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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Aprender a morrer antes de morrer


Presumo que todos as pessoas que têm animais em suas casas, principalmente os de estimação, sofrem muito com a ausência do mesmo quando se vai. E comigo não está sendo diferente, pois desde a sexta-feira que a toda hora me vem a imagem da Emmy à cabeça e algumas lembranças dela no decorrer de sua vida lá em nossa casa. Tanto é que neste final de semana, vez ou outra eu tinha impressão que algo caminhava lá fora pela grama ou se fazia algum barulhinho diferente na parte de trás da casa, onde ela gostava de se embrenhar por uma encosta em meio às plantas e arbustos, pensava logo que era ela andando por ali, mas era só impressão ou podia ser um outro bichinho silvestre que é bem comum por aquelas bandas de florestas.

Fiquei triste mesmo e sinto como se tivesse faltando algo naquela casa agora, mas não vou substituir a falta que ela me faz por outro cão, afinal eu tenho consciência de que não é bom deixar um animal sozinho, sem companhia diária de gente numa casa grande. Prefiro deixar como está e me acostumar com esta nova realidade. Ainda tem por lá a tartaruga Ralfie e agora, provavelmente os esquilos voltarão a passear com tranquilidade pelo jardim, já que a 'dona da casa' não está mais ali para afugentá-los.

Mas, gente, triste mesmo foi o encontro rápido que tive também neste final de semana com uma moça, muito gente boa que eu conheço lá da cidade e que era massagista e durante algum tempo, utilizei seus serviços de shiatsu e drenagem linfática.
Eu olhei para ela e quase não a reconheci, estava com os cabelos curtíssimos e até bonitos, num corte moderninho, ainda um pouco inchada no rosto e no corpo por causa da cortisona que tomou e as medicações para o câncer de mama que teve ano passado, tendo que inclusive extirpar a mama esquerda. Ela é uma moça muito bonita, clara e cabelos loiros e ainda bem jovem, aproximadamente 40 anos.
Contou-me isso assim, de sopetão, e eu demorei até para assimilar tudo, me disse que ainda não teve como colocar a prótese, talvez falta de dinheiro, não sei, mas disse-me que iria fazer isso daqui há algum tempo e que estava se restabelecendo do furacão que passou em sua vida, quase levando-a embora deste mundo e prejudicando sua profissão de massagista.
Fiquei realmente penalizada e mais ainda quando me contou que o companheiro a deixou no meio disso tudo, no momento em que mais precisava dele, do seu apoio como ser humano.
Sujeito cretino, pensei eu e falei pra ela de imediato, sem me conter!

Cá entre nós, mas já repararam quantas mulheres se encontram numa situação dessas e são abandonadas pelo marido ou amante! Como são fracos alguns homens diante de doenças e da morte!
Já as mulheres, não! Pelo contrário, algumas até cuidam dos homens, mesmo tendo se separado muitas vezes antes e terem vivido algum tempo distantes, mas na velhice e na doença acabam retornando às suas antigas famílias, pois já vi e ouvi casos assim.
O mesmo ocorre com as mulheres que estão em presídios. Quase não se vê filas em visitas à presidiárias, mas passem na frente de um presídio masculino em dia de visitas. Estão lá, mulheres mães, amantes, esposas, filhas ou amigas. São bem mais solidárias diante da dor e do sofrimento humano, sem sombra de dúvida.

O fato é que fiquei também muito triste por ver a situação difícil em que aquela moça tão legal, trabalhadora e digna atravessou e não merecia de jeito nenhum o abandono. A isso juntou-se a tristeza com a morte da minha cachorra, então não foi um lindo final de semana, pois estive diante de casos em que mexeram com a minha cabeça e me fizeram pensar muito no sentido da vida e da morte e dos sentimentos que de uma hora para outra afloram em nossas vidas.

Li este ditado zen, tradicional do Japão e acho que serve bem para o momento:

"Precisamos aprender a morrer antes de morrer para começar a viver”



15 comentários:

Lu Vaz disse...

outro dia eu conheci a Laura, q passou pela mesma coisa e so reconstruiu a mama depois de 7 anos de delcarada curada. mulherão. e o marido dela.. O cara. foi um presente de Deus para mim.

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Beth triste mesmo o que aconteceu com ela. Mas vc escreveu uma grande verdade: Há homens que nao suportam uma situacao dessas e abandonam a pessoa no momento em que ela mais precisa de alguém. Sao pessoas fracas e covardes.
Todos os dias, as portas se abrem
e elas também se fecham para as vidas.

Um beijao e espero que vc possa estar melhor depois desse desabafo.

Luma Rosa disse...

Beth, nem me fale! Antecipadamente já começo a me entristecer! Sei bem como se sente! O Max está com uma sobrevida e sofro também, ao pensar nos meninos em casa, que cresceram olhando para este cão.
Quanto às mulheres abandonadas; talvez essas devam agradecer aos céus, esses estrupícios terem se afastado! Já pensou, velho, caquético e sem amor para dar? Ainda bem, que as mulheres possuem melhor capacidade de superação! Eu rogo à Deus, que estes homens desnaturados, fiquem todos broxas! (rs*) Desculpe, não resisti! Boa semana! Beijus,

Camila Hareide disse...

Beth, sinto pela sua perda... Um bichinho é um membro da família, que passa a vida nos dando amor incondicional. É difícil mesmo...

E quanto ao resto do seu relato, acho que o fato de a moça estar aqui prova a resiliência do ser humano, acima de tudo das mulheres - chamadas de sexo frágil. Rárá, que ironia, quando são os marmanjos barbudos os primeiros a fazer pipi nas calças quando enfrentam esse tipo de "ameaça".

Enfim, o tempo cura tudo.

Um beijo e fique bem!

Sonho Meu disse...

Sua cachorrinha morreu? Imagino a sua dor, pois o meu Willy boy se foi em janeiro e nao tem um momento da minha vida que nao me lembre dele. As suas cinzas estao guardadas dentro de uma caixinha lacrada de madeira no quarto do comptador. As vezes a noite praticando o meu piano sinto a sua presença, nao sei explicar como...mas sinto. É a minha companhia invisisvel.
Quanto aos covardes que se vão é melhor que se vá mesmo, pois nessas horas a gente ver quem é amigo, leal e quem nos ama.
Melhoras !
bjs

ML disse...

E tb reconhecer a diferença entre problemas reais e chatices recorrentes.

Lembrei de uma música dos Titãs: "queria ter reclamado menos dos meus problemas pequenos..."

bjnhs

Lia Noronha &Silvio Spersivo disse...

Beth: estamos sempr eaprendendo com as perdas..a vida é feita delas...Abraços carinhosos pr ati d e boa semana.

Heloísa Sérvulo da Cunha disse...

Beth,
Muito bom esse ditado zen. Mas difícil de ser seguido, pois não gostamos muito de falar sobre a morte, e muito menos de nos prepararmos para ela.
Essa história que você contou das mulheres que, embora separadas, cuidam dos ex-maridos doentes, é muito comum mesmo. Eu também já conheci algumas.
Espero que já tenha melhorado seu astral, e que tenha uma boa semana.
Beijo.

Wilma disse...

Beth que coisa difícil essa moça passou. Quanto ao marido tê-la abandonado, é uma covardia, mas muitas vezes a própria mulher não quer mais o companheiro, e se ele não tiver sabedoria e amor, fica complicado.

Flávia Fayet disse...

Ah Beth to aqui com o coração apertado! Lamentando a partida da sua cadelinha e essa história da moça... Lembrei-me de qdo tiver cancer em 2005. Até então eu e meu atual namorido apenas "ficávamos" aleatóriamente, já moravamos em cidades diferentes e ele tinha outra pessoa... Mas qdo fiz a cirurgia para retirar o rim, ele veio me apoiar e desde então estamos juntos!
Ele disse q ali ele percebeu o qto me amava e o medo enorme q sentiu de me "perder"! Recebi (e recebo) total apoio dele para qualquer coisa! Mas tem mto homem canalha mesmo como esse ai da sua conhecida...

Agora dá licença q vou enxugar as lágrimas... 4 anos depois ainda me emociono com td isso!

beijão

Dani dutch disse...

OI Beth, mas que absurdo não, isso me revolta, o momento em que ela mais precisava dele, o emocional dela, imagina como não estava nesse momento entre a vida e a morte.
Nós mulheres agimos mais com nossos corações, somos muito mais soladárias em tudo mesmo.
Isso me fez lembrar de um tio que arrumou uma amante, comprou uma casa para amante e os 4 filhos dela, mobilhou inteira, e quando o dinheiro da conta conjunta deles ( tia-tio) estava quase acabando que minha tia foi perceber o fato.
bjusss

Lúcia Soares disse...

Beth, esse mundo é muito cruel, mesmo. Também compartilho do seu pensamento de não ter mais cães em casa, o que fiz, já 4 anos depois que a minha morreu.
Maridos que abandonam mulheres doentes e mulheres que cuidam de ex-maridos (por serem pais dos seus filhos) também conheço, uma inclusive na família do meu genro.
Tudo é muito triste. Mas também, realmente, tudo passa. Bj

Isabel disse...

Beth, eu também conheço histórias de maridos que abandonam as mulheres em casos de doença. Que atitude mesquinha e só mostra a alma podre desses homens. São raros os casos contrários, de mulheres que abandonam homens doentes, paraplégicos ou com qualquer tipo de problema. Muitos homens não têm estofo para enfrentar situações difíceis da vida. Achgo que o sexo forte muitas vezes acaba por ser o feminino. Tudo de bom para essa sua amiga e lamento a perda da sua Emmy.
Bjs

Laura disse...

Oi Beth,
meus sentimentos pela sua Emmy. Sei bem o q vc està sentindo pois assim que mudei pra ca, meu cachorro morreu de tristeza. Poucas foram as vezes que fui ao Brasil depois disso, mas cada vez q chegava na porta e nao via ele la abanando o rabinho de felicidade era muito triste.

Beijos e espero que vcs fiquem bem.

Silvia Masc disse...

Lamento Beth, fique bem.

beijinho