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sexta-feira, 4 de março de 2011

Línguas

 (Corbis)



Contenho vocação pra não saber línguas cultas.
Sou capaz de entender as abelhas do que alemão.
Eu domino os instintos primitivos.

A única língua que estudei com força foi a portuguesa.
Estudei-a com força para poder errá-la ao dente.

A língua dos índios Guatós é múrmura: é como se ao
dentro de suas palavras corresse um rio entre pedras.

A língua dos Guaranis é gárrula: para eles é muito
mais importante o rumor das palavras do que o sentido
que elas tenham.
Usam trinados até na dor.

Na lingua dos Guanás há sempre uma sombra do
charco em que vivem.
Mas é língua matinal.
Há nos seus termos réstias de um sol infantil.

Entendo ainda o idoma inconversível das pedras.
É aquele idioma que melhor abrange o silêncio das
palavras.

Sei também a linguagem dos pássaros - é só cantar.











10 comentários:

Bia Jubiart disse...

O falar, a língua é encantador, mas as vezes o silêncio é mais profundo...

Belíssimo poema!

Um bom dia p/ vc Bety!

Beijos.

pensandoemfamilia disse...

Lindo, falar e ouvir através da alma da vida que se encontra em casa coisa (árvore, pássaros, brisa, entre outras,).
Bja.

Lúcia Soares disse...

Beth, também não tive o dom para as línguas. Mas amo o português.
É mais válido ouvir trinados, chilros, mugidos,..sei lá mais que sons, do que, a maioria das vezes, a língua dos homens.
Que tanto pode falar de amor quanto pode ferir demais.
Beijo!
(sempre gostei de Manoel da Barros, mas como não tive o hábito - que vou mudar - de comprar livros de posesia, pouco ascesso tive a ele. Mas é algo que dá pra consertar! Bj)

Élys disse...

Falar, é necessário, pode trazer o entendimento, ou não, mas a linguagem das expressões como um sorriso, um olhar, eu gosto muito mais.

Amanhã, dia 5 estarei postando, conforme sua sugestão, uma página para a harmonia e a paz do planeta.
Beijos.

Beth/Lilás disse...

Alê, querido!
Sou Nyepi total, inclusive já estou de malas prontas pra subir a montanha pela manhã, louca pra ouvir apenas os cantos dos pássaros e ver meu amiguinho esquilo que mora lá em casa agora desde que meus cachorros morreram.
Folia só na minha casa.
beijos

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Lu Souza Brito disse...

Olá Bethinha,

Por vezes tenho vontade de trocar sim a lingua dos homens, so pela liguagem da natureza. O barulho do vento soprando sobre as arvores, a agua do mar indo de encontro a areia e as rochas. Os bichos no meio da floresta cantando, algazarreando, chamando seus companheiros.

Beijo e um carnaval de muito descanso para você. Vai para a Serra não é??? Desta vez também vou ficar no sossego. Definitivamente, as coisas mudam, ahahah.

Kisses

Unknown disse...

Simplesmente fantástico.

Beijos meus e bom fim de semana.

lolipop disse...

Amei a beleza e a simplicidade do poema que não conhecia, Beth.
Sempre gostei de línguas, na perspectiva de melhorar o meu entendimento dos outros, doutras vozes, doutras culturas.
O entendimento da Natureza, felizmente, faz-se mais com o silêncio do que com palavras...a não ser esse precioso linguajar dos pássaros.

Beijosssssss
Carinhossssss
E bom nyepi lá na montanha!

Blog Luz por Roberta Maia disse...

Namastê!

Lindo Poema, não conhecia!!!
Blog lindo...

Tenha um Lindo Fim de Semana!
Beijinhos Iluminados!!!

Nina disse...

que texto bonito Beth. Ahh os índios, coitados, hoje já nao sobrou quase nada a eles. me entristece isso :-(