Ela chegou assim meio esbaforida, tanto do calor que já fazia aquelas horas, quanto pela explicação que queria me dar pelo atraso, pois já eram quase 10 da manhã.
Tô falando da minha nova secretária do lar, melhor dizendo, faxineira mesmo.
Ela é baixinha, perninhas grossas, tronco também, usa umas mini-saias bem justinhas e tem aquele sotaque paraibano distingüível, mesmo sem precisar abrir a boca. Ela é bem legal!
Ligeirinha como ela só, passa muito bem as roupas e depois pega na faxina geral, intercalando vez ou outra para tomar o cafezinho que deixo pronto na garrafa térmica e que, segundo ela, é "ótemo"! Gosta também de um cigarrinho, mas já avisei que só pode fazer isso na varanda dos fundos e quando for embora levar o lixo também. Não gosto do cheiro de cigarro dentro de casa.
Coitada, mora longe prá variar! Pros lados de São Gonçalo que é, digamos assim, a "Caxias de Niterói". Esse povo sofre mesmo! Ainda ontem, disse-me ela, teve mortes bem em frente à sua casa com direito ao Caveirão da polícia prá lá e prá cá e muito medo de circular ela e a filha adolescente que ainda mora com ela. Perdeu o marido há dois anos de enfarte. Ela deve ter uns 45 anos e já é avó. Seu filho teve com a moça que mora com ele uma menininha chamada Ana Beatriz e ela me disse assim que começou a trabalhar aqui (1 mês mais ou menos) que a garotinha havia nascido naqueles dias.
Pois bem, hoje ela já me diz que a nenézinha está internada - com pneumonia.
Já viu, né! Garotos inexperientes brincando de ser pais, saindo com um calor desses com a criança para todo lado e depois entrando em lojas com ar-condicionado e à noite ventilador no barraco porque ninguém é de ferro! Não pode dar outra coisa e quem sofre, como sempre, são as criancinhas. Mal nascem e já enfrentam o mundo-cão.
Eu escuto suas lamentações, dou conselhos, adianto-lhe mais dez reais que ela me pede prá ajudar o filho a comprar remedinho prá menininha; dou uma blusinha vermelha prá ela de presente; ela toma mais um cafezinho e já está na hora de ir embora. Vá com Deus!
A faxineira daqui não tem diferença nenhuma da faxineira do outro lado do mundo. Todas têem quase sempre a mesma história de vida. E eu, tal qual a "patroa" do lado de lá, estou ligada a esta pessoa, mas ao mesmo tempo distante, separada por uma fronteira intransponível chamada destino.
O comentário de hoje (verídico) faz um paralelo com o romance de Thrity Umrigar - A Distância entre Nós - "um comentário social imprescindível sobre a Índia e o mundo contemporâneo" -
Não deixem de ler este romance.
Tô falando da minha nova secretária do lar, melhor dizendo, faxineira mesmo.
Ela é baixinha, perninhas grossas, tronco também, usa umas mini-saias bem justinhas e tem aquele sotaque paraibano distingüível, mesmo sem precisar abrir a boca. Ela é bem legal!
Ligeirinha como ela só, passa muito bem as roupas e depois pega na faxina geral, intercalando vez ou outra para tomar o cafezinho que deixo pronto na garrafa térmica e que, segundo ela, é "ótemo"! Gosta também de um cigarrinho, mas já avisei que só pode fazer isso na varanda dos fundos e quando for embora levar o lixo também. Não gosto do cheiro de cigarro dentro de casa.
Coitada, mora longe prá variar! Pros lados de São Gonçalo que é, digamos assim, a "Caxias de Niterói". Esse povo sofre mesmo! Ainda ontem, disse-me ela, teve mortes bem em frente à sua casa com direito ao Caveirão da polícia prá lá e prá cá e muito medo de circular ela e a filha adolescente que ainda mora com ela. Perdeu o marido há dois anos de enfarte. Ela deve ter uns 45 anos e já é avó. Seu filho teve com a moça que mora com ele uma menininha chamada Ana Beatriz e ela me disse assim que começou a trabalhar aqui (1 mês mais ou menos) que a garotinha havia nascido naqueles dias.
Pois bem, hoje ela já me diz que a nenézinha está internada - com pneumonia.
Já viu, né! Garotos inexperientes brincando de ser pais, saindo com um calor desses com a criança para todo lado e depois entrando em lojas com ar-condicionado e à noite ventilador no barraco porque ninguém é de ferro! Não pode dar outra coisa e quem sofre, como sempre, são as criancinhas. Mal nascem e já enfrentam o mundo-cão.
Eu escuto suas lamentações, dou conselhos, adianto-lhe mais dez reais que ela me pede prá ajudar o filho a comprar remedinho prá menininha; dou uma blusinha vermelha prá ela de presente; ela toma mais um cafezinho e já está na hora de ir embora. Vá com Deus!
A faxineira daqui não tem diferença nenhuma da faxineira do outro lado do mundo. Todas têem quase sempre a mesma história de vida. E eu, tal qual a "patroa" do lado de lá, estou ligada a esta pessoa, mas ao mesmo tempo distante, separada por uma fronteira intransponível chamada destino.
O comentário de hoje (verídico) faz um paralelo com o romance de Thrity Umrigar - A Distância entre Nós - "um comentário social imprescindível sobre a Índia e o mundo contemporâneo" -
Não deixem de ler este romance.
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