Stanislaw Ponte Preta era seu pseudônimo e como ficou conhecido para sempre, seu nome verdadeiro era Sérgio Porto e suas crônicas satíricas e críticas à época da ditadura militar que, inteligentemente fazia piadas corrosivas contra a mesma e ao moralismo social vigente nesta época.
Morreu cedo, aos 45 anos de infarto, mas deixou suas marcas em crônicas deliciosas como esta que transcrevo abaixo:
A velha contrabandista
Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega - tudo malandro velho - começou a desconfiar da velhinha.
Um dia, quando ela vinha de lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:
- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?
A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu:
- É areia!
Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia.
Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.
Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.
- Mas no saco só tem areia! - insistiu a velhinha.
E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:
- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?
- O senhor promete que não "espáia"? - quis saber a velhinha.
- Juro - respondeu o fiscal.
- É lambreta.
* Não deixem de ler mais sobre este incrível carioca, Stanislaw Ponte Preta, aqui.
24 comentários:
Também gosto de curtir o carnaval em casa, assisti um filme, comer algo gostoso, altamente engordativo rsrsrs Enfim, folia não é comigo! Adoro essa crônica, sempre me arranca risadas quando leio!!!
Então, deixo a você meus votos de bom descanso!!!
Bom dia Beth!
Stanislaw para sempre.
Ler para conhecer mais.
Essa da lambreta foi fantástica.
Xeros
Oi querida
Isso sim é aproveitar o feriado!
Incrível essa crônica - hehehe! O óbvio muitas vezes esta' diante dos nossos olhos!
Um grande
abraço
Léia
Sergio Porto´foi maravilhoso! Linda crônica bem humorada. Também estou na paz, tranquilidade, longe de agitos e tamborins,rssr beijos,lindo feriadão,chica
Oi, Beth. Sabe que esta foi minha crônica de estreia como leitor? Na época em que saiu aquela coleção PARA GOSTAR DE LER, o primeiro livro que li ela estava lá e eu me encantei logo de cara com o estilo da crônica e dos cronistas. Graças a ele, de lá para cá não mais parei de ler.
Coincidentemente, agora mesmo estava aqui cantarolando o SAMBA DO CRIOULO DOIDO, de autoria do Sérgio Porto, conhece? é uma música divertidissima. Um abraço. Paz e bem.
Beth...a história é super engraçada...velhinha esperta...(risos)
Nunca tinha ouvido falar nesse cronista, mas pela amostra deve valer a pena conhecer.
Por aqui, hoje é um dia de trabalho normal, mas está um sol bom, e qualquer coisa no ar que parece antecipar a tão desejada Primavera...
Beijos carinhosos
Também prefiro a paz e sossego da minha casa aos barulhos do carnaval.
Ri muito com essa crônica não a conhecia, mas passou a pertencer aoa meu rol de preferidas, beijos
Maravilhoso Stanislaw Ponte Preta!... E que bom que você o trouxe aqui para que o relembremos ou, para que quem não o conheceu possa tomar contato com um humos tão especial.
Beijos
kkkkkkkkk
Essa crônica é sensacional! Ele foi um grande cronista de seu tempo, né?
Aproveita aí a paz da serra, que eu tb estou na paz das minhas montanhas...paz até demais! hehe beijos,
Sérgio Porto era super bem humorado
Li ¨Festival de besteiras que asso-
la o país¨. Eram vários contos,cada
um mais engraçado do que o outro.
Ele satirizava tudo.
Todo ano,ele indicava mulheres boni
tas, a quem denominava¨As Certinhas
do Lalau¨
Com que então era lambreta,rsrsrsrsr.
Beijo.
Vc fez um bocado de coisa bacana e gostosa que eu tbm certamente faria no carnaval, nao gosto... apesar de um sambinha bacana me levantar bem o astral :-)
mas que velhinha sem vergonha , ahahah, tu sabe Beth que eu descobri o Stanislaw na sexta serie, num livrinho chamado Para gostar de ler, uma coletanea antiga de vários cronistas, ja nao lembro mais a cronica do Stanislaw, mas sei que eu adorava essa coletanea, adorava!
um beijao Beth
Boa noite, Betty
Seu carnaval está sendo muito legal e você fez coisas prazerosas.
A crônica da Velhinha é muito boa.
Bjo
Ô lembrança boa por demais. tenho a impressão de ter lido esse texto há muitos anos no jornal PASQUIM. parece que foi sim. muitas bênçãos nesse e em todos os dias de nossas vidas.
Estamos em paz, sem os barulhos das obras.Carnaval de descanso, passeio e visitinhas aqui e ali aos blogas( amigas ).
desejo á vc um feliz dia da Mulher.
Esta lembretinha foi demais,rs,rs,
bjs
Beth,
Muito cômicas as fotos da velhinha da lambreta! Pois então esta crônica é do Stanislaw? Eu já havia lido uma crônica muito similar, mas ao invés das lembretas, o contrabandista ia com bicicletas para o Paraguai...
Bjs de Goiânia e muita paz no seu carnaval!
Márcia
Beth, voltei para deixar um abraço especial neste dia . Você faz parte daquele time de mulheres que faz a gente poder ver que o mundo é melhor do que se nos apresenta. Muita paz e bem.
Beth,
ele com certeza é um dos meus preferidos, pelo humor sempre inteligente e pela crítica sempre bem colocada.
Eu também fiquei quietinha no carnaval, o meu marido odeia, a minha filha adora, fomos na matinê e olhe lá, so mesmo saudades, e a festa dessa nova geração, é o que ficamos meditando, destes tempo tão corrido e diferente do meu.
beijos pro cê
Tb fiquei off carnaval, Beth e estou muito a fim de assistir ao Discurso do Rei amanhã - a-do-ro o Colin Firth, e pelo menos na 4ª feira de cinzas o cara metade costuma concordar em ir ao cinema.
bjnhs e o feriado acabouuuuuuuuuuuuu, que peninhaaaaaaaaaaaaaaaaa...
Eita velhinha malandrinha, ahahahah.
Beth, também fiquei no descanso de casa. Li, estudei, vi filmes bobos, aproveitei para organizar armarios.Visitei alguns amigos. Foi muito bom. E ainda choveu e fez frio pra caramba aui na serra.
Não senti falta nenhuma da bagunça de carnaval.
Beijos pra vc!!!
huahuhuahuahuahhuaa... muito bom, adorei!!!! Uma ótima quarta feira de cinzas pra vc!!!
Bjão!!
Mas esse fiscal era um mané! hehehe
Sabe quando me lembro do Sergio Porto? É quando vejo aquela cambada lá em Brasilia. É digno do FBAP. Aliás, se fosse vivo, já teria escrito outros tantos livros iguais! Matéria não ia faltar.
Pronto Beth, "vorta que já cabou o carná".
Ótima crônica, encerrada com a piadinha.
Tenho apenas um livro dele, o Festival de Besteira que assola o País e são crônicas atemporais.
Tudo como antes, no quartel de Abranches...( acho que é assim o ditado rs)
Enquanto lia, ia pensando o que ela passava sem que notassem...(já conhecia o texto, mas quem disse que me lembrava?)
Os espertinhos dos guardas, heim?! rs
Beijo!
Beth, este texto veio em um livro meu de 4° série, mais nao lembrava muito bem o final, que saudade daquele tempo.
Beijos
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