O beijo da quilha
na boca da água
me vai trocando entre céu e mar,
o azul de outro azul,
enquanto
na funda transparência
sinto a vertigem
de minha própria origem
e nem sequer já sei
que olhos são os meus
e em que água
se naufraga minha alma
Se chorasse, agora,
o mar inteiro
me entraria pelos olhos.
Mia Couto
(Na boca da água)
4 comentários:
Olá Beth, tudo bem?
Passando para lhe desejar uma excelente semana!
Bjos
Lu
Fiquei feliz por esta surpresa:
Mia Couto,já chegou aí!
Boas leituras.
Rui,
Sim amigo! Adoro ler os blogs portugueses e seus poetas.
abraço
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Uma "pequenina" correcção:Mia Couto é moçambicano e,já publiquei isso em qualquer lado,provocou-me,a mim próprio,uma grande surpresa.
Eu só conhecia os seus textos,quando tive oportunidade de ir a uma conferência em que Mia Couto participava.
Estive,durante cerca de meia hora,a pensar que Mia Couto não tinha vindo.
Eu tinha "interiorizado" que se tratava de uma mulher!
E,na Mesa da conferência,não havia mulheres!
Só quando ele falou dei pelo "erro"!!!
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