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domingo, 30 de agosto de 2009

Sabedoria indígena

















O Silêncio

Não temos medo dele
.
Na verdade, para nós ele é mais poderoso
do que as palavras.
Nossos ancestrais foram educados
nas maneiras do silêncio e eles
nos transmitiram esse conhecimento.
“Observa, escuta, e logo atua”, nos diziam.
Esta é a maneira correta de viver.

Observa os animais para ver

como cuidam se seus filhotes.
Observa os anciões para ver
como se comportam.
Observa o homem branco para ver
o que querem.
Sempre observa primeiro,
com o coração e a mente quietos,
e então aprenderás.
Quanto tiveres observado o suficiente,
então poderás atuar.

Com vocês, brancos, é o contrário.

Vocês aprendem falando.
Dão prêmios às crianças que falam mais na escola.
Em suas festas, todos tratam de falar.
No trabalho estão sempre tendo reuniões
nas quais todos interrompem a todos,
e todos falam cinco, dez, cem vezes.
E chamam isso de “resolver um problema”.
Quando estão numa habitação e há silêncio,
ficam nervosos.
Precisam preencher o espaço com sons.
Então, falam compulsivamente,
mesmo antes de saber o que vão dizer.

Vocês gostam de discutir.

Nem sequer permitem que
o outro termine uma frase.
Sempre interrompem.
Para nós isso é muito desrespeitoso
e muito estúpido, inclusive.
Se começas a falar,
eu não vou te interromper.
Te escutarei.
Talvez deixe de escutá-lo
se não gostar do que estás dizendo.
Mas não vou interromper-te.
Quando terminares, tomarei minha decisão
sobre o que disseste,
mas não te direi se não estou de acordo,
a menos que seja importante.
Do contrário, simplesmente ficarei calado
e me afastarei.
Terás dito o que preciso saber.
Não há mais nada a dizer.
Mas isso não é suficiente para a maioria de vocês.

Deveríam pensar nas suas palavras

como se fossem sementes.
Deveriam plantá-las, e permiti-las crescer em silêncio.
Nossos ancestrais nos ensinaram que
a terra está sempre nos falando,
e que devemos ficar em silêncio para escutá-la.
Existem muitas vozes além das nossas.
Muitas vozes.
Só vamos escutá-las em silêncio.


“Neither Wolf nor Dog. On Forgotten Roads with an Indian Elder”
Kent Nerburn
(Do site Orbium Coelestium)


E um ótimo domingo a todos!



8 comentários:

Ivana disse...

Ô Bethinha que coisa linda! Eu mesma preciso escutar mais... Mais ainda a partir de amanhã, quando volto a trbalhar. Vou precisar dest "silêncio" pra me manter equilibrada depois destas férias maravilhosas.
Bom domingo, Beth!
Beijo!

Camila Hareide disse...

Lindo texto. E te deixo aqui uma linha do a-ha - da música Foot of the Monutain

"Silence always wins
So silence everything
It will be alright through the longest night
Silence everything"

Bom Domingão!

beijo

Lucia disse...

Profundo o texto, mas deixa eu dizer que as pessoas aqui nao tem mt costume de interromper uma a outra. Claro que existe uns, como todo caso, mas isso eh sinonimo de grosseria e falta de respeito com o outro .

Depois te passo um email contando sobre um incidente entre o Al e uma amiga minha que tem mania de fazer isso. Bjos

silvia masc disse...

Tá vendo, pq. opinei contra a integração?rs
Que coisa linda... temos muito mais à aprenderm do que a ensinar.
beijo

Heloísa Sérvulo da Cunha disse...

Beth,
Lembrei daquele ditado antigo : a palavra é de prata, mas o silêncio é de ouro.
Beijo.

Lúcia Soares disse...

Lindo texto, Beth. E preciso segui-lo. Estou com o péssimo hábito de interromper as falas das pessoas, nunca terminar meus pensamentos e ficar "horas" falando, sem dar chance ao outro. Acho que é um estado de excitação, que já vou controlar, nem eu me aguento! Bj

ML disse...

Bravo (bj).

(Praticando sábia filosofia indígena...)

Tati disse...

Beth, querida!
Só agora deu para vir aqui e ler o texto. Ma-ra-vi-lho-so!! Estou aqui sem palavras, pensando no tanto que ainda temos que aprender com os índios... Incrível como ainda ouvimos que índios são selvagens ou menos evoluídos que nós. Que unidade de medida é usada para essa conclusão? Não consigo entender...
Obrigada por compartilhar o link! Fiquei com vontade de postar este texto também!
Beijos.