Rose Garden - Paul Klee
A tela de Paul Klee em tons de rosa, pastéis e lilases é linda e eu a colocaria num lugar especial em minha sala, com certeza.
Mas não adianta, para mim ela simplesmente será sempre visualizada como o sonho, a utopia de quem vive numa cidade considerada uma das mais belas do planeta, mas que tem um número assustador de favelas, beirando 1000 em todo o estado.
Digo utopia porque seria lindo demais ver as casinhas coloridas como na tela, pintadas e com um canteiro de rosas na frente de cada uma. Um lugar humanizado e digno para se morar, sonho de todo brasileiro.
Infelizmente a realidade é outra, as favelas que se debruçam sobre a cidade, e algumas já se estenderam pelos bairros, são feias, sem saneamento básico, sem reboco, só nos tijolos, fios emaranhados, lixo espalhado em algumas encostas e em épocas de eleições, placas de políticos emporcalhando ainda mais o visual urbano.
Com uma população diversificada de várias partes do país, 98% de trabalhadores e 2% de bandidos infiltrados que aterrorizam não só o local como várias partes da cidade.
Quem gosta disso e acha 'exótico' são alguns turistas estrangeiros que fazem visitas a estas favelas para observar de perto como vivem os pobres do país e já virou até um tour chic, saindo das margens da cultura turística para se tornar uma atração altamente lucrativa e disputada.
Como fazer disso tudo um Rose Garden, teria alguma solução ainda neste século?
Como diminuir as diferenças sociais tão gritantes e tão próximas como vistas nesta foto abaixo da Paraisópolis em pleno bairro nobre do Morumbi em São Paulo? Varandas com piscina e vista para a favela. Tem quem goste!
Favela horizontal em Sampa
Portanto, a linda tela de Paul Klee aos meus olhos lembra uma favela, uma favela chic, talvez pelo fato de meus olhos já terem se acostumado com tantas visões das mesmas pelo meu estado, porque para todo lado que se olha, mesmo nos mais caros bairros vemos uma favela à mostra.
Envoltas em paradoxo é assim a beleza das telas reais que vejo em meu cotidiano.
Esta postagem é a segunda da série Minha idéia é meu Pincel da Blogagem Coletiva que a amiga Glorinha di Lion está sugerindo em seu Blog Café com Bolo.
*Imagens Google
43 comentários:
"Varandas com piscina e vista para a favela". Essa frase, para mim, resumo todo o teu excelente texto.
Quando vim de Portugal foi o Rio de Janeiro a primeira cidade que conheci e fiquei chocado com os barracos (pois não consigo chamar casas àquilo) "sem reboco, só nos tijolos". Agora já me habituei a ver isso por todo o lado.
A felicidade dum povo não está em andar a saracotear o esqueleto no carnaval e berrar insultos no estádio com o estômago cheio de cerveja. Ela está no conforto e qualidade de vida desde os mais pequenos detalhes do seu quotidiano; como por exemplo saneamento básico para toda a população.
Aqui no Recife (cidade com mais população que a capital de Portugal, Lisboa) vivo num bairro de classe média, onde as ruas não são asfaltadas. Parece que recuei 40 anos no tempo.
Enfim... esperar que as consciências se iluminem durante este século.
Abraços
Tens razão ManDrag, qualidade de vida está primeiramente dentro de nossas casas.
E favelas agora tem por todo o Brasil, de norte a sul sabemos disso.
Mas, tia Dilma vai dar um jeito, afinal ela é a 'Mãe do Pac', né?
bjs
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O Amigo Man Drag disse muito bem, o impacto que essa relidade traz a quem vê o Rio pela primeira vez. Já eu, maninha, apesar de concordar com tudo o que disse, não consigo ver na tela de Paul Klee uma "comunidade" como as que vc tão bem descreveu: vejo sonho, vejo ruas encantadas, onde me perdi, atrás de versos, palavras e frases...ainda bem! Mas teu post, ainda assim, está muito verdadeiro e veemente em suas imagens. Gostei! beijos,
Pois é, Maninha, por isso a arte não tem explicação. Ela traduz diferentemente para cada um que olha e sente.
Desde a primeira vez que olhei a tela de Paul Klee só conseguia visualizar ou fazer um paralelo com as nossas favelas, mas sempre sonhando como elas seria bonitas se fosse assim, rosinhas ou lilases como a visão deste suiço cubista. haha
beijoquinhas e vamos dormir.
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Amiga Beth
Obrigado pela pronta visita e comentário elogioso.
Quero apenas alertar para que enquanto estavas lendo e comentando o texto eu estava ainda a editá-lo, para ir verificando o resultado das pinceladas sobre o fundo negro do blog (em casa de virginiano nada se deixa ao acaso, rsrsrs). Por isso peço-te o favor de passares por lá de novo para veres o resultado da edição mais completa.
Bem hajas!
Abraços
Beth
A sua frase «Varandas com piscina e vista para a favela» faz a síntese do seu excelente post.
De facto, é uma comparação interessante, anotarmos o quão similar são certos bairros europeus às favelas que fala.
Excelente post.
António
Lindíssima postagem essa tua fazendo esse paralelo...beijos,tudo de bom,chica
Belíssimo post, Beth!
Quantos contrastes...
Enorme abraço,querida!
Bethinha,
Gostei demais da sua abordagem. A tela também me lembrou uma favela. Infelizmente é muito difícil que esse cenário seja extinto ou modificado.
beijos ensolarados.
Bom dia, Beth querida:
Bela postagem. Um texto que nos faz pensar os contrastes do mundo. Favelas e luxo. É preciso mudar. Crítica que nos refaz, nos revigora para um mundo melhor construir. Parabéns!! Beijos no seu coração :)
Oi querida
A sua percepção e sonhos.
Bela abordagem com o olhar crítico sobre nossso Rio de Janeiro.
bjs
oi, Beth amiga
Tive exatamente a mesma impressão quando olhei pela primeira vez a Tela...
Vc descreveu o que eu também descreveria... Interessante!!!
Me vi na sua descrição...
Mas faço sempre um paralelo espiritual...
Cheguei da roça e o contraste social é bem grande também...
Bj sereno trazido do interior.
Beth
Não importa o que você viu na tela ou o que os outros vão ver. Afinal, arte é isso mesmo, cada um a enxerga de uma forma.
O importante é que, da maneira como a viu, descreveu uma realidade tão alarmante dos nossos dias.
O luxo e os barracos se misturando e formando uma paisagem (não bonita de se ver).
Lindo post.
beijos
Ah! sobre o meu conto! A história não é completamente minha não. Expliquei lá nos comentários, tá?
beijos
Olá querida Beth,
Gostei do teu post, da ligação que fizeste com uma realidade gritante (as fotos são bem elucidativas). Se um dia esta realidade vai melhorar? Até pode piorar (por cá há muitas nuvens negras), mas como a pintura de Klee transmite optimismo, temos que pensar que sim!
Beijinhos,
Manú
Fiquei imaginando as casinhas das "favelas" todas pintadas. Ficaria bem bonito, não Beth?
Bjs no coração!
Nilce
Olá Beth,
Fiquei encantanda com o seu post e a maneira como conseguiu visualizar nele as favelas e a realidade brasileira. O contraste entre pobreza e beleza.
Eu vi algo mais suave, vi sonhos, convite, mas os meus olhos hoje estão mais doces que na ultima semana por exemplo.
Arte não se explica, se sente!
Parabéns pelo post!
Pensei meio assim também: uma favela colorida.
Mas fostes mais adentro com a riqueza do pensamento que tens.
Estou te aplaudindo de pé Beth!
Achei excelente esse seu texto crítico e real e ainda assim ficou bonito.
Parabéns.
Xeros
Oi Beth!
Gostei da sua interpretação do quadro, e consigo ver, sim, um montão de casinhas, tocando nos cotovelos umas das outras.
Só vi favelas em fotografias, e aqui, a imagem que passa disso, é sempre a de zonas de perigo, assalto, homicidio...tudo o que é mau e assustador.
Acho sobretudo chocante essa ideia do luxo coexistindo com a maior pobreza...
BEIJOS GRANDES
Beth querida, tudo bem?
Acabei de ver esse mesmo quadro no Alex e o encontro aqui num lindo alerta e reflexivo post.
Eu alfabetizei durante 10 anos as criancas na favela da Rocinha. Subia até o 5° núcleo quando eles me deixavam subri. Qdo a barra estava muito pesada eles mandavam avisar a professora que ensinava as criancas a ler na rua, no caso eu, que nao era para subri naquele dia.
Levar os turistas para ver a pobreza que é ali nao é nada agradável e o choque é enorme.
Bela postagem
Um grade beijo
Oi beth
Esta é a realidade que teima em permanecer no nosso cotidiano, pois, aqueles que podem mudar essa situação, a muitos anos pouco vêm fazendo.
Creio, que um dia a esperança se tornará realidade.
Élys
Excelente post! É incrível como a partir de uma obra de arte é possível lançar luz sobre uma realidade gritante como essa das favelas! muito, muito bom mesmo!
Namasté!
Beth, minha amiga, uma favela chic como você bem disse. Uma pena que nossa realidade seja bem diferente e que não tenhamos esse colorido por aqui, colorido no sentido de uma vida mais digna.
Um beijo
Para começar adoro Paul Klee. Adoro ainda mais a favela que fixa o Rose Garden.
As diferenças sociais são imensas. Acho que deve ser lamentável chegar na varanda de sua casa e deparar com tanta pobreza e decadência.
Alguns turistas acham o máximo...Tiram fotos e fotos e quando voltam para seu país de origem mostram essas "belas" imagens do nosso Rio de Janeiro...Do nosso Brasil!!!!!
Tudo de bom
Bjs mil
Oi, Beth!
A minha primeira impressão, quando olhei pra tela de Paul Klee, foi de uma favela. Pareceu-me tudo muito embaralhado... Depois, fui vendo os detalhes, e imaginando (ou sentindo) outras coisas.
Concordo com você, que as favelas têm aumentado em números, e em problemas sociais. Além de desfigurarem o quadro das cidades, ainda são sinônimos de pobreza,má qualidade de vida, e riscos a população. Infelizmente, é uma realidade triste, e não vemos muitas ações governamentais em prol dessa questão.
Paz e Luz!
Socorro Melo
Beth, as favelas são a primeira vista chocantes! E como ManDrag que veio de fora do país, pessoas daqui do Brasil também se habituam! Não deveria, mas é assim que acontece. Quem nasceu no Rio, não conhece a cidade de outra forma e muitos só enxergam aquilo que os "favelados" levam para o asfalto, que nem sempre é aquilo que verdadeiramente são. Não questionando as pessoas, pois esse tipo de construção vem desde o tempo da Guerra de Canudos. Os soldados que retornaram a cidade ficaram desamparados pelo Estado (sem o soldo) e não tinham onde morar ou trabalhar, muitos chegaram doentes e/ou mutilados. Começaram as construções e o Estado fechou os olhos, pois se não o fizesse, o problema da falta amparo aos ex-combatentes seria de conhecimento público. Eles não retornaram como heróis, retornaram como pobres e colocaram o nome de "Favela" em homenagem a uma planta rasteira muito resistente que conheceram com este nome na caatinga. Vê, os terrenos eram longe do centro da cidade e a elite não via o que estava acontecendo. Hoje em dia as pessoas fecham os olhos, preferem construir muros, separando, delimitando, para não se misturarem.
Não vejo muita mudança no que dizem "reurbanização" das favelas, até porque, o dinheiro que é dado em troca da mudança, gastam com outras coisas e preferem construir outras casas nos mesmos moldes em uma outra favela. Quer dizer, o problema é trocado de lugar. Não vejo saída a não ser mudar a condição econômica destas pessoas.
Brasileiro não tem o costume de fazer trabalho solidário, até mesmo as ONGs nacionais são olhadas erradamente - que cultura é essa de jogar os problemas para debaixo do tapete? Por isso a invasão de ajuda estrangeira e eles ficam felizes realizando seus trabalhos.
A localização geográfica das favelas do Rio também é uma curiosidade à parte; em geral, as favelas ficam embaixo e as construções melhores ficam no alto, com melhor vista. No Rio isto é invertido, dificultando mais o acesso de quem não faz parte da comunidade.
Fiz um post sobre a favela painting, um modo de levar cor e arte às favelas que deixa qualquer "Favela chic", no chinelo!
Agora, fala pra mim se não parece que Paul Klee e Alfredo Volpi foram separados ao nascer?
Boa blogagem! Beijus,
Gostei do seu texto, hoje as favelas estão crescendo rapidamente em todo nosso país , compartilho do teu sonho de casas pintadas com canteiros de rosas na frente.
Acho ridiculo o Brasil fazer turismo com a pobreza, o país devia sentir vergonha e trabalhar arduamente para mudar essa realidade, mas não é o que acontece né? Já virou tour chic...
Bjs..
Oi Beth,
Adorei a sua imagem. Eu não consigo ver o quadro e pensar em favelas. Mas que bom que alguém pense. Afinal, a "brincadeira" é essa. O que o quadro desperta em você? Sua consciência social falou mais alto. Adoro esta campanha da Akatu. Uma das melhores que já vi.
Parabéns pela abordagem.
bjs,
Também vi uma favela no quadro logo que olhei pra ele. Muito interessante sua abordagem, gostei bastante do post. Fiquei surpresa com esses edifícios construidos dessa forma e com a favela embaixo, em Natal tem prédios mega modernos e onde os apartamentos custam os olhos da cara, são de frente pro mar, e entre o mar e o prédio tem um bairro bem pobre onde uma casinha deve ser um quarto de solteiro do apartamento de algum dos prédios lá em cima. Contrastes gritantes do nosso Brasil.
Acho estranhíssimo esse tour por favelas, pessoas não são coisas a exposicão para outras especularem suas vidas, acho um absurdo, mas como é lucrativo se vende, mas estranho demais para quem compra o pacote. Uma amiga do Brasil me disse pra levar maridez e sogritos para ver como os pobres vivem, mostrar as misérias que era exótico e gringo gosta, mas eu disse logo que não concordo. Mesmo não concordando e claro que não ia fazer esse tipo de tour, resolvi investigar o que eles achavam, e acharam isso patético e estranho, então é coisa mesmo pra gente doente ir tentar veer desgraca alheia.
Tenho uma colega que também algumas vezes mencionou que é bom ir para países como o Brasil e ver pobreza e miséria porque assim vai valorizar mais a vida que tem, o conforto que dispõe. Nunca ouvi tanta besteira, mas eu disse a ela que ela indo pro Brasil provavelmente ia ver muito mais luxo e riqueza do que ver aqui e quase não ter acesso a ver pobreza, a não ser que resolvesse se deslocar pra esse tipo de tour, coisa que eu achava de gente doente, ela não gostou, mas não tenho que agradar mesmo.
Acho que ela ia se deprimir por ver que aí muita gente tem muito mais luxo e conforto do que aqui.kkkkk
Beijo
Uma coisa não podemos negar, ricos e pobres desfrutam das belezas naturais do Rio. Infelizmente a desigualdade financeira está por todo lugar, aqui também é assim e o serviço público está a anos luz do oferecido aí no Brasil. Beijocas!
Beth, minha querida, simplesmente sensacional o seu post e a sua participação. Essas blogagens da Glorinha são maravilhosas, lamento só ter conseguido participar de uma... :(
Beijo, beijo!
She
ADOREI a comparação, Beth!
Mandou mega bem (mais uma vez ; > )
Se tiver um tempinho, dá uma olhada neste link: http://www.viviennewestwood.co.uk/collections/anglomania/look-3/
Bolsa "Gaia" (acho que vi certinho) da Dame Vivienne Westwood. é linda!
bjnhs
OI Beth
Muito pertinente sua comparação nesta blogagem coletiva. Olhando este quadro, só consigo imaginar favela.
Muito bacana seu post.
Bjos e boa noite.
Magnífica, a tua interpretação do quadro de Paul Klee! Para uns, representa o imaginário; para outros, é o real. É nisso que a Blogagem Colectiva mostra a sua riqueza: um conjunto de pontos de vista diversos, que se cruzam enriquecendo um Tema!
Com a tua exposição, eu vi as favelas do Recife e de Fortaleza, que só diferem das do Rio no tamanho.
E vi as rosas do quadro de Klee, nas faces dos que lá vivem e trabalham duramente para sobreviver. Gostei muito. Bjs. Bombom
Bethinha, achei perfeita a sua interpretação do quadro! Realmente, lembra demais uma favela, mas uma favela em tons de rosa, quem sabe mais feliz, menos desigual...
Beijos!
Alô, amigos!
Obrigada pela visita de vocês e seus preciosos comentários. Fico sempre muito feliz em tê-los por aqui e quero dizer que esta blogagem é mais uma importante interação que fazemos para entender o que cada um pensa e sente.
Um super abraço carioca
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Beth
o que me impressiona é a facilidade que os seres humanos possuem de se adaptar e acostumar com tudo, até com o inaceitável.
Pobres ficando cada vez mais pobres e ricos muitas vezes insensíveis.
foi brilhante sua postagem.
um alerta, um chamado à conscientização desta situação tão desumana que é a "favela".
espero que não nos acostumemos demais com essa realidade.
um beijinho
Oi Beth!
Tivemos a mesma impressão da tela!
Estamos em sintonia. Gostei!
Parabéns pela criatividade!
Abraços
Lia
Blog Reticências...
web-mãe, tudo bem?
Também sou super a favor de um Brasil mais igualitário.
Trabalho, moradia, comida e lazer,são pontos importantes na vida de todos. bjuss e bom fim de semana
Betty, SENSACIONAL, sua postagem não tem palavras, FANTÁSTICO ! Parabéns!!
Obrigada por sua visita e seu comentário, venha sempre, bjos!!
Beth eu estou em um momento cor de rosa em minha vida, mas com seu post vi que vc tem razão parece mesmo uma favela.Aqui em floripa tambem as temos e no corre corre do dia acabamos por inclui-las na paisagem e nem percebemos. Tambem vejo isso e fico preocupada com o que sera do nosso amanhã. obrigado por sua visita e tenha um bom dia.
adorei sua reflexão. bjs
Puxa!
Nunca teria me ocorrido a semelhança entre a tela e a favela, mas é perfeita!
Belo post, Beth!
Bethm eu fiz esse tour no Rio, em 2002, creio..:Nao era fotografa, mas pretendo fazer novamente...
é choque mas levei meu filho lá apra ver...
bjs e dias felizes
AH, A ULTIMA FOTO É LINDA.
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