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domingo, 31 de agosto de 2014

A infância roubada dos meninos de Bangladesh.


Numa das revistas National Geographic deste ano, li uma reportagem que me chocou e me sensibilizou demais, porque se trata ainda do trabalho em condições sub-humanas, sem a menor preocupação em proteger aqueles que a exercem, utilizando meninos, quase crianças ainda.  Percebe-se nas entrelinhas que há muito mais do que foi dito, visto ter sido uma reportagem investigativa onde o autor Peter Gwin a fez de forma discreta e quase escondido, pois o tema lá é proibido, há uma máfia de poucas famílias que dominam este setor de exploração em Bangladesh, na Índia.

Estou falando do desmonte de navios oceânicos que pertenciam às grandes empresas européias e americanas, mas que para realizá-lo ao fim de sua vida útil, num processo bem regulamentado, fica mais caro, então mais uma vez, eles não estão preocupados com a consequência do que vai acontecer com seu lixo industrial. Enviam, também, para lugares como a Índia, Paquistão, China, Turquia, onde o trabalho é barato e a supervisão mínima.

E o que vemos na reportagem, através das imagens do sensível fotógrafo Mike Hettwer, é o descompasso do nosso desenvolvimento tecnológico sobre a desigualdade humana e a exploração de crianças nos lugares mais remotos e desesperançados do mundo. Como e quando conseguiremos uma sociedade global mais igualitária e sustentável? Através das imagens abaixo, podemos observar que caminhamos a passos largos para a destruição do planeta e do próprio ser humano, vejam:

Nesta imagem podemos ver o desmantelamento de um desses gigantes navios que têm em média 25-30 anos de idade e que a reparação torna-se economicamente inviável, portanto trabalhadores passam vários meses cortando partes destes navios para sucata. Quando caem, espalham fragmentos de aço no entorno. Os meninos que fazem este trabalho internamente no navio, precisam ter a idade máxima de 14 anos e serem magros para entrarem em espaços mínimos e fazerem os cortes necessários para o desmonte, no entanto muitos deles saem feridos gravemente ou perdem suas vidas precocemente.
Navios e homens atolados na lama, um trabalho sujo e perigoso que atrai enxames de trabalhadores das regiões mais pobres de Bangladesh, usando tochas de acetileno para cortar as carcaças em pedaços menores e que depois serão transportados por outra equipe de carregadores para longe da praia de lama, sendo derretidos e usados em vergalhões para a construção civil.

A carinha dos meninos de 14 anos, utilizados para o trabalho no interior dos navios que, além de serem mão de obra mais barata, sabem menos sobre os perigos e seus pequenos corpos permitem acessar os cantos mais apertados dos navios.

Cascos destes navios, colhidos em placas e que pesam mil quilos ou mais, são carregados por rolos improvisados para os caminhões e serão transformadas em barras de aço para a construção civil.

Os transportadores passam seus dias mergulhados na lama contaminada por metais pesados e partículas de tintas tóxicas.

O que se interpreta nesta reportagem é a dualidade do pensamento inescrupuloso de ambos os lados, tanto do Ocidente que envia e se desfaz de seus navios sucatas para estes lugares, como os poderosos do Oriente, donos dessas indústrias sujas. Os dois mundos sem escrúpulos e desumanos, utilizando da ignorância e a fome de muitos. Um mundo que deita e dorme sem pensar no próximo e nas doenças, mortes e tanta destruição que causam.


Alheios ao risco de câncer de pulmão, os trabalhadores afastam o frio noturno pela queima numa junta de tubulação que provavelmente contém amianto.

-Bangladesh-Tumblr.-


"Ó mundo tão desigual

Tudo é tão desigual
O, o, o, o...
De um lado esse carnaval
De outro a fome total..."



Nesta imagem de satélite vê-se um trecho da costa de Bangladesh, a norte de Chittagong, onde os navios de todo o mundo estão encalhados e desmontados. Oito quilômetros de manguezais foram destruídos para os estaleiros de desmantelamento de navios. 










17 comentários:

Ana Paula disse...

Inescrupulosos e desumanos. Beth eu desconhecia essa mancha horrível em nosso mundo. Lembro-me de um outro post que você fez, com vídeo, sobre a obsolescência programada e a montanha de lixo eletrônico mandado para o continente africano. Acho que não imaginava haver pior...
É vergonhoso, lamentável.
Necessário nos fazer saber. Obrigada!

Alfa & Ômega disse...

Pra você ver Beth,onde formos nesse mundo a vergonha das desigualdades campeiam pelo mundo. Há coisas muito brabas e sérias que nem sabemos. Agora, o que esperar de políticos? Há alguém preocupado com os menos favorecidos? Há alguém preocupado em educação? Aqui, na China que se levanta, qual gigante no mundo, à custa de quê? Sabe, Beth, o mundo é assim, desde que o mundo é mundo! Os poderosos cada vez mais poderosos e o pobre cada vez mais pobre. Eu sou professora e vivo na carne as consequências de maus governantes que nunca se preocuparam com salários decentes para professores e ainda tendo que ouvir um deles dizer que "as professoras não ganhavam mal e sim eram mal casadas" Pode? Um abraço!

Beatriz disse...

Pois é, Beth.....tenho uma enorme aflição quando vejo lugares como a India, assim como a Africa, tão judiados... Eu li sobre este caso em Bangladesh e fiquei igualmente chocada. Mas do jeito que as coisas andam por aquelas bandas, corremos o risco de achar um dia isso normal!!!! As crianças sofrem horrores nesses lugares! Assim também é em certos países árabes, onde os pequenos estão sendo ensinados a pegar em armas e atirar contra pessoas inocentes, pelo simples prazer de matar. Os Jihadistas fazem isso o tempo todo com os pequeninos. Como esse mundo é cruel e injusto com certos povos!

PS: A próxima vez que for ao Rio (matar saudades da terrinha) vamos nos encontrar, nem que eu tenha que ir a Niterói!

Beijinho carioca
Bia

Clara Lúcia disse...

É muito triste que isso aconteça por aí e não podemos fazer nada, pois se trata da cultura do povo. Eles aceitam isso e assim são normais na sua anormalidade. Índia tem seus costumes e suas tradições e quem manda e desmanda são os homens adultos e idosos. O que podemos fazer além de lamentar?
Muito triste, muito!
Beijos, ótima semana!

chica disse...

Isso é revoltante e gritante cada vez mais! Pena que inexiste o mínimo resquício de consciência em quem provoca tudo isso. Até quando teremos que ver cenas assim?

bjs, linda semana, ótimo setembro! chica

chica disse...

Beth, constrastando com o tema forte, vim te avisar que já te "descobriram" por aqui!

http://chicabrincadepoesia.blogspot.com.br/2014/09/e-hoje-as-flores-vao-para8.html


beijos, linda semana! chica

Calu Barros disse...

São cada vez mais estarrecedoras estas cruéis realidades que agora, mais que antes, estão expostas em toda sua infâmia.A sociedade de castas na India segue estabelecendo práticas que chocam a dignidade humana, assim como em muitos outros países do oriente.AS crianças são vistas como mini-adultos e vítimas da cultura e das condições abjetas que afligem a população como um todo e,o trabalho infantil é uma delas; fato que sabemos está disseminado mundo afora.Lastimável, triste e chocante constatação.

Bjos e ótima semana.
Calu

Anne Lieri disse...

Beth,que coisa triste a carinha desses meninos! Fiquei consternada com seu texto,um alerta para o planeta,para todos nós! bjs,

Regina Rozenbaum disse...

Uma tristeza! A gente nem faz ideia, nesse mundão gigantesco, de quanta exploração e desigualdade existe. Por isso faço parte daquele projeto de minha amiga Ieda (que vc generosamente tb ajudou) com as crianças indianas. É pouquinho, mas me dá a alegria de ser uma gota no oceano para minimizar essas diferenças.
Beijuuss Bethita

Maria Célia disse...

Meu Deus, estou chocada, desconhecia completamente este fato.
Triste, desumano, deplorável, é de arrepiar.
Valeu pela informação ainda que desanimadora.
Um beijo, Beth

Marli Soares Borges disse...

Beth,
São tantas as manchas da crueldade que a gente fica meio sem ação, descrente na humanidade. Essa sociedade de castas na India, com suas práticas execráveis é um miasma no mundo. Mas não é só na India, tem mais coisas assim, bem aqui nas nossas barbas, no nosso querido Brasil. E aposto que pouquíssima gente tem conhecimento, porque é muito bem escondido. Estou procurando mais dados para fazer um post. Mas já adianto, também é com crianças.
Em ambos os casos é lamentável, triste e estarrecedora a situação das crianças escravas e abjeta a confortável situação dos poderosos que manejam essa máquina de dor.
Beijos
Marli
http://marliborges.blogspot.com.br

Toninho disse...

Que partilha terrível Beth!
Bem sabemos dos horrores nestes países com relação à população pobre, mas o que fazem às crianças é inacreditável. As fotos vivas nos consternam.
E não muito longe ainda pelo Brasil das queimadas para carvão se tem imagem parecida, ou mesmo nas pedreiras espalhadas pelo nordeste, onde crianças ainda são exploradas e esfoladas, muitas vezes levadas pelos familiares.
É preciso um basta nesta coisa, onde as grandes potencias se unam neste fim.
Grato pela partilha amiga e que Deus possa olhar e interceder por estas crianças.

Meu carinhoso abraço amiga.
Beijo

LUCONI MARCIA MARIA disse...

Beth li, reli, fiquei muda, impotente, e me achando acomodada, gente será que se toda gente que quer salvar estes pequenos não podem se ajuntar numa só voz, chega de hipocrisia, caso a caso teria que ser feito, dane-se quem não gostar, dane-se, tem gente sofrendo, fome, frio, desamparo, perdendo o seu eu, enquanto achamos que temos problemas? Desculpe, me revolto, mas só isso faço, só revolta adianta? Sou covarde a humanidade é covarde, bjos Luconi

Crista disse...

Estou cansada de tanto lixo,de tanta falta de HUMANIDADE...
Passei aqui só para te ver e AGRADECER por não me esquecer!
Beijão...

Luma Rosa disse...

Que horror, Beth!
Não sei o teor da reportagem e não sei se sabe, mas na Índia os filhos mais escuros são rejeitados pelos pais - tanto meninos quanto meninas - pois a sociedade não dá oportunidade para os indianos de pele escura. Muitos casamentos são arranjados pela cor da pele, dos noivos e dos pais dos noivos. Um preconceito fortíssimo dos indianos do norte que os separam da parte sul que é a mais pobre. Os próprios pais inscrevem seus filhos nessas empresas, principalmente se há meninas para casar. A indústria cosmética de clareamento de pele é fortíssima. Há muita podridão no ser humano.
Beijus,

ONG ALERTA disse...

Infelizmente uma dura realidade, no nordeste aqui não é muito diferente.
Beijo Lisette.

Vane M. disse...

Olá, Beth, que realidade triste! Sempre me pergunto como, num mundo repleto de informação e tecnologia, ainda encontramos situações como essa, de exploração e condições subhumanas de vida. Um abraço!