.....................................................................................................................................................................Porque não só vives no mundo, mas o mundo vive em ti. .....................................................................................................

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Por falar em "cuidar".......

Bem, hoje tirei o dia para cuidar também de mim.

Marquei horário na parte da manhã e fui fazer minhas madeixas que já estavam precisando de um trato.

Ah, como é bom alguém mexer na nossa cabeça! Adoro! Fico bem relaxada.

A cabeleireira tem um ajudante, rapaz delicado, que ensaboou, lavou e secou com carinho meus cabelos e no final saí me achando poderoooooooosa. Isso é muito bom para nosso ego!

Dali fui almoçar num lugar que tem umas comidinhas saborosas, tentações estas que estou tentando me livrar. Assim, comi minha ração diária, com bastante salada para enganar o estômago, um arroz integral com pedacinhos de cenoura e champignons, cenourinhas em palitos no vapor, um peixinho delicioso, tilápia, muito comum aqui nos restaurantes e, para não dizer que fui politicamente correta em tudo, comi um único bolinho de bacalhau que deixei por último para saborear devagarinho. Hummm, delícia!

Como o dia estava lindo, fui caminhando pela Moreira César e lembrei-me que poderia fazer uma visitinha a uma querida tia que mora aqui em Nikiti.

Ela tem 98 aninhos. Isso mesmo, gente! Uma gracinha ela.

Passei então na lojinha de sabonetes, cheirinhos etc e comprei para ela e para sua irmã que mora no 5o.andar um gel verdinho, cheirosinho com confrey e hortelã para massagear mãos e pernas.

E lá fui eu em direção ao centro para o Hospital Santa Cruz onde tem a ala do hospital-hotel-geriátrico.

Quando cheguei em seu quarto, sua acompanhante, a Ivete estava lanchando e a tia Amélia dormia como um passarinho. Parecia mesmo um passarinho, magrinho e bem delicado com as asinhas fechadas.

Como já era hora de acordá-la, Ivete a chamou dizendo-lhe que tinha visita.

Ela logo se levantou, sentou-se em sua cadeira de balanço, olhou-me e disse-me o de sempre: "mas, não tô lembrando bem quem é você!"

Tudo bem! Querer que uma pessoinha de quase 100 anos lembre-se de você que ela não vê há mais ou menos 4 meses, seria pedir demais, né mesmo.
Afinal, eu mesma já ando esquecendo de muita coisa, oras!

Apresentei-me, mas mesmo assim ela demora prá recarregar as baterias do ´já enfraquecido cérebro. Mas acabou lembrando-se. Fica contente, sorri e me pergunta se meu pai tá bem.

O papo com ela chega a ser "surrealista", porque não dá nem 5 minutos ela pergunta sobre quem é você mesmo, pergunta também se meu pai está bem (coitado, já morreu há 22 anos), pergunta novamente se eu sou a Rosane afilhada dela, uma hora lembra perfeitamente de mim, minha irmã e irmão. Passam-se 4 ou 5 minutos e volta a pergunta quem é você e se surpreende quando eu digo quem eu sou. Ufaaa!

Mas tudo bem, a gente pode ficar assim também ou até pior, vivendo esta correria dos dias de hoje.

Ela tinha um único filho (como eu) o Sérgio que também já é falecido. Em cima de seu armário e penteadeira, fotos do filho, lindo com a farda da Marinha, seus netos e bisnetos e meu querido tio José, irmão de meu pai.

Fiz carinho nela, dei beijinhos, bati este papo cheio de flash-backs com ela e a irmã dela que chegou também para se juntar a nós para alguns minutos de boas lembranças e lamentações da impotência que a velhice nos traz.

Despedi-me, prometendo voltar em breve, apesar de saber que quando eu voltar ela não se lembrará de novo quem eu sou e há quanto tempo fui lá. Mas tudo bem! Fiz aquilo que acho que tenho que fazer e estou feliz com isso.





Nesta foto, feita há 4 meses atrás, estão minha mãe, tia Amelinha no meio e sua irmã Inês de 84 anos.Bonitinhas essas meninas, não?!

E lá fui eu, pensando como a vida é bela!





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