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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

No more "tralhas"



Fiquei impressionada com o texto lúcido, engraçadíssimo e tão bem escrito pela jornalista Cora Rónai, ontem (28/01), sobre Tralhas.
Transcrevo, abaixo, um pedacinho:





"Do que é que precisamos para sobreviver? No nível mais elementar, água, comida, abrigo dependendo da ocasião e do hemisfério, cobertura contra sol e chuva. Os demais mamíferos do planeta se viram, no mais das vezes, sem os dois últimos itens. Indo um passo além, panos que nos protejam, curas para dores e machucados, histórias para contar e ouvir. Vasilhames para guardar a comida. Alguma forma de organização social para ordenar o convívio. Um adorno corporal, uma pintura rupestre.



Quando abrimos os olhos, já saimos das cavernas, ficamos sofisticados e, há milênios, corremos atrás do supérfluo. Estamos no mercado: em Istambul, em Helsinki, no Cairo, em Xangai, em Milão, ali mesmo na Senhor dos Passos. Cercados de quinquilharias que, depois de inspecionarmos com cuidado, levaremos para casa, onde passarão conosco uma breve temporada antes de encontrar morada final numa das pilhas de lixo que sufocam a Terra.

Nada sobre o planeta se reproduz com a alarmante velocidade da tralha. Patinhos de borracha, fitas do Bonfim, amuletos de toda sorte, canecas das mais variadas cores e formas, flores artificiais, enfeites de fibra óptica, mini-aspiradores que não funcionam nem quando nascem, relógios, ímãs de geladeira, cristais, buttons, canetas que escrevem quatro dias e morrem no quinto, canetas que até escrevem direito mas das quais ninguém troca a carga, modelos de carros e de aviões, espelhos, esculturas medonhas representando o que existe e o que não existe, bandejas, porta-documentos e, invariavelmente, uma quantidade de chaveiros que desafia o crescimento demográfico. A lista não tem fim."


Sim, aquilo que invariavelmente qualquer um de nós costuma comprar, sem pensar,  para dentro de suas casas ou a mania de vagar pelos shoppings da vida quando nada mais tem ali para se fazer ou adquirir, às vezes compramos mais do que precisamos.    E não falo de quem é colecionador de peças antigas ou raras, mas de simples mortais como nós que, viajando para qualquer lugar tem mania de trazer uma coisinha, uma lembrancinha, uma tralhazinha qualquer que um dia acabará na lata do lixo.

Hoje, com minha experiência e visualização para um mundo melhor, um planeta com mais qualidade de vida e, consequentemente, menos exploração humana, venho diminuindo e, acreditem, estou bem mais feliz assim, administrando melhor meus gastos e consumos. Sou capaz de ir a um shopping somente para olhar e me encantar com certas vitrines de objetos ou roupas, fazer um lanche gostoso e sair sem nada nas mãos.  Tenho tido mais critério nas escolhas de produtos, avalio antes onde ele foi fabricado e se percebo que posso estar comprando algo que reforce cada vez mais a escravidão de certos povos, como os haitianos,  que trabalham duramente e ganham migalhas para abarrotar as grandes lojas da 5a. Avenida em N.York ou os chineses que continuam sacrificando milhões de almas para crescerem e chegarem ao primeiríssimo lugar no mundo financeiro.

Não compro nem mais os enfeites de galinhas, aquelas lindinhas que vendem nas lojas de chineses e que eu tanto adorava colecionar (tenho uma prateleira cheia delas na cozinha).  Penso na pobre mulher chinesinha que fica lá, numa fabriqueta de fundo de quintal, ralando o dia inteiro e voltando para uma casa modesta, sem conforto nos dias frios que tem feito naquele país ultimamente.

(Operárias de uma fábrica na Mongólia-A.L.Garsmeur)

Já não me interesso  pelas xicrinhas antigas, nem bules, caixinhas de jóias ou qualquer objeto que acabará esquecido ou empoeirado nas prateleiras da casa. Eu tinha uma mania irracional em comprar 'coisinhas' em brechós, antiquários ou feirinhas.  Se viajava tinha que trazer alguma 'tralha' do lugar visitado. Não sei quantas bombas de chimarrão já trouxe na bagagem de volta e nunca tomei o tal chá, que acho amargo e não combina com o clima do Rio, o mesmo com os objetos em pedra sabão de Minas, fitinhas da Bahia, velas aromáticas, enfeites que quando saiam da mala eu pensava onde ia enfiar mais uma quinquilharia!  
Acho que tudo tem seu tempo e seu valor e assim vamos mudando nossos conceitos e comportamentos no decorrer da vida.


Muitas coisas estão para acontecer nestas novas décadas, o futuro está se desenhando complicado cada vez mais e a natureza e seus recursos já não parecem  tão infindáveis. E a Cora tem razão quando diz:  "Pode ser que, em termos de informação antropológica, a tralha tenha seu valor, e acabe sendo objeto de estudo daqui a mil ou dois mil anos – supondo que a humanidade dure até lá. Quando lotes perdidos de quinquilharias forem descobertos ali pelas bandas do Paraguai, arqueólogos traçarão retratos minuciosos da nossa civilização, baseados em miniaturas de esqueletos fosforescentes, capas para iPhone recobertas de cristais Swarowski e chapinhas para escova progressiva. Ainda bem que não estaremos mais por aqui, porque algo me diz que vamos ficar mal na fita."

Portanto, meu atual momento é clean e cool.


12 comentários:

Unknown disse...

Verdade! Estou aqui pensando nas minhas "tralhas" e isso parece uma doença. A gente não se contém em achar que "precisa" de alguma coisa e, na maior parte das vezes, essa "coisa" nem tem tanta utilidade assim. Quanto maior a casa, maior o número de tralhas que acumulamos. É incrível! Geralmente, a gente nem sente que está fazendo isso.

Há muito tempo, meu lema antes de adquirir qualquer coisa é o seguinte:
- Olho para o objeto, estabeleço uma conexão com ele (rs) e pergunto em silêncio: "Eu preciso realmente disso?".

Aí já dá para imaginar qual a resposta que surge na maioria das vezes, né? rs.

Beijos

Heloísa Sérvulo da Cunha disse...

Beth,
Esse seu post veio a calhar.
Nos últimos dias estive fazendo arrumação no meu armário-escritório e fiquei impressionada com o número de itens dispensáveis que ali encontrei.
E tenho certeza de que chegarei a essa mesma conclusão quando for arrumar os outros armários.
Realmente, temos que nos conscientizar de que o consumismo deve ser moderado, deve atender somente as necessidades.
Beijos.

Glorinha L de Lion disse...

Oi Web mana! Eu tb sou fã da Cora e li seu texto ontem...e tb concordo com tudo isso...acho que com o tempo a gente começa a ficar mais racional e a pensar se precisa mesmo daquilo...eu tb fui uma consumista desenfreada e hoje mudei muito meus conceitos...acho que mais vale ter poucos e bons do que muitos e porcaria...
Ótima sua abordagem desse tema...em tempos de aquecimento global, lixo acumulado e trabalho escravo...quanto mais consciência, melhor.
Beijão!

Luciana disse...

Beth, adorei o post.
Eu sempre penso nas tralhas e em consumo, não sou eco-chata ou eco qualquer outra coisa, mas bastamos olhar com atencão e projetar números que chegamos facilmente à conclusão que o nosso planeta não suporta tanto consumo, tanta producão de tralha, e nem considero suas coisinhas lindas como tralha, nem algumas coisinhas que tenho, mas pense no monte de coisa inutil e de má qualidade que é produzida usando material e mäo de obra barata pra ser vendido e adquirido e ir parar no lixo em menos de um mês, como as tais canetinhas e outros acessórios similares, brinquedos inuteis pras criancas, materiais pra festas, como os balões e toalhas de mesa de plásticos e outros mais plásticos.Quando penso em um simples aniversário infantil que quatro horas depois de comecar termina e gera sacos e sacos de lixo e plástico, me arrepia.
Também tenho diminuido muito o meu consumo, e o que compro é porque vou usar, e o que não uso mais eu repasso para que alguém possa usar.
Menina, vou ter que linkar seu post lá no meu blog.

Beijo

Flávia Fayet disse...

Nossa, ontem coloquei um monte de tralhas fora e pensei até em postar algo... Hehehe Leu meus pensamentos Beth? Tinha um guarda roupa cheio d bugiganga e sabe o q restou? Nadaaaa! Nem ele! Chega d amontoar coisas... Bjsss bom findi

RoCosta disse...

Eu estou contigo e não abro ;-)
Beijos muitos!

EP disse...

Olá Beth
Obrigada pela visita, não tive tempo de ler o post,mas
com mais tempo virei visita-la.
Beijinhos

Lúcia Soares disse...

Beth, eu sempre fui assim, digamos, básica. Minha casa é despojada, quase não tnho enfeites, poucos quadros, etc. Sempre tive um jogo apeas de pratos e talheres, essas coisas. Coleção, só de pinguins (qualquer dia mostro) que meu mardo tomou para si e acabei nem tirando das caxas...(lá vai um post...)
Enfim, aqui em casa o que se acumula muito são papéis, coinhas miúdas que vão enchendo gavetas, meu marido guarda até prego enferrujado...rsrsrrs Sem brincadeira! Acho que a consciência ecológica existeem todos nós, só temos preguiça de aplicar. Quanto mais se falar, mais resultado dará. Bj

Camila Hareide disse...

Beth, cê sabe que eu eco-terrorista, né? E o engraçado é que o povo arruma armário daqui e dali, descobre que tem um monte de cacareco inútil, e o que fazem??? Jogam no lixo, claro! Se tiver uma Somnia por perto, que entende ao pé da letra o que siginifica reciclar, beleza... Senão, estamos apenas aumentando a pilha de lixo...

Tô quase terminando de ler o livro que você indiretamente me indicou, "O Mundo sem Nós", e te digo que vc ia gostar de lë-lo, apesar dos choques na espinha. E vi esse aqui também na Livraria da Folha e alembrei d'ocê...

http://livraria.folha.com.br/catalogo/1143358/gaia-alerta-final

Se resolver ler, depois me conta tudo!

beijo

Dani dutch disse...

OI web-mãe tudo bem?
Beth faz uns 2 anos que eu também, ando, pesquiso, avalio e reavalio se realmente preciso comprar alguma coisa...
Eu acredito que nao precisamos ter inumeros bens materiais, para sermos felizes e vivermos uma vida plena...
bjusss e bom fim de semana

*~* Coisas da Bruxinha *~* disse...

Beth, hoje seu post me deixou meio sem o que dizer , hehehhe pois acabei de chegar de Minas onde comprei uma porçaõ de artesanatos hehhehhe. Mas eu não tinha nada , então estou perdoada no meu consumismo e tb pq vivo reciclando as coisas hehhe. Amiga pensei em vc em te ligar estava em Petropolis desde o dia 21 até dia 27 ,mas foram tantos nossos compromissos com amigos deixados por lá que alguns não foi possivel rever.Te peço desculpa, tb pensei que talvez não estivesse por lá, e sim no Rio. No Rio fiquei apenas dosi dias e enlouqueci com tanto calor , passou tão rapido que tb não deu tempo pra fazer o que havimaos nos porposto. é sempre aasim , esperamos, fazemos planos que nem sempre acabam cumpridos.
Vou esperar que numa proxima oportunidade eu possa te ver.
Bjs

Wilma disse...

Nunca fui de colecionar, comprar muito de uma determinada coisa, até mesmo brinquedo para minha filha, nunca gostei daquela pratileira,baú saindo brinquedo pra todo lado. Gosto de comprar o que de fato vou usar e hoje em dia, faço questão de usar logo, nada para momento especial. Quando viajava trazia aquela blusinha "estive aqui", hoje não mais, artezanato eu gosto e os uso, mas não sou compulsiva para compras e qdo vou ao shopping daqueles tops digo: vou lá ver tudo que o homem cria que eu não preciso pra ser feliz!! hahaha Agora o lixo é um capítulo a parte, é muita quinquinlharia, qdo um terço tivermos esta consciênciaque vc citou, estaremos salvos!!! Bom domingo!!