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terça-feira, 9 de setembro de 2008

Uma amiga ao estilo Mac Gyver


Tenho uma amiga que é uma figura, daquelas do tipo gente boa, tagarela, grande conhecedora da vida e determinada, quando quer algo vai em frente, sem frescura e valente. Eu amo aquela doida!

Ela morou no interior por um bom tempo, mesmo sendo carioquíssima, mas viveu e criou suas filhas numa pequena cidade distante do centro do Rio mais ou menos umas três horas de viagem. Eu também morei lá e foi lá que fizemos e solidificamos nossa amizade e a integração de nossos filhos e família.

Há uns três anos, ela veio para o Rio, morar perto das filhas, ver uma delas se formar na Engenharia e apoiar a outra que está se encaminhando agora nesta mesma área. A mais nova, inclusive, está viajando hoje para Portugal, dando uma paradinha na faculdade e indo se especializar na sua área por um ano em terras européias.

Bem, mas esta amiga é, como já disse, descolada e não tem medo das coisas. Diferente de mim que, mesmo sendo carioca, não tive peito de enfrentar o Rio e suas mazelas do dia a dia e vim me "esconder", resguardando-me do outro lado da Baía que é um pouco mais tranquilo de se morar.

Ela, não! Foi pro Flamengo e por lá se adaptou, convivendo na cidade com naturalidade diante da mistureba carioca que é o Rio de hoje. Entra e sai de ônibus com uma destreza de dar inveja, visita amigos lá dentro da cidade nos bairros bem distantes e até mesmo aqui em Niterói vem constantemente, pegando o tal "frescão" indo e vindo numa boa.

Daí, hoje ela me liga e me conta o "tour" que fez com uma outra amigona nossa que estava no Rio acompanhando o marido a trabalho, mas que prá não ficar sozinha no hotel em Copacabana, foi lá encontrar-se com nossa amiga e ela a convidou para um passeio à Petrópolis nas lojas da rua Teresa, cheias de boutiques e preços bons.

Aninha aceitou e achou ótimo, assim o dia passaria rapidinho e quando o marido retornasse à tardinha do trabalho ela já estaria de volta também no Hotel. Mas ela não contava que a nossa amiga, tranquilex e relax, fosse enfiá-la num ônibus desses loucos com um motorista que fez o percurso entrando e saindo em bairros tenebrosos pelo centrão do Rio, esquecido pelo poder público e até por Deus. Aninha se assustou de cara, pensava que iam pegar um táxi, mas nossa amiga disse prá ela: "Táxi, vai gastar dinheiro à toa e depois vai comprar pouca coisa. Nada disso, vamos de "busão" mesmo e deixa comigo, você vai ver é tranquilo!"


Tranquiloooooooooooo, e motorista de ônibus no Rio dirige tranquilo!!!??? Eles não andam na faixa da direita nem que tenha um guarda em cada esquina multando. Não estão nem aí! Acho que tomam Red Bull ou Gatorade o dia inteiro para dirigirem desse jeito abestalhado. Dirigem aqueles monstros como se fossem pilotos de fórmula indy. O motorista entrava e saia por ruas estranhas, lugares horrorosos naquele centrão obscuro do Rio que lembra N.York das décadas de 70/80. O vento entrando pelas janelas e a Aninha com aquele "zóião", mistura de medo, expectativa e adrenalina.

Os ônibus cariocas chegam rápido em qualquer lugar, mas tem que saber se segurar no banco, senão fica como a pobre da Aninha que se chacoalhava prá lá e prá cá, com a outra ainda dizendo: "Eu, heim, pois eu sou mais velha e tô melhor que você! kakakka e ainda ria aos montes da cara de assustada da pobrezinha!

Tudo isso para chegarem à Rodoviária e pegarem um ônibus bonitão que leva à serra de Petrópolis.
Aí a Aninha relaxou, quase dormiu no percurso.


Mas, se pensam que acaba por aí a estória, ledo engano. Quando retornaram ao Rio e chegaram na rodoviária, lá foram as duas andando atrás de um ônibus que nossa amiga disse prá Aninha ser mais seguro do que entrar naqueles táxis que fazem ponto ali pelo Terminal.

Mais alguns minutos de suspense e sacolejos e chegaram aos seus destinos. Ufa! Fiquei imaginando toda esta viagem ao estilo Mac Gyver e só de pensar já fiquei cansada.


A Aninha parece que gostou, pois no dia seguinte, de manhã cedinho já estava lá no apartamento de nossa amiga para um novo passeio. Dessa vez menos aventuresco, preferindo ir à pé mesmo para o Shopping Rio-Sul ali perto.


A gente se acostuma a tudo e até eu já tenho feito algumas incursões de ônibus por aqui sozinha, mas quando estou com esta minha amiga, visto um uniforme imaginário de mulher-maravilha e lá vou eu, morrendo de medo, mas tentando vencer os obstáculos da vida, senão como ela mesma diz, não se vive, afinal.




11 comentários:

José Ramos disse...

Cara Lilás
Um poema da amiga Laura, publicado no meu blog:
GOOGLE
site:zuluechopaparomio.blogspot.com poetário
BLOG - Visitar e comentar basta clicar sobre a imagem de Jesus Orando

O cais!...

O Cais
É apenas um lugar
Por onde
Costumo passar
E onde de tempos a tempos
Vou soltar meus ais!

Onde solto as amarras
Dos pensamentos
Tão desiguais
E onde também voam
Gaivotas
E cantam os pardais...

Onde os homens gritam
As suas raivas
E as mulheres vão de noite
À aventura que por vezes
Se transforma
Em desventura!

Onde o fraco e o forte
Não conseguem lutar
Contra o vício
Que os consome
E não conseguem
Parar...

O Cais
Onde o homem deixa de ser
Homem
E a mulher deixa de ser mulher
E onde ambos deixam de viver
E onde alguns acabam por morrer!...

Laura (Poetisa amiga de Braga)

Um bem haja

Beth/Lilás disse...

Oi, Zé Ernesto!
Muito lindo mesmo o poema e mais lindo ainda o carinho que vc tem por ela apresentando seus trabalhos assim.
grande abraço

Michelle Dangeli disse...

Ufs!Ainda bem que essa história teve final feliz! Olha, sou mineira, mas moro no Pará desde a infância, e um dos meus sonhos é conhecer o RJ. Porque é lindo de morrer e representa muita coisa importante pro nosso país.Ah, e porque adoro bossa nova, também.rs.
Depois do teu post informativo, vou guardar um extra pro táxi, pra quando for aí. Bjim pra carioca.

Beth/Lilás disse...

Oi, Michelle!
Mas os táxis não ficam atrás, também correm muito e se pegar um turista então, aí eles aproveitam para dar voltinhas pela cidade.
Te cuida e quando vier fica atenta e finja que conhece bem o caminho. De preferência, ande com um mapinha na bolsa e dê uma olhada antes. rsss
beijo carioca

aminhapele disse...

Eh!Eh!Eh!
Adorei esta "historinha"...
Um abraço.

Laura disse...

Lilas, mas o interessante eh assim: com emoçao!!!! Se fosse de taxi talvez ela num ia querer voltar no dia seguinte!! hehehe
Beijosss

Anônimo disse...

A sua amiga destemida parece muito com a minha mae: só que ela vai lá para as bandas do Bom Retiro e da 25 de Marco (ou 25th Street)!!! Haja pique!!! Eu nao consigo acompanhar muitas vezes!!!

Beijos, D!

Anônimo disse...

Caríssima, você tem sempre boas histórias.

PS- Quanto ao texto sobre os jovens, fique a vontade para reproduzi-lo, discuti-lo, enfim...

Beth/Lilás disse...

Rui,
A estória é verdadeira e a amiga é destemida e sortuda, acho eu.
abraço

Laurinha,
Já vi que vc gosta de aventuras, heim menina!
beijo

Denise,
Então, se juntar minha amiga com tua mãe, se bobear, vão de carona até aí em Londres! hahaha
beijos

Ronaldo,
Obrigada amigão, você é 10!
abraço

Lucia disse...

Nossa, que loucura, ela e' mt corajosa mesmo. Me lembro bem do transito de Niteroi - o do RJ deve ser dez vezes pior. Tb costumava pegar onibus de vez em qdo e era assim mesmo como descreveu. Ate preferia andar do que pegar onibus, a nao ser q o lugar fosse muito longe.

Bjos

Anônimo disse...

Beth, me senti a Aninha das Arabias....qdo saiu com alguma egpcia, elas ,e colocam nesse programas.....kkkkkkkkk.....depois volto morta de cansaco e rindo das aventuras......

Beijos e fiquem com Deus