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quarta-feira, 16 de abril de 2008

Relembrar é viver

Conversava noutro dia com uma "contemporânea" minha (é melhor falar assim desse jeito, pois além de mais bonito, ninguém precisa saber a idade da gente). Pois bem, a gente lembrava de como era boa a vida quando éramos crianças, como tudo parecia mais tranquilo, as horas demoravam a passar, as pessoas tinham mais tempo para faazer várias coisas, inclusive ficar de bobeira, quer vendo a sessão da tarde, quer batendo papo com amigos na frente da casa. Sem medo nenhum de ficar com a porta entreaberta e as pessoas passndo na rua.

Então, lembrei-me do transporte urbano mais popular, querido, barato e divertido, principalmente para as crianças e jovens, pois além de aberto, arejado para o clima do Rio de Janeiro, era uma vitrine no entra e sai das pessoas. Tinha um condutor que era o motorneiro, usava quepe e um uniforme cáqui e um cobrador que ficava pendurado do lado de fora do bonde enquanto ele corria sobre os trilhos. Suas mãos continham o leque do dinheiro que ele recebia e dali mesmo retirava o troco para os passgeiros. Fico imaginando hoje em dia, com esta cambada de larápios soltos pela cidade o que não seria desse pobre homem!

O bonde cortava uma malha de trilhos em toda a zona norte do Rio e ia até o centro da cidade. Nunca esquecerei a primeira vez que fiz uma viagem tão longa, até o centro do Rio onde meu pai trabalhava. Ele levou a mim e meus irmãos para conhecer seu trabalho e durante a viagem, que foi demorada, passamos por diversos bairros onde ele ia mostrando tudo e explicando o emaranhado de ruelas que consistem as ruas principais do centro até hoje em dia.

Para nós, pirralhos, aquilo foi incrível! Ver o tamanho dos prédios, gente andando prá lá e prá cá, parecendo um formigueiro humano e até o cheiro era diferente do bairro aconchegante em que nós morávamos.

E os "reclames", melhor dizendo, anúncios dentro do bonde, quem não lembra?

"Veja ilustre
passageiro o belo tipo faceiro que ora está ao seu lado. E no entanto, acredite, quase morreu de bronquite. Salvou-o o rum creosotado"
E muitos outros anúncios afixados que nem eu nem meus irmãos entendiamos bem, mas líamos tudo com imensa curiosidade.

Quando retornamos tínhamos muito a contar aos amiguinhos que ainda não tinham feito este looooooooooongo percurso.

Para relembrar-mos esse querido meio de transporte para o carioca e brasileiros que tiveram a oportunidade de conhecê-lo, fica aqui a imagem do mesmo na foto de Marc Ferres, fotógrafo que deixou muitas lembranças do Rio antigo e que tem sua exposição até o final de abril no CCBB. Ótima pedida para o feriado.

(foto Família Ferres-Rio na década de 40)

Um comentário:

Sylvia Regina Marin disse...

Querida Beth,
Li, de uma vez só, toda a sua produção de uma semana. Andei super-enrolada, mas é sempre uma alegria acompanhar seus comentários sobre a vida, sobre o planeta, sobre sua gente (ainda mais com o tempero da Adélia Prado).
Super beijos.
Sylvia