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domingo, 3 de outubro de 2010

Sem palavras e cansada.


Hoje, por vários motivos, inclusive esta eleição obrigatória e decepcionante, não tenho palavras, deixo apenas uma matéria da jornalista Dora Kramer que diz exatamente o que eu e muitos outros brasileiros estão pensando diante do cenário que se revela para o próximo ano.

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É o fim de um caminho

DORA KRAMER - O Estado de S.Paulo

O resultado da eleição de hoje é incerto, não se sabe se amanhã a campanha recomeça ou se estará decidida a sucessão do presidente Luiz Inácio da Silva, mas uma coisa é certa: a atual campanha presidencial foi a mais esquisita, para não dizer bizarra, de todas as eleições desde a redemocratização.


Inclusive por suas contradições. Por exemplo: foi a menos politizada de todas e, no entanto, a primeira em que a sociedade interferiu concretamente para que fosse tomada uma providência contra os políticos de vida pregressa duvidosa, os chamados fichas-sujas.
Não dá para dizer que não houve avanços se gente que antes circulava de cabeça erguida a despeito do peso da folha corrida, dando de ombros e se lixando, agora está moralmente condenada em praça pública.
Uns renunciaram, outros se expuseram ao vexame de recorrer a "laranjas", muitos perderam votos com a exposição negativa e nenhum deles terá os votos computados hoje. Em princípio esses votos serão considerados nulos.
Posto o monumental ganho, vamos às constatações menos positivas a respeito da campanha que se encerra.Verdade que, cada qual a seu modo, os candidatos desta vez eram verdadeiros breves contra a luxúria eleitoral.


José Serra, prontíssimo para o cargo, mas zero à esquerda em matéria de "appeal", carisma, borogodó, tenha o nome que for aquilo que atrai e mobiliza as pessoas.


Marina Silva fala de coisas modernas, é elegantíssima nos modos, na fala e no pensamento, põe os dedos em algumas feridas com precisão. Mas o faz com tal delicadeza e adjetivação vã que se torna inaudível e ininteligível.


Plínio de Arruda Sampaio tenta fazer o démodé transgressor, mas o personagem morreu com Leonel Brizola, que o encarnava com charme intransferível.


Dilma Rousseff por enquanto não é nada além de uma criação de Lula, dos conselheiros de forma e conteúdo, do cabeleireiro Celso Kamura. Ensaiada, quando livre parece rude.


Com esse plantel não daria mesmo para se produzir um grande espetáculo. Mas saiu pior que a encomenda. O presidente Luiz Inácio da Silva institucionalizou a transgressão. A oposição a rigor não disputou porque quando entrou em campo o jogo ia longe, e tudo isso já é bem sabido.


Um ponto a respeito do qual pouco se falou e que salta como um dos grandes fiascos da temporada são os debates de televisão. Os candidatos não ajudam? Não, mas o modelo tampouco favorece a um real embate de pensamentos, estilos e personalidades.


Os marqueteiros mandam em tudo. Impõem os interesses dos clientes que jogam com medo de errar e sem vontade de acertar (o fígado do oponente).
Em nome do bom-mocismo, os candidatos estão fingindo que debatem, as emissoras fazendo de conta que promovem debates e o eleitor/telespectador fica no "ora, veja"; feito bobo, até tarde, esperando que aconteça alguma coisa que altere aquela situação totalmente artificial.
Trata-se definitivamente de um modelo esgotado, um formato a ser repensado e remodelado, na próxima eleição, sob pena de caírem em desuso por desinteresse no uso.
Comparativo. Segundo o TSE, 3.162 candidatos tiveram o registro negado pelos tribunais eleitorais, sendo que, destes, 1.248 ainda estão pendentes na instância superior.
Em 2006 o número de candidaturas indeferidas foi de 1.563. Outros 1.030 renunciaram à postulação, somando 2.593 candidatos.
Se todos os vetados agora forem impugnados em definitivo, terá havido aumento, mas não muito grande, de candidaturas tidas como inaptas depois da aprovação da Lei da Ficha Limpa.


Assim é. No debate da TV Globo, quinta-feira, ao fim das considerações finais de cada candidato, as "torcidas" saudaram com palmas as manifestações dos respectivos candidatos. Menos os tucanos. Ficaram em silêncio não se sabe se por excesso de apreço ao veto a manifestações da plateia ou por escassez de entusiasmo.




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16 comentários:

Ivana disse...

Bethinha, realmente. Estas campanhas eleitorais foram e estão sendo um verdadeiro fiasco. Por isso não tenho canditado e nem faço questão de transferir meu título pra Floripa. Descrédito total. E pelo que estou acompanhando, amanhã a campanha recomeça. E haja saco e ouvido pra ouvir tanta abobrinha e falsas promessas!

Quanto ao bolo, Beth, é a mais pura verdade que aquele tortinho lá foi o primeiro da minha vida. Não acho isso bonito, mas é a mais pura verdade.
Mas olha Beth, como beleza não põe mesa, o bichinho ficou muito gostoso, viu?! ;)
Beijos!

Maria Célia disse...

Boa noite, Betty
O que tenho a dizer é que você falou muito bem. Ótimo texto, bem escrito e retratou bem o que aconteceu ou vai acontecer.
Bjo

Gisa disse...

Beth minha querida, entendo bem seu coração, obrigada por nos oferecer este texto de Dora Kramer, ela foi perfeita.

... chegaremos lá, só vai demorar um pouco mais para o Brasil acordar. :(

bjao grande

pensandoemfamilia disse...

Tudo retratado e ficamos nós nesta encruzilhada.

Falando do meu e-mail ele é asterfam@ajato.com.br, vou reenviar, se não receber por favor avise-me.
bjs

Unknown disse...

Depois da eleição do Tiririca.. falar o quê???

Beijos, linda!!

Lia
Blog Reticências..

Dani dutch disse...

OI web-mae tudo bem?
Eu ainda não transferi meu titulo aqui pra Holanda, pois cada ano que passa ou melhor cada eleição que passa os candidatos deixam todos a desejar.
bjuss e otima semana

Taia Assunção disse...

Há algum tempo não participo do processo eleitoral, mas acredito que o Brasil precisa caminhar muito para chegar a maturidade política. Obrigada pela visita lá no blog, beijocas e boa segunda-feira.

Regina Coeli disse...

Olá minha Querida Beth,

Saudade!!!
Sempre você nos traz POSTs inteligentes, que nos levam a refletir como esse da DORA KRAMER.
Para aliviar seu desgaste deixo para você um abraço bem carinhosocá das Minas Gerais.
Regina Coeli

Astrid Annabelle disse...

Olá Beth querida!
Apenas justifiquei. Não transferi o meu título pois o trabalho não valeria a pena...votar em quem????
E isso não é ficar em cima do muro...é a impossibilidade total para escolher um candidato.
No dia em que os votos não forem obrigatórios aí teremos um Brasil bem governado...tenho certeza disso.
Belo post, belo artigo...
Um beijo alegre por estar de volta!!!
Astrid Annabelle

Lúcia Soares disse...

Beth, acho que todos estamos cansados. Mas, veja bem, uma grande parte das pessoas achava que ela (recuso-me até a falar seu nome) seria eleita no primeiro turno.
Não foi. Pode ser uma luz no fim do túnel.
Não sei até que ponto o Serra seria um bom presidente, mas eleger essa mulher seria reeleger o Lula daqui a 4 anos.
Vamos nos unir, então, mais uma vez.
Quem sabe vencemos?
Bj

Anônimo disse...

Realmente!!!

ManDrag disse...

Enfim... é com o que se tem de viver.

A campanha foi lamentável e o resultado decepcionante. Vergonhoso como um Tiririca consegue se eleger como o mais votado e levando com ele mais alguns. Um futebolista que nem sabe falar e ao que sei com maus comportamentos cívicos também se elege. E mais outros exemplos de imaturidade dum povo inculto e desinformado.
Como li por aí nos blogs; quem elege os políticos não é quem lê os jornais mas quem limpa o traseiro com eles.

O debate na TV foi uma demonstração do branquemaneto e liofilização do discurso político.

Quero agradecer-te as felicitações e os votos para o Santiago. Bem hajas!

Abraço na esperança dum futuro mais esclarecido

Unknown disse...

Bom dia Beth,

Excelente reportagem. Pois é, deu segundo turno,sinal que não se tem maioria absoluta...será que vai mudar alguma coisa? Estamos tão sem perspectiva...

Beijos,

Glorinha L de Lion disse...

Beth, concordo com a Lúcia, o Serra é o menos pior. Anular meu voto nessa altura, não estará contribuindo em nada para o país.
Pelo menos o Serra tem um passado limpo e lutou contra a ditadura tb, de forma mais limpa, sem armas.
Vamos ver o que acontece agora. Pelo menos saio de alma lavada desse primeiro turno, pois o Brasil mostra que a classe pensante tem seu valor mesmo que os petistas queiram desmerecê-las. Beijos.

Glorinha L de Lion disse...

Beth, concordo com a Lúcia, o Serra é o menos pior. Anular meu voto nessa altura, não estará contribuindo em nada para o país.
Pelo menos o Serra tem um passado limpo e lutou contra a ditadura tb, de forma mais limpa, sem armas.
Vamos ver o que acontece agora. Pelo menos saio de alma lavada desse primeiro turno, pois o Brasil mostra que a classe pensante tem seu valor mesmo que os petistas queiram desmerecê-las. Beijos.

Ana disse...

Gostei da crônica e estou feliz com o 2º turno!

"Não tá morto quem peleia", como se diz aqui no sul!

Beijo!