quando deixam a louça para a gente! E é prato sujo que não acaba mais!

Aqui em casa, vez em quando, o filhão gosta de mostrar seus dotes na cozinha, vejam como ele fica charmoso preparando o tal molho de macarronada que ele próprio criou e fez para nós outro dia.
Ficou muito gostoso, por sinal.  Mas, usa tomates que não acaba mais, não tem nada de econômico, entretanto eu relaxo, finjo que não vejo e aproveito, quem sabe ele toma o gosto e faz o almoço e janta todos os dias! E para completar, o pai que não sabe cozinhar, lavou todos os pratos, enquanto eu fui para o computador. Coisa boa gente! Incentive os machos de sua casa para isto, verão que sobrará mais tempo para blogar, que tal?!

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Perder, Ganhar

(Búzios)

Com as perdas, só há um jeito:
perdê-las.
Com os ganhos,
o proveito é saborear cada um
como uma fruta boa da estação.

A vida, como um pensamento,
corre à frente dos relógios.
O ritmo das águas indica o roteiro
e me oferece um papel:
abrir o coração como uma vela
ao vento, ou pagar sempre a conta
já vencida.


Lya Luft








quarta-feira, 27 de abril de 2011

Velhice e cuidados

 (Imagem Gerald French)

Sobre a Velhice 

Por oposição aos gerontologistas, que analisam a velhice como um processo biológico, eu estou interessado na velhice como um acontecimento estético.  A velhice tem a sua beleza, que é a beleza do crepúsculo.  A juventude eterna, que é o padrão estético dominante em nossa sociedade, pertence à estética das manhãs.  As manhãs têm uma beleza unica que lhes é própria.  Mas o crepúsculo tem um outro tipo de beleza, totalmente diferente da beleza das manhãs.  A beleza do crepúsculo é tranquila, silenciosa - talvez solitária.
No crepúsculo, tomamos consciência do tempo.  Nas manhãs, o céu é como um mar azul, imóvel.  Nos crepúsculos, as cores se põem em movimento: o azul vira verde, o verde vira amarelo, o amarelo vira abóbora, o abóbora vira vermelho, o vermelho vira roxo - tudo rapidamente.  Ao sentir a passagem do tempo, nós percebemos que é preciso viver o momento intensamente.  "Tempus fugit" - o tempo foge -, portanto, "carpe diem" - colha o dia.  No crepúsculo, sabemos que a noite está chegando.  Na velhice, sabemos que a morte está chegando.  E isso nos torna mais sábios e nos faz degustar cada momento como uma alegria unica.  Quem sabe que está vivendo a despedida olha para a vida com olhos mais ternos . . .

(Rubem Alves)




Sobre a velhice e os cuidados que deve-se ter com as pessoas neste estágio da vida, não deixem de acompanhar o blog da Dra. Luciana Pricoli Vilela que trata de Geriatria:Medicina e Humanismo.





terça-feira, 26 de abril de 2011

O livro da amiga e escritora Glorinha Leão


Embora eu seja muito amiga da Glorinha e tenha acompanhado seu esforço, trabalho e dificuldade para colocar seu primeiro livro na praça, não sabia do conteúdo e pormenores nele inseridos e todas as personagens que criou ou se inspirou para fazer o mesmo, por isso ao terminá-lo hoje, fiquei muito impressionada com sua capacidade criativa e literária, quase sempre poética no decorrer de cada conto ali escrito.
Me vi retratada em alguns deles, afinal os 50 já correm longe nesta época para mim, mas qualquer mulher, mesmo ainda não estando nesta casa da vida, irá se enxergar em algum aspecto, ou, poderá pelo menos, entender-se melhor quando lá chegar, quem sabe visualizará de uma forma mais humana e amorosa sua mãe, sua tia, irmã, avó ou amiga.

Vejam que linda forma poética a autora emprega neste trecho abaixo:

(Clio-musa da história na Mitologia Grega)

- Clio -A Guardiã de Memórias Engarrafadas -pág.95 - Cap.17

Desde pequena, tenho uma mania: guardar momentos...

Explico melhor: Não sei se pequena ainda já tinha a noção de que perderia meus entes queridos cedo, ou se já era ensimesmada por natureza...Fui uma criança muito sensível, escrevia desde pequena, pensava muito nas coisas e também na morte...Mas de modo intuitivo...Sabia que se guardasse alguns momentos para sempre na memória, de certa maneira, aquelas pessoas sempre me pertenceriam, seriam minhas para sempre...


... E momentos, como esse, de sonhos realizados, com a família unida, todos ali, juntos, não se sabe até quando...Momentos pra se guardar...
Mas, continuo fazendo isso, congelando na memória pequenos instantes, que por vezes, parecem desimportantes, mas que para mim, representam algo profundo e único...Eu os engarrafo na lembrança...E eles ficam ali para sempre e, a qualquer momento os tenho disponíveis só para mim...E eu os sorvo, muitas vezes chorando, como agora, pois todos são pura emoção.
Às vezes, um segurar a mão, um abraço apertado, uma carícia no rosto...Nada muito passional nada muito marcante...Mas basta decidir guardá-lo para sempre, e ele se tornará parte de nossas relíquias, daquele pequeno acervo, do mais radiante tesouro que nunca, ninguém nem nada tirará de nós: o que faz a vida continuar a ter sentido...
Pequenas fotografias de pequenos momentos...Garrafinhas guardadas cada uma com lágrimas e alegrias...Mas minhas...Só minhas...

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Outro trecho que me encantou demais pela forma direta e sem subterfúgios ao qual ela se expõe totalmente, não só como mulher frágil diante da vida e do tempo, mas pelo ser que atravessa as incertezas da vida com os olhos abertos, fazendo indagações a si mesma, desejando ainda a paixão e a ajuda mútua entre os da mesma espécie, ora atormentada, ora realizada. Um misto de sentimentos que todo ser humano um dia enfrentará no decorrer de sua existência.

As Nereidas eram veneradas como ninfas do mar, gentis e generosas, sempre prontas a ajudar os marinheiros em perigo. Por sua beleza, as Nereidas também costumavam dominar os corações dos homens.



- Nereida - A Mulher Loba - pág. 141 - Cap. 21

... Se nada era simples numa mulher como ela, chegara a hora de saber se era assim com todas.
Precisava achar seu grupo, juntar-se a elas, fazer de todas, uma só fortaleza.
Uma matilha de mulheres lobas.  Todas famintas.  Esfomeadas de vida.
Queria saber-se acompanhada em suas dúvidas e reflexões.
Queria saber que não estava enlouquecendo, muito menos divagando sobre o nada.
Sabia, num instinto ancestral, que somente quando se juntasse a elas, unissem suas forças e seu lado animal, procurariam e achariam uma forma de ajudarem,-se mutuamente.
Companheiras, lado a lado, não uma contra a outra, mas juntas, pela sobrevivência de todas.
Sôfregas e sedentas, sabia e sentia-as assim.  Buscando e procurando juntas.
Ansiosas para achar suas razões para viver e saber que não estavam sós nessa procura.

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Como sabemos, o poeta ou escritor quer ser lido, comentado, chegar nas livrarias ou  estantes de muitas casas, assim como ser tratado e reconhecido pelo seu talento e esforço empreendido, por isso estou aqui, fazendo o relato do que li, dando meu parecer sobre sua obra e dizer-lhe que continue seu caminho de escritora, porque tens talento, alma e literatura de valor para enriquecer nosso país e juntar-se aos melhores.
Parabéns amiga Glorinha!

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Não deixem de acessar o Blog Café com Bolo e deixar lá também seu comentário a respeito do Livro Na Esquina do Tempo no. 50.

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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Minha Páscoa paulista

(Estação da LUZ)

Sempre fiz a mão contrária nos feriadões, ou seja, vou para onde poucos querem ir, porque a maioria quer mesmo é sair, pegar a estrada rumo às praias ou lugares distantes das grandes cidades.  Mas, as grandes cidades são cheias de atrativos e belezas que só podem ser vistas e desfrutadas numa ocasião como esta, de um grande feriado, ainda por cima ensolarado, com ares de veranito.

Fomos pra São Paulo, eu e maridex.

"É sempre lindo andar na cidade de São Paulo,de São Paulo

O clima engana, a vida é grana em São Paulo

A japonesa loura, a nordestina moura de São Paulo

Gatinhas punks, um jeito yankee de São Paulo, de São Paulo"


E é assim mesmo como diz neste pequeno trecho da música São Paulo, São Paulo.  Uma cidade sempre surpreendente a cada esquina, a cada estação de metrô, nas manifestações artísticas de rua, de museus, teatros, comércio, comidas, restaurantes, uma variação tão grande, tão rica, que temos impressão que viajamos para fora do Brasil.  Mas quando chegamos na muvuca que é o centrão ou a 25 de Março enlouquecida pelo enxame humano e 'os mano e as mina' com suas roupas coloridas sem combinar com nada, bonés falsificados e a fauna oriental que predomina nas milhares de lojinhas daquele comércio pulsante, aí sim, vemos a cara do Brasil e sua capacidade de se envolver com tantos outros povos num só lugar.

Começamos visitando o Museu da Língua Portuguesa, indicação perfeita que a amiga Silvia Masc nos deu e que vale a pena conhecer de perto, pois é algo de primeiríssimo mundo que mostra a grandiosidade de nossa língua e as diferentes formas, aspectos, neologismos, sotaques, literatura e complexidade que a língua portuguesa insere. O museu fica na antiga Estação da Luz, totalmente reformada e reluzente à espera de milhares de pessoas que se dirigem para vários pontos desta super cidade, orgulho do Brasil.

(Museu da Língua Portuguesa)

Segui algumas dicas de minha querida amiga paulistinha Lu Souza e fui assistir o maravilhoso canto gregoriano no sábado de páscoa pelos freis do antigo Mosteiro de São Bento, coisa linda. Uma pausa para o relax antes de mergulhar na confusão histriônica da 25 de Março.  Não sem antes, tomar um delicioso café com torta no tradicional Café Girondino ali em frente.

(Mosteiro de São Bento-SP)

(Café Girondino)


Caimos na 25 de Março como dois ETs, não sabíamos se olhávamos as vitrines ou a fauna humana, os carros e camelôs misturados nas ruas, uma confusão de tirar o fôlego e não deixar raciocinar direito sobre o que estávamos fazendo ali.  Mas, logo em frente, numa rua lateral, a cúpula do Grande Mercadão de São Paulo nos atraia, nos chamava para as gostosuras que tem ali dentro e rumamos pra lá, ávidos pelo pastel de bacalhau e sanduiches indecentes, recheados de frios, queijos e sabores.  Uma multidão nos esperava também naquele sábado de aleluia, mesclado com pimentas, frutas exóticas, queijos, bacalhau importado, vinhos e toda a sorte de maravilhas gastronômicas.  Comemos o pastel de bacalhau que é simplesmente o máximo, regado a azeite espanhol e cerveja gelada. De sobremesa, doces portugueses que me entreguei de corpo e alma.

(Grande Mercado de S.Paulo)

Nestes três dias, vimos e revimos aquilo que gostamos sempre e que é a essência de S.Paulo.  Os japoneses, chineses, todos os orientais da Liberdade e suas comidas deliciosas.

(Um grupo de japoneses em papo animado numa praça da Liberdade)


Passeamos pela Paulista e admiramos sua arquitetura e o céu azul que nos brindou estes dias.


(MASP)

Visitar o MASP é sempre um prazer cultural, ainda por cima com a exposição da existência humana que reunia 78 países, com temas como família, amor, religião, guerra, sentimentos e olhares que o ambientalista francês Yann Arthus-Bertrand montou com o nome de 6 Bilhões de Outros e que se você quiser conhecer um pouco sobre este magnífico trabalho entre aqui neste site. Simplesmente, incrível!
E no segundo andar, centenas de quadros dos maiores expoentes das artes como: Van Gogh, Manet, Cézanne, Toulouse Loutrec, Renoir, Modigliani, Henry Matisse, Picasso e esculturas de Auguste Rodin e Degas. Meu Deus, que país rico o nosso, pensei!  Só nos falta mesmo educação, pois não é qualquer país que possui e pode expor um acervo como este. Saimos de lá maravilhados com tanta beleza desfrutada por tão pouco a pagar.  Imperdível!

Mas, este passeio a Sampa não poderia ficar perfeito se não tivesse o contato humano que sempre prezei na minha vida. E foi assim que encontrei-me com duas antigas amigas aqui do Mãe Gaia, desde o princípio, pessoas queridas e que eu teria que um dia vê-las pessoalmente, abraçá-las e transmitir meu apreço, carinho e toda a admiração que sinto por elas.

(Um jantar maravilhoso com Barbrinha, marido e filhote)

A Bárbara escreve o Blog Uma Mãe das Arábias e é mesmo uma mãe sensacional, atenta, carinhosa e que junto com seu maridex, como ela o chama, criam esta belezinha de menino, esperto, inteligente e fofo, o tempo todo interagindo conosco e comendo todas as delícias árabes que nos foram servidos num dos melhores restaurantes típicos da cidade. Foi emocionante vê-la, abraçá-la e passar horas tão agradáveis com sua linda família. Ficamos honrados e felizes com nosso encontro.

Na noite de sábado fomos convidados a comer uma pizza na casa da Somnia, querida borbletinha que eu acompanho desde a Suécia e que escreve o Blog Borboleta Pequenina na Suécia.
 

Foi uma noite encantadora, na companhia dela, seu marido Renato, sua cunhada Adriana e do pequeno e lindo Ângelo.  E o mais interessante é que parecia que já a conhecia pessoalmente, era exatamente como eu a idealizava; engraçada, bem humorada, bonita, sem frescuras, descalça e de cabelos molhados. Uma pessoa de verdade, simples e inteligente no ambiente colorido de seu apartamento com suas telas vibrantes e que uma delas eu comprei há tempos e só pude pegar agora nesta viagem. Um encontro alto astral e carinhoso.

E no domingo, tomei café da manhã com a minha amiga querida e que já conhecia pessoalmente, a
Silvia Masc que escreve o Blog Longevidade. Um encontro cheio de carinho e de emoção. Sílvia é uma pessoa de respeito, grandeza e luta, muito a admiro e torço por ela. 

Ahh, São Paulo, querida cidade que guarda pessoas igualmente queridas e fantásticas!

Adorei estar por lá esses dias e com estes seres humanos tão intensos,cheios de nuances, tradições, filosofias de vida, histórias e sentimentos tão multi quanto esta multi e mega cidade.