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domingo, 31 de maio de 2009

Só um docinho, uai!


Humm, agora entendi porque minha amada mãezinha sempre tem que transformar um resto de frutas em docinho, compota ou apenas um mimo açucarado! E eu tenho que lembrá-la que não pode, tem que se ter cuidado com o colesterol, com o engordar, com o açúcar!
Na semana passada ela me esperava na volta de Petrópolis com um pudim de leite condensado de babar, na geladeira. Simplesmente, irresistível! Ela sabe que o genro adora essa sobremesa e não perdeu tempo para agradá-lo e com isso, realizar seu sonho de doceira que anda amarrado ou proibido nos últimos tempos.
Mas, vejam o texto do Pedro Nava abaixo, lindo, doce, gostoso e o verdadeiro sabor da cozinha mineira.
Ele explica toda essa mania que as mães mineiras trazem em suas memórias genéticas e transformam para suas famílias, em mimo ao coração.
Você irá ficar ennnnnnlouquecido com a descrição dos variados doces que existem naquela terra!


A cozinha mineira, pouco abundante nos pratos de sal, que ficam nas variações em torno do porco, do toucinho, da couve, do feijão, do fubá e da farinha - é de uma riqueza extraordinária em matéria de sobrepastos. Hoje tudo mudou e minguou. Mas lembro-me bem da mesa de minha avó materna, em Juiz de Fora, onde a Inhá Luísa, da cabeceira, podia olhar a ponta dos meninos e das compoteiras, de que havia, ao jantar, umas quatro ou cinco repletas de doce. Menos, era penúria.

E que doces... Os de coco e todas as variedades, como a cocada preta e a cocada branca, a cocada ralada ou em fita, a açucarada no tacho, a seca ao sol. Baba-de-moça, quindim, pudim de coco. Compota de goiaba branca ou vermelha, como orelhas em calda. De pêssego maduro ou verde cujo caroço era como um espadarte no céu-da-boca. De abacaxi, cor de ouro; de figo, cor de musgo; de banana, cor de granada; de laranja, de cidra, de jaca, de ameixa, de marmelo, de manga, de cajá-mirim, jenipapo, turanja. De carambola, derramando estrelas nos pratos. De mamão maduro, de mamão verde - cortado em tiras ou passado na raspa. Tudo isto podia apresentar-se cristalizado - seco por fora, macio por dentro e tendo um núcleo de açúcar quase líquido.

Mais. Abóbora, batata roxa, batata doce em pasta vidrada ou pasta seca. Calda grossa de jamelão, amora, framboesa, araçá, abricó, pequiá, jaboticaba. Canjica de milho-verde tremendo como seio de moça e geléia de mocotó rebolando como bunda de negra. Mocotó batido, em espuma que se solidifica - para comer frio. Pamonha na palha - para comer quente, queimando os dedos. Melado. Tudo isto variando de casa para casa, segundo os segredos de suas donas e as invenções de suas negras - se desdobrando em outros pratos, se multiplicando em novos. Dos aristocráticos, com receitas pedindo logo de saída trinta e seis gemas, aos populares, como o cuscuz (só fubá, só açúcar, só vapor d'água e tempo certo) e como a "plasta" de São João del Rei (só fubá, só rapadura, só amendoim e ponto exato) - que tem esse nome pelo seu aspecto de bosta de boi, do emplastro que forma no tabuleiro quando cai da colher de pau.

E a abóbora da noite de São João? Era aberta por cima, esvaziada dos fiapos e caroços, cheia de rapadura partida, novamente tampada, embrulhada em folhas de bananeira e enterrada a dois palmos de fundo, debaixo das grandes fogueiras. Aí ficava duas, três horas e quando saía dessa moqueada, tinha cheiro de cana queimada e gosto ainda mais profundo que o das castanhas. Comia-se no fim das festas de junho bebendo crambambali e cantando até cair ao pé das brasas que morriam. O crambambali é bebida sagrada - um quentão legitimamente centro de Minas. A receita? Uma travessa cheia de pinga, rodelas de limão, lascas de canela e rapadura. Toca-se fogo na cachaça e deixa-se esquentar bastante. Apagar, coar e servir em canequinhas de gomo de bambu.

Pedro Nava, em "Baú de Ossos"


19 comentários:

Dani dutch disse...

Beth o povo de casa também, é doce de mamão, de batata, de leite, pão doce.. humm que saudade...
Bjusss

Heloísa Sérvulo da Cunha disse...

Beth,
Que doce é muito bom, é verdade.E que também está associado a mimo, a agrado, também é.Pena que tenha que ser controlado, não?
Beijos

Lucia disse...

Sabe o que estava morrendo de vontade de comer e nao tive oportunidade qdo estive ai? Cocada branca. Fico com agua na boca so de pensar.

E tb adoro um pudim de leite. Izabel faz um maravilhoso por aqui e nem da pra fugir das calorias dele, eh irresistivel. Bjos

Luciana disse...

Ih, minha mãe que não é mineira não tem mão boa pra doce não, eu também não tenho, e tenho uma preguica de fazer sobremesa...
Pudim amo demais. Aqui meu paladar que já não era muito dado ao excesso de acucar nas sobremesas, ficou pior (ou seria melhor?), então leite condensado passo longe, mas me deu uma vontade de fazer um pudim agora. Aqui também a gente compra uns pudins em caixa mas não são muito doces, e usamos uma calda de caramelo pra colocar um saborzinho mais acucarado, eu gosto, mas o pudim de leite como fazemos no Brasil, e com ameixa, nossa, bom demais.
Eita, tõ de dieta.

Beijo Beth, um bom domingo pra você.

Lu Vaz disse...

amo um docinho....mousse, pavê..pudim.. bom demais!beijos doces, querida!

Sonho Meu disse...

Beth,
Tem um selinho pra ti la no SM.
bjs,
me

aminhapele disse...

E depois dizem que eu é que sou guloso...

Cristiane A. Fetter disse...

Eita nóis.
bjks

Meire disse...

Menina que tentaçao...To aqui salivando...
Doce de pessegos verdes é uma delicia e poucos sabem fazer.

Bjs

Meire

Meire disse...

no comentario anterior esqueci de colocar minha homepage...

Meire

Anônimo disse...

hummmm
uma coisa que fiz aqui ha umas duas semanas, foi ambrosia. conhece? eh feito com leite talhado...
hummmm tudo de bom... tinha me esquecido de como eu adorava quando vovoh fazia esse docinho...
ai que saudades...
beijos!

Fátima disse...

Saudades docê minha queridinhaaaaaaa!!!
Ai, ai doce é tão bommmmm e como aquece a alma, não é? Apesar da culpa, tento lembrar-me de quem estava no TITANIC e recusou a sobremesa, triste fim.
Sábado a noite, maridão e filhotes foram para o futebol, resolvi não pedir a santa pizza e fiz um pão na minha magnífica panificadora, mas e o doce??? Enquanto a maquininha trabalhava para mim, fiz um bolo de fubá. Nada como um sábado light...rssssssss. Qdo chegaram só ouvia os comentários, hummmm que cheiro bom. Coisinhas simples que deixam boas lembranças não é?
Hora de trabalhar, aqui tá uma chuvaaaaaaa.
Mil beijinhos doces!!!

Mila Olive disse...

Ai que delícia!!! Eu prefiro salgado a doce, mas também não resisto a um pudinzinho de leite ou uma tortinha de limão ou a um docinho de abóbora.. ai ai ai!!!

beijos

Lúcia Soares disse...

Tô aqui "dando tratos à bola" pra começar a falar do meu Estado, que eu amo tanto. Deferentemente do que o texto diz, temos uma variedade enorme de pratos salgados. E nem sabia qeu somos considerados fortes nos doces. Pra mim, cocada era idéia da Bahia, veja só!

♕Miss Cíntia Arruda Leite ღ disse...

Início de mÊs, tentando fazer uma dieta e vc vem com toda essa tentação!!
Que água na bocA!! hummmm

bjs e um feliz mês novo, mês que amo, por ser o mÊs do amor e do niver do meu pequeno príncipe!!

Anônimo disse...

acabei de comprar um docinho "cajuzinho" aqui na padaria do lado do meu trabalho...
hummmm
delicia...
beijos.

ML disse...

Oi, tudo bem Querida?

Estava na casa da minha mãe (daí o porquê do sumiço).

Lá é um "spazinho" de engorda: tudo a ver com este post que só de ler abre o apetite pra qualquer coisinha docinha, gostosinha e com várias calorias...

Como minha geladeira "vive" vazia vou ao supermercado, com fome, agora (tentando resistir às tentações ;>)

bjnhssssssssssssssssss

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Quanta maldade comigo, rs. Eu adoro esses doces de compota.

bjus

Ana disse...

Nesta semana começa a FENADOCE, em Pelotas!

É uma bela festa, cheia de tentações!

Vem adoçar a vida!!

:)))