(A Estação do Catamarã (no centro) em Charitas-Niterói e Baía de Guanabara com a vista do Rio de Janeiro)
Desembarquei na Praça XV num calorão de quase 40 graus, mas dentro do Catamarã estava gostoso, o ar geladinho e o balanço sobre as ondas leves da Baía de Guanabara, olhando os aviões subindo e descendo no Aeroporto Santos Dumont, quase me fez cair no sono, mas 15 minutos passam rápido e fazem a distância entre Niterói e o centro do Rio quase despercebida.
Ao atracar, o povo sai da embarcação arejada e sente logo o sol a pino, brilhante e quente, parece um maçarico aceso sobre as cabeças. Todos andam rapidamente e eu também, prefiro ir junto com todos do que ficar para trás e depois ter que atravessar aquela ampla praça e com um certo ar perigoso, sozinha.
Encaminho-me direto ao ponto de táxi que fica à direita da praça. Sempre faço isso quando chego ali, pois não sei andar no Rio mais, perdi completamente a noção de espaço e direção nesta cidade, então prefiro me enfiar num táxi e mandar o motorista tocar logo para o endereço que preciso chegar.
Mas, neste dia quente e de início de compras natalinas, não tinha nenhum táxi no ponto. Tinha mesmo era uma fila.
Gente esperando táxis. E um carinha organizando a fila. Entrei nela e fiquei à espera do meu carro, mas comecei a notar que os táxis foram chegando um atrás do outro e em cada um entrava um passageiro, quando muito dois e era assim que o carinha organizador ia abrindo portas e colocando gente dentro de cada carrinho.
O Rio já foi daquelas cidades em que as pessoas se olhavam fraternalmente, enxergavam no próximo um igual e recebia a todos com braços abertos, sem discriminação de raças, de condição econômica, todos eram bem vindos, enfim, o carioca era um povo aberto e solidário, mas acho que a violência crescente fez o povo ficar acanhado, com medo de olhar pro lado e oferecer ajuda, uma mãozinha, uma caroninha digamos assim.
Eu fiquei pensando; Caramba! Neste sol quente, esta fila e cada táxi que chega, entra somente uma pessoa!
Porque será que ninguém pergunta ao outro do lado ou atrás se não está indo para o mesmo lugar, de repente, poderiam dividir o táxi e isso seria bom para eles e, de tabela, para o mundo, já que era menos um carro rodando e emitindo gases! Um baixinho à minha frente entrou sozinho num carro que daria, pelo menos, uns 6 dele ali dentro, pois era um carro de praça enorme.
Claro que meu pensamento de ariana impulsiva e decidida saiu logo pela boca! Virei-me para trás e perguntei à mulher que olhava por cima de mim, ansiosa pela chegada do carro dela, se ela estava indo para Botafogo. Ela respondeu que estava indo para a Glória e eu lhe sugeri que fôssemos no mesmo carro, já que o meu estava chegando naquele momento e era grande também. O motorista disse que a deixaria primeiro e depois a mim. Ela aceitou, adorou e eu mais ainda. E foi assim, tranquilamente, num ar condicionado geladinho como eu gosto, que cada uma chegou contente ao seu endereço.
Agora me digam, não poderia ser assim a vida; simples, dividida, menos individualista, descomplicada e ainda um pouco menos poluída! Eu acho que de tanto a gente ler, falar, debater e pensar, principalmente, em alternativas para um planeta melhor, sem perceber ,as coisas vão se ajustando na nossa cabeça e nossos atos acabam sendo assim, mais lógicos e usando as coisas com consciência.
Poxa, um carona pode representar menos um carro na rua, que além de diminuir a poluição, ajuda a diminuir também o engarrafamento! Vocês não acham que é melhor ser solidário do que solitário,em alguns casos?
Se gostou da idéia, pratique-a também.
Isso é legal .................. Google Brasil em SP ajuda, estimulando caronas nas empresas, mostrando quem mora mais perto de quem.
E o Chacrinha estava certo: "Quem não se comunica se estrumbica!"
16 comentários:
Web-mae, aqui isso eh muito comum - eh chamado de "car pool". As pessoas que moram perto uma das outras, planejam de irem e virem do trabalho juntas.
Eu ja fiz isso durante uns 6 meses com uma menina. A gente se encontrava num estacionamento do mall e uma semana eu dirigia o meu carro, na proxima, era a vez dela dirigir o carro dela.
Mas... confesso que prefiro dirigir sozinha. Nao gosto de depender dos outros, sair mais cedo pra encontra-los e tudo mais. Prefiro ter minha propria rotina e nao me desviar - pra mim, eh meio incomodo. Entao, a nao ser que seja algo com uma super amiga minha, acho que nao o faria novamente.
E isso de dividir um taxi ou carona com um estranho, confesso tb que jamais faria. Nao confio mesmo, nem aqui, e me sentiria incomodada.
bjos
Beth, você é f***, no bom sentido! Muito bom!
Mas antes, queria salientar que MORRO de inveja de ler seu relato sobre a viajem de catamarã, com o ventinho geladinho no rosto... Apesar de eu não gostar de calorão, e estar suada/melada o tempo todo, pelo simples fato de náo të-lo, sentimos mais falta.
Não sei se ele já postou aqui, mas o Léo, que mora no freezer vizinho ao meu, a Finlândia, também se inspirou no seu post... Muito lindo o que ele escreveu, veja lá!
beijo de esquimó
E pensar que mais uma vez a senhorita estava aqui, pertinho de mim, AGORA PERTO DO MEU TRABALHO, rs e ainda não nos conhecemos!!
Adorei sua ideia, seu pensamento coletivo! Parabéns!!
beijos
Oi Beth! Bom dia! Admirável a sua proposta, muito válida, mas confesso que ainda tenho medo de aceitar ou oferecer carona, mesmo vivendo em uma cidade pequena como a minha. Tomara que as coisas mudem prá melhor!
Grande beijo!
Beth, acho que mujita gente também nao pergunta por medo, talvez por seguranca sei lá.
Mas seria tao bom que pudéssemos viver uma vida mais segura.
Um beijao
Lucinha,
Lá em Petrópolis, por várias vezes, eu e marido oferecíamos carona a alguém que estava no ponto próximo à nossa casa. Claro que a gente olhava antes e se era uma mulher com filhinho ou alguém mais idoso, isso era normal, sempre fazíamos.
E quanto à carona num táxi, oras, não vejo problema, afinal estaremos em três, ou seja, eu, a pessoa carona e o motorista do táxi.
Não consigo ver mal nisso de jeito nenhum e se o carona resolve aprontar, tem eu e o motorista para botá-lo pra fora.
bjs
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Camilinha,
Já fui lá no Léo ver. Ele é admirável no seu modo de escrever e ver a vida. Virei fã desse meu conterrâneo.
beijos
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Barbie,
Menina, eu saio no Rio, louquinha pra chegar ao lugar onde preciso, sinceramente, não tenho a mínima vontade de ficar zanzando por ali, mas se vc fica perto, qualquer dia, quando eu for de novo, te ligo pra gente chupar um picolé Eskibon. Que tal!
beijos
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Elaine,
É como eu disse acima, temos que olhar primeiro e ver a quem podemos oferecer a carona.
Não consigo entender uma cidade pequena e tranquila com cada ser humano dentro de um carro grande, se locomovendo pra lá e pra cá.
Eu vi isso em Washington e fiquei boquiaberta, pois nem ônibus coletivo eu vi ali. Ou era metrô ou carro aos montes.
Experimenta isso, você vai ver que não é tão terrível assim.
beijos
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Georgia,
Minha linda, aqui no Brasil pode até ser preocupante por conta da violência, mas aí nesta Alemanha organizada, acho que deveria ser lei oferecer carona a quem está em ponto de ônibus.
beijinhos
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OI WEb mãe, tudo bem?
Isso era bem comum no meu bairro, onde morava no interior de Sampa, quem passava ed carro e tinha um conhecido, dava carona... muito legal...
Eu entrei no blog, e que história linda, agora entendo o porque do Universo nos unir, somos muito parecidas mesmo, estou meio que nessa fase, fiz 26 mas são tantas coisas pra fazer ainda..
Bjusss
Beth, muito boa a sua iniciativa e não é só ariana que é impulsiva. Taurina também! rsrsrsr Já dei muita carona, já meiei táxi (também não acho que seja perigoso) e fico abismada com a quantidade de carro que roda apenas com o motorista, todos indo pra um mesmo lugar. Mas as pessoas ainda não se conscientizaram.
Realmente é chato se dar carona, esperar a pessoa, ou ir com outra dirigindo, talvez de uma maneira que não se goste, uns mais prudentes, outros menos, tem seus inconvenientes, sim. O ideal seria que todas as metrópoles (pelo menos) tivessem um bom sistema de metrô ou ônibus confortáveis, que fizesse com que as pessoas largassem carros na garagem e usassem o coletivo. Mas aqui no Brasil..vai sonhando!!! Bj
Beth,
Muito boa sua ideia.
Carona para desconhecidos pode dar insegurança e até medo.
Mas dividir taxi acho que é tranquilo e é bom para todos.
Beijo.
Que ótima cidadã você é! Ideia muito boa essa de partilhar táxis. Aqui também muitas empresas favorecem esse tipo de carona entre colegas que vivem perto. Acho ótima ideia também.
Adorei também sua foto e sua história lá no blog Borboleta na Suécia! Linda e achando que estava velha, hihi
Adorei o seu incentivo!
Bjs
Sinceramente, Beth, a poluição que me desculpe, mas dividir um taxi no Rio com um desconhecido é uma temeridade...
Isso aqui, querida, é terra de ninguém!
bjnhs
Ô ML,
Mas não é sair por aí oferecendo carona, mas se tiver parada num ponto de táxi, como eu estava, isso não é problema nem transtorno, pois todo mundo que ali estava queria apenas esse objetivo e sair daquele caldeirão quente à céu aberto.
Eu entendo que numa cidade como o Rio, isso não é muito praticado, dá medo mesmo, mas como disse, se estaremos em três, (motorista, você e o carona) aprontou - sai fora do carro rapidinho!
bjs
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Beth estou aqui rindo porque pensei: isso é coisa de quem mora no interiooooorr!! rsrs esqueci que vc veio de Petrólis. Aqui no interioooorr é comum as pessoas chegarem nas filas dos ônibus e perguntarem se alguém quer rachar o taxi, para chegar mais rápido pois o serviço do coletivo é péssimo. E normalmente o taxista volta fazendo lotação, ou seja, cobra por cabeça o preço do coletivo. Eu aqui às vezes dou carona, e as vezes as pessoas querem pagar como se fosse o coletivo, mas nunca aceito, fica em troca o bom papo com o nativo e informações que de outra forma não saberia. Porém no Rio de Janeiro, eu já começo a temer o motorista de taxi, pois já soube de cada história, então seleciono um idoso, cabelos brancos, nunca taxi parado, placa, por aí; quanto a oferecer carona nem tanto problema, mas não é comum no centro ou bairro do Rio ter fila para taxi, tvz na praça XV, rodoviária (não é aconselhável, há malandros demais ali). A melhor solução foi a da Suécia, eles fazem o mesmo método das bicicletas, com um cartão vc tira um carro apenas para ir aonde não haja coletivo e é imprescíndível o carro, que é de todo mundo, ninguém precisa sair de casa com seu próprio carro pra cidade. Para nós brasileiros, isso ainda vai demorar muiiiito, estamos há anos luz dessa conscientização, e bons serviços de transportes.
Beth,
Concordo, o Velho Guerreiro tinha toda razão.
Beijos,
Bela atitude!
Além de tudo é importante sair da teoria e por nossas idéias em prática!
Também não vejo nenhum risco...
Beth, concordo demais, e que ótima iniciativa a sua.
Outro dia aqui a galera da escola conversando e o povo dizendo que não dava pra viver sem carro aqui, e eu com cara de "como assim?!!!"
Sistema de transportes bem melhor que no Brasil, os ônibus organizadinhos, com câmeras, passam quase sempre no horário certo, então não temos de ficar esperando ao deus dará nas paradas, e chegam no horários certinho, salvo raras excecões, mas quando tem excecão digamos que atrase aí uns 10 minutinhos, isso aqui por onde eu moro, não sei no resto da Noruega, e o povo reclamando, sei não.
Daí eu disse que não via necessidade de um carro pra mim já que moro onde passa ônibus, sim, porque tem o detalhe de ter gente que mora em lugares mais afastados onde nem sempre passa ônibus, então o carro é necessário, mas não era o caso de nenhuma das minhas colegas, e falei da poluicão, da economia, mas não concordaram, que se dane o planeta, o importante é ter um luxinho, tenho visto demais isso e acho um atraso de pensamento.
Ah se muitos tivessem atitudes como a sua.
Beijo
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