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domingo, 27 de fevereiro de 2011

Nossa casa, nosso porto seguro.

(Londres)

De uma maneira geral, interpretamos nossas almas como sendo nossas casas, nossa morada interior. E na vida real uma casa de verdade é o nosso refúgio sagrado, seja ela como for construída ou decorada. Não importa. Aquele é o nosso lar, o lugar onde descansamos, ficamos à vontade, despidos das roupas e do cansaço das ruas e onde podemos encontrar o ponto certo no universo para recuperar nossas forças.

Quando entramos em um ambiente caseiro, sentimos a energia do lugar emitida pelo toque que cada morador coloca, geralmente é muito energético e demonstrativo, pois ali está a essência da pessoa, do seu modo de ser, de sentir o seu canto e de se expressar na vida.
O fato é que quando nossos antepassados há muitos milhões de anos, sofrendo com sol forte, chuva, frio, e se resguardando dos animais selvagens, descobriram que numa caverna estariam protegidos foi aí então  inventada a casa, aquilo que abriga , dá descanso, nosso porto seguro.
(S.João del Rey-MG)
Já estive em ambientes de casas muito humildes, mas com uma gostosa sensação de bem estar, de aconchego, de  harmonia, de cheiros que cativam e ficam pra sempre na memória.

Era assim a pequena casa de um casal de velhinhos que por alguns anos acompanhei todos os meses para ajudá-los a retirar seu rendimento mensal no banco e depois levava-os ao supermercado para as compras. Não, eu não pagava nenhuma promessa, mas adotei-os como avós postiços, já que eu morava numa cidade em que não conhecia ninguém a princípio.
Ao final de todo este  percurso, cansativo para ambos os lados, pois eles não ouviam muito bem e o velho às vezes arranjava encrenca com a moça do caixa no banco, dizendo que estava errado seu rendimento e que ela o estava roubando, acho que já estava um pouco esclerosado e complicava com certas coisas, mas o fato é que ao chegarmos em sua casa humilde, a senhora fazia questão que eu me sentasse e ela 'passava' um café, daqueles de roça, coado no pano, com bule de ágata e servia com um simples biscoito que ela tivesse na lata.  E quando meu filho pequeno ainda ia comigo visitá-los, deixava para ele a água final que dava um café ralinho e doce que ele bebia e gostava muito.
A casa era muito humilde, mas tinha personalidade e vida principalmente, além das plantas vistosas que ela plantava em latas de óleo ou qualquer vaso que enfeitasse o terreno,  por isso vez ou outra lembro-me deles e daqueles tempos.
(Imagem Antoni Gaudi)

Uma outra passagem também inesquecível, foi quando certa vez eu e meu marido fomos levar minha sogra a revisitar o local onde nascera.  Ficava numa área de montanha, numa localidade em que nos velhos tempos era uma roça, mas um lugar de beleza singular e marcante pela vegetação e riachos.
Não achando mais a casa onde ela havia morado quando criança, paramos em frente a uma modesta casa
de pessoas que conheceram no passado a família dela e, como era pela manhã e não tínhamos encontrado nenhum hotelzinho ou lanchonete para tomarmos um café, a dona da casa nos convidou que entrássemos, e numa cozinha simples, de roça,  nos instalou, pedindo que esperássemos um pouco enquanto iria preparar um pequeno café para todos nós.
Passados uns trinta minutos, a filha da mulher entrou na tal cozinha antiga, com fogão à lenha e uma mesa tosca e chamou-nos para um outro ambiente que, na verdade, era outra cozinha, só que toda de azulejos e mais moderna, com uma mesa retangular, cheia de delícias, desde a manteiga feita por ela própria, biscoitos caseiros, pão caseiro e um café  plantado e moído por ela mesma. Simplesmente maravilhoso!
Comemos e conversamos com aquelas boas pessoas por muito tempo ali naquela casinha agradável, misturada de cheiros, sabores e afetuosidade.  Isso não dá pra esquecer nunca.  São coisas que cativam o espírito e o coração da gente.
(Tiradentes)

Sempre quando viajo gosto de observar as moradias dos habitantes locais e, confesso, alguns lugares fico super curiosa de saber como seria lá dentro daquela casa, principalmente quando o lugar é no exterior.
(Portobello Road-England)

Este assunto me veio hoje à cabeça porque visitei nestes últimos dias algumas casas para comprar, de famílias diferentes e com vibrações também diferentes. Vi uma ontem que tinha um ar de desleixo geral, mal cuidada, precisando de muita reforma, mas o dono da casa era uma simpatia e mostrou-nos tudo com muita amabilidade e ele parecia muito feliz em morar ali.  Depois vimos outra que era toda decoradinha, impecável, nada fora do lugar, mas o marido da dona da casa, parecia que estava noutro mundo e não ali, fechado numa sala íntima jogando play station e nem nos cumprimentou direito, havia uma certa ausência naquela casa.

Descobrimos também com o tempo que uma casa precisa bem mais do que mobília e objetos para enfeitar,  precisa de gente que habite com vida, calor humano, alegria de receber, sorrir e emitir boas vibrações., seja ela feita de madeira, de pedra, de gelo, de barro, de adobe, tijolos, metal, couro, sobre as águas ...

(Imagem Google)
Esta casa, feita de PET flutuante e que fica fundeada no Canal do Cunha, próximo à Ilha do Fundão, na área mais poluída da Baía de Guanabara, mas que segundo seu morador e idealizador, “é a Monalisa da Maré, uma obra de arte que todo mundo quer ver”. 






28 comentários:

Vera Lucia Marques disse...

É verdade, uma casa é tudo isso. Adoro quando percebo o esforço que as visitas fazem para ir embora, sinal evidente de que o ambiente está bom, aconchegante. Adorei o texto! Abrs!

Caca disse...

Oi, Beth! Tudo muito verdadeiro. Acho que a casa é a nossa primeira identidade, a que nos coloca a postos para o mundo lá fora.Levamos dela e trazemos para ela o que somos e o que vivemos. Quanto melhor podemos fazer, mais aconchegante e cheia de boas energias a casa se veste. Adorei! Abraços, ótima semana. Paz e bem.

chica disse...

Eu também sou do astral da casa e vale não o luxo,nada disso, mas o aconchego...beijos,linda semana,chica

Beatriz disse...

Oi Beth
Você falou tudo! "nossa" casa é onde a gente se sente bem, tem vontade de voltar sempre, sem ter que ser sua de fato...ah, que saudade de ter a "minha" casa de novo!
Beijinhos,
Bia
www.biaviagemambiental.blogspot.com

lolipop disse...

Querida Beth,
Os Ingleses costumam dizer..."Home is where the heart is."

E é bem verdade...há casas com todo o conforto mas em que falta exactamente isso...coração.

Achei engraçado vc falar várias vezes em cheiros, para mim são muito importantes...uma vez li um livro em que uma das personagens que vendia apartamentos em Nova Iorque, fazia café fresco, para que o cheiro inundasse os apartamentos na altura em que eram visitados por compradores.

Também me fascina o interior das casas nos sítios por onde viajo. Em Amesterdão há janelas largas e amplas, nunca fechadas por cortinas...

Adorei as fotos que escolheu.

Beijos carinhosos

Jo Turquezza disse...

Prova uma vez mais que sentimento é mais importante que as coisas materiais (às vezes supérfluas) numa casa!
E o cheirinho do café? Vem sempre em primeiro lugar, é um carinho para a mente e o coração.
Adorei seu texto e suas fotos. Beleza pura seu blog!
turquezzavariedade
Beijos.

Glorinha L de Lion disse...

Oi Betita, vc fez quase que um tratado sociológico sobre o que é casa e o que é lar. Muito interessante mesmo, pois algumas casas tem vida e outras, mesmo com pessoas morando parecem mortas, são sem personalidade ou antipáticas como seus donos. Eu, como vc sabe adoro decoração e minha casa tem a minha cara, cheia de objetos de viagem, lembranças, todos os cantinhos são ocupados...Acho que o coração da casa é mesmo a cozinha...adoro sentar e tomar um café com minhas amigas nesse lugar da casas. Excelente post e as fotos, dignas de um profissional! beijos,

ManDrag disse...

Delicioso post!

O último parágrafo toucou-me muito particularmente. Uma casa deve ser um lar para gente (pessoas!) morar dentro e não um antro arrumadíssimo e limpinho (varrido não sei quantas muitas vezes por dia) para receber visitas (quando aparecem; se é que aparecem!) com um sorriso de circunstância no rosto; sem que ninguém lá dentro possa se expressar individualmente e a seu modo.
Quando eu morava sozinho aprendi a não sentir a solidão, dando alma a todos os objectos e recantos da casa. Não é por morarmos numa casa cheia de gente que sentimos mais companhia; se essa casa se assemelhar mais a uma centro de encarceramento ultra-regrado.

Adorei o texto e especialmente os carinhosos relatos das tuas visitas a casas alheias.
Ao olhar as duas fotos de Minas Gerais, embora soubesse que são no Brasil, parecia-me estar a ver imagens dum recanto qualquer numa cidadezinha do interior de Portugal. Fizeram-me sentir em casa!

Quanto à casa pet flutuando na poluição infecta, por muito que nos possa parecer estranho, não deixa de ser o lar de quem a construiu e nela se revê.

Grande abraço

Celia disse...

Muito bem escrito. Eu tb acho que nao importa se a casa é simples. O que conta mais é o aconchego...o carinho...a amabilidade das pessoas. Lindas suas fotos. Bj

pensandoemfamilia disse...

Olá

Falar de casa, dos espaços físicos que ocupamos é falar do contato que cada um tem com a vida, com sua identidade. Assim sendo,essas diferenças que vc descreveu tão bem.E é bem próprio o que a glorinha nos revela sobre sua própria casa: onde fica o coração da casa; na minha é na sala, onde nos reunimos para conversar e alimentar o corpo e a alma.

Tenho apreciado muito a qualidade das suas fotografias.
bjs

Pitanga Doce disse...

Sabe o que é, Beth? É que existe uma grande diferença entre casa e lar. Todo mundo se preocupa em chamar arquitetos e decoradores (os que podem) para decorar uma casa que na maior parte do tempo está vazia. Eles correm atrás de grandes empregos para pagarem o luxo e não têm tempo para desfrutar a casa. Seus filhos também ficam fora o dia todo em curso disso e daquilo e quando voltam para casa cada um tem o seu quarto que fica distante dos quartos dos pais e irmãos. Ninguém chega a se conhecer verdadeiramente. Tomar um café na cozinha num sábado à tarde? Nem pensar!

A casa tem que ter a cara de seus habitantes e seus habitantes têm que sentir que não há lugar melhor no mundo do que ali.

Iiiih, falei demais, Beth!

Anne Lieri disse...

Beth,parabenizando-a pelos 4 anos de blogosfera e acompanhando essa linda e reflexiva postagem!Não importa mesmo como é uma casa,mas a energia de seus moradores!Bjs,

Anne Lieri disse...

Beth,parabenizando-a pelos 4 anos de blogosfera e acompanhando essa linda e reflexiva postagem!Não importa mesmo como é uma casa,mas a energia de seus moradores!Bjs,

Anne Lieri disse...

Beth,parabenizando-a pelos 4 anos de blogosfera e acompanhando essa linda e reflexiva postagem!Não importa mesmo como é uma casa,mas a energia de seus moradores!Bjs,

Anne Lieri disse...

Beth,parabenizando-a pelos 4 anos de blogosfera e acompanhando essa linda e reflexiva postagem!Não importa mesmo como é uma casa,mas a energia de seus moradores!Bjs,

Unknown disse...

Percorremos o mundo inteiro em busca daquilo que precisamos e voltamos sempre a casa para o encontrar-mos..


Texto *****

Beijo.

Teredecorando disse...

olá Beth,
Lindas fotos!!!
Quando eu viajo, por melhor que seja o hotel, sempre lembro da minha casa...Do meu lar...Do meu aconchego..
Nosso lar...Nosso porto seguro..
Tenha uma excelente semana.
Bjs mil

Sônia Cristina disse...

Oi Beth,

Que texto lindo...

A nossa casa é nosso porto seguro, eu geralmente digo que só conhecemos realmente uma pessoa quando adentramos o seu lar..
A casa tem que ter vida, alma a identidade de quam a habita.
Parabéns!
Sua ilustrações são belissimas..
bj amada

Gina disse...

Beth, sinto falta de mais pessoas virem à minha casa. Estamos longe de todos os parentes, isolados...
Outro dia uma amiga carioca veio passar uns dias conosco. Uma alegria enorme!
Muito reflexivo seu post.
Boa semana!

Nina disse...

Ooooohhh que bonito tudo isso Beth! as fotos, as lembrancas, as tuas observacoes, caramba,é assim mesmo. As casas sao nosso lar, mais do que casa, elas sao nossos cantinhos únicos no mundo, que mostram quem somos, como estamos, como nos sentimos. Adoro viajar, mas nao tem nada melhor do que voltar pra casa, nao é? Ohh sensacao maravilhosa, meu Deus! É mt bom voltar!!

Essas tuas lembrancas me transportaram magicamente às cenas, mt legal como vc contou...

welze disse...

que post fantástico. estou babando. realmente a casa precisa de roupa. da roupa que vestimos nela, com nossas emoções, gostos, vontades, amores e felicidades. a casa flutuante no Fundão, vi muitas vezes. é peculiar. boa semana

ML disse...

Oi, Beth: minha mãe sempre que olha uma construção imagina quem mora lá dentro. Ela vê um prédio e imagina: quantas vidas!
Se está a procura de imóvel, boa sorte, querida, acho um saquinho fenomenal (mas há quem goste: minha mãe!!!).

bjnhs, boa semana

PS: vc é uma esteta, transforma qualquer lugar em uma "xícara com flor" - muito linda!

Rosamaria disse...

Nada como a casa da gente, né, Beth?
Realmente, quando se entra numa casa a energia é que conta, não interessando se é um casebre ou um palacete.
Adoro vir aqui, tua casa deve ser bem assim, cheia de boas energias.
Bjim, cosquirídia.

Nilce disse...

Oi Beth querida

Olha eu aqui. Viajei com você e tuas fotos maravilhosas nos posts que não tinha lido e sonhei também.
Descupe-me por não estar presente no Aniversário do Mãe Gaia.
Parabéns e que venham muitos e muitos mais anos de textos belíssimos e reflexivos.
Obrigada por existir.

Nossa casa, nosso porto seguro. O lugar onde apenas nós mandamos, onde sentimos a segurança, onde há nosso cheiro, nosso calor, nossa cor, nossos sonhos.
Onde ninguém tem mais direitos do que seus donos.
Lugar que conta descaradamente o que somos e como somos. Não há importância em tamanho, riqueza ou beleza. É só nela que nos sentimos verdadeiramente possuidores de algo. Um cantinho que com amor cuidamos e que apesar de mostrar nossa cara, esconde muitos segredos.
Amei o post.

Bjs no coração!

Nilce

Dani dutch disse...

Web-mãe, eu sinto isso também, o ambiente acolhedor, tem lugares que me sinto bem, outros quero sair de la o mais rapido possível.
Essa ultima foto, me fez lembrar das casas barcos aqui. Eu sinceramente tenho um pânico de água em grandes quantidades e não gostaria de morar numa dessas casas não. Quando olho aqui, fico imaginando como seria morar lá.
bjuss

Unknown disse...

Beth
nada como o nosso ninho para a gente se proteger, se soltar, falar o que pensa, sentir o que tiver que sentir, sem máscara e nem preocupação com a etiqueta social.
Já fui em casas que eram muito luxuosas, mas de alguma forma, nos deixava um vazio no ar.
Vazio de afeto ou de carinho.
Muito gostoso seu post.
me fez pensar na liberdade que eu tenho na casa dos meus pais e na minha também.
bom dia.
um grande abraço.

Lu Souza Brito disse...

Beth,

Penso assim também. Nossa casa é nosso porto seguro. Por isso estou tão empenhada em reformar logo minha casa e tê-la do nosso jeito. Minhas referencias continuam a ser a casa da minha maezinha, em Ilhabela. Lá eu me sinto em casa, protegida, a vontade.
Nosso lar é algo que tem a nossa cara, nosso jeito, emana nossas vibrações, é verdade.
Um dos motivos que nos levou a reformar e redividir totalmente a casa que compramos foi esse.
Era muito impessoal. As pessoas que ali moravam são desleixadas e irritadiças. Sempre que entrava lá antes das mudanças sentia isso. Um clima pesado, uma certa desordem, algo que em incomodava.
Marido e eu prezamos muito por um espaço não amplo, mas aconchegante, iluminado, com vida, lugar que reflete carinho, acolhida.
Beth, quando crescer quero saber escrever tão bem quanto vc!!!
Beijooooooos

Socorro Melo disse...

Olá, Beth!

Nossa casa é um lugar sagrado, pelo menos, deveria ser. Quando há vida, afetuosidade, emoções, vividas ali, ela torna-se um lar, e não somente uma casa.
Gostei dos relatos das suas visitas. Também, como você, aprecio quem sabe receber bem, com alegria, boa vontade, apesar da simplicidade.
As imagens estão espetaculares. Adoro suas imagens.
Parabéns!


Abração
Socorro Melo