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domingo, 24 de agosto de 2008

O trem de nossas vidas

Eu não sou daquelas pessoas que procura em jornais a página de Obituários (ainda), mas a foto chamou-me a atenção e não pude deixar de ler no " O Globo" de sábado, a nota de falecimento de uma bonita mulher (32 anos), estilista famosa e filha do dono do conhecido restaurante Quadrifoglio no Rio, morta em virtude de complicações no parto. Fiquei triste sem nem mesmo conhecê-la, mas pelo fato de morrer assim, de um modo tão inesperado para os dias de hoje, dando à luz a um filho e tão jovem ainda, cheia de vida e deixando um outro filhinho pequeno. É de doer o coração, principalmente porque sou mulher e entendo a amargura que devem ter ficado seus pais, seu marido e seu pequeno filho que devia estar esperando contente a chegada de outro irmãozinho.

Fiquei refletindo sobre a morte e o porquê de acontecimentos assim, tão repentinos, tão doloridos para alguns. Lembrei-me, então, desse texto que reli e ajudou-me a recuperar o ânimo.
Desconheço o autor, mas vejam quão significativo ele o é:

A Viagem

Dia desses, li um livro que compara a vida a uma viagem de trem.
Uma comparação extremamente interessante quando bem interpretada.
Interessante, porque nossa vida é como uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, de pequenos acidentes pelo caminho, de surpresas agradáveis com alguns embarques e de tristeza com os desembarques...
Quando nascemos, ao embarcarmos nesse trem, encontramos duas pessoas que, acreditamos que farão conosco a viagem até o fim: nossos pais.
Não é verdade.
Infelizmente, em alguma estação, eles desembarcam, deixando-nos orfãos de seus carinho, proteção, amor e afeto.
Mas isso não impede que durante a viagem, embarquem pessoas interessantes que virão ser especiais para nós: nossos irmãos, amigos e amores.
Muitas pessoas tomam esse trem a passeio.
Outras fazem a viagem experimentando somente tristezas.
E no trem, há, também, outras que passam de vagão em vagão, prontas para ajudar quem precisar.
Muitos descem e deixam saudades eternas. Outros tantos viajam no trem de tal forma que, quando desocupam seus assentos, ninguém sequer percebe.
Curioso é considerar que alguns passageiros que nos são tão caros acomodam-se em vagões diferentes do nosso. Isso nos obriga a fazer essa viagem separados deles. Mas isso não nos impede de, com grande dificuldade, atravessarmos nosso vagão e chegarmos até eles.
O difícil é aceitarmos que não podemos sentar ao seu lado, pois outra pessoa estará ocupando esse lugar.
Essa viagem é assim: cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, embarques e desembarques.
Sabemos que esse trem jamais volta.
Façamos essa viagem da melhor maneira possível, tentando manter um bom relacionamento com todos, procurando em cada um o que tem de melhor, lembrando que, em algum momento do trajeto poderão fraquejar, e, provavelmente, precisaremos entender isso.
Nós mesmo fraquejamos algumas vezes.
E, certamente, alguém nos entenderá.
O grande mistério é que não sabemos em qual parada desceremos.
E fico pensando: quando eu descer desse trem sentirei saudades? Sim.
Deixar meus filhos viajando sozinhos será muito triste. Separar-me dos amigos que nele fiz, do amor da minha vida, será para mim dolorido.
Mas, me agarro na esperança de que, em algum momento estarei na estação principal, e terei a emoção de vê-los chegar com sua bagagem, que não tinham quando embarcaram.
E o que me deixará mais feliz é saber que, de alguma forma, eu colaborei para que essa bagagem tenha crescido e se tornado valiosa.
Agora, nesse momento o trem diminui sua velocidade para que embarquem e desembarquem pessoas.
Minha expectativa aumenta à medida que o trem vai diminuindo sua velocidade.
Quem entrará? Quem sairá?
Eu gostaria que você pensasse no desembarque do trem, não só como a representação da morte, mas também, como o término de uma história, de algo que duas ou mais pessoas construiram e que, por um motivo ínfimo, deixaram desmoronar.
Fico feliz em perceber que certas pessoas como nós, têm a capacidade de reconstruir para recomeçar.
Isso é sinal de garra e de luta, é saber viver, é tirar o melhor de "todos os passageiros".
Agradeço muito por você fazer parte da minha viagem e por mais que nossos assentos não estejam lado a lado, com certeza, o vagão é o mesmo.



12 comentários:

João Videira Santos disse...

São os factos do dia a dia que para além de outras situações nos obrigam a refletir e muitas vezes a mudar procedimentos e comportamentos. Voltarei.

Clecia disse...

Que texto lindo!Amei mesmo! Bem verdadeiro. Bjos e um ótimo domingo!

Unknown disse...

Puxa amiga, esse texto "encaixa como uma luva" para o momento em que estou vivendo.
Acabei de ter uma notícia muito triste a qual me deixou bastante reflexiva.
Estamos realmente fazendo uma grande viagem nesse "trem" que é a vida... Não sabemos em que estação iremos desembarcar. Enquanto uns descem do trem, outros ficam até uma outra estação.....
É assim a vida.
Estamos a mercê do grande maquinista!
Que a nossa viagem não seja interrompida enquanto fazemos planos para o futuro, pois devemos ter em mente que a qq momento o trem pode parar.

Sonia H. disse...

Querida Beth,
Poxa, fiquei triste também, pois como você, sou mãe e não posso imaginar deixar meus filhos ainda precisando tanto de mim.
E como você disse, não é comum hoje morrer de complicações do parto, então lamento muito a perda de uma jovem mulher, uma jovem mãe, mesmo sem conhecê-la.
O texto é lindo. Vou guardá-lo pois é verdadeiro demais.
Aos poucos, vou lendo os teus textos sempre tão inspiradores.
Meu tempo anda tão curto ultimamente. :-( Sinto saudades de visitar meus blogs prediletos e de comentar também.

Beijos e tenha uma ótima semana.

Cadinho RoCo disse...

Se nem conseguimos entender a vida, como querer entender a morte?
Cadinho RoCo

Anônimo disse...

Bom dia amiga
Lindo texto este da Viagem, fiquei com os olhos rasos de lagrimas, é tão verdade o que diz este texto, gostaria de saber qual o livro, porque deve ser muito bom. Se der me dê o nome por favor. Quanto a senhora de morreu de parto, é triste sim, porque na minha familia aconteceu um caso desses e é golpe muito duro e de grande tristeza. Amiga as flores do meu site pertence ao grupo das sardinheiras. A foto foi tirada na Itália, mas aqui na suiça há bastantes a enfeitar as janelas, os jardins. Amiga desejo-lhe uma boa segunda feira. Um grande beijinho

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Bom dia querida!!!

Mas que triste este fato Beth, que coisa isso. Tao raro de acontecer e principalmente com uma pessoa que já foi mae e acompanhada pelos médicos...como pode acontecer a gente se pergunta. Mas quando chega a nossa hora, só precisamos de uma desculpa.

Grande beijo

Kenia Mello disse...

Acho tão inacreditável algém, hoje em dia, ainda morrer de parto. Mas, enfim, só basta estar vivo, né?
Beijos.

As aventuras de uma brasileira no Egito disse...

QUe Deus conforte o coracao dessa familia.....

E vc tbem esta no meu vagao....brigadu por viajar comigo sempre.....

Beijos e fiquem com Deus

Wilma disse...

Que coisa mais triste!!! nem soube deste caso. É mesmo inimaginável uma coisa dessa. Eu sempre achei que mães de filhos pequenos nunca deveriam morrer. Mas se estamos vivos corremos o risco de descer do trem a qualquer momento, lindo texto.

Lucia disse...

Meus comentarios de vez em quando desaparecem quando tento postar pelo blackberry...

O que tinha escrito e' que achei esse texto lindo demais! Ate me fez chorar. Sinto muitas saudades da minha mae e fiquei mt triste em saber da morte dessa mulher tao novinha! Fiquei com o coracao partido mais ainda em saber que seus filhinhos vao crescer sem poder conhece-la direito...

Ainda acredito que as coisas acontecem por uma razao nessa vida, so que as vezes nao da muito pra entender o pq, sabe?

bjos

Beth/Lilás disse...

Lucia,
Ah, minha fofa não fica assim!
Devemos entender que a morte está inserida em nossas vidas desde que nascemos. É difícil, mas com o passar do tempo vamos entendendo melhor essas coisas.
Uma beijoca grande prá você.