Embora eu seja muito amiga da Glorinha e tenha acompanhado seu esforço, trabalho e dificuldade para colocar seu primeiro livro na praça, não sabia do conteúdo e pormenores nele inseridos e todas as personagens que criou ou se inspirou para fazer o mesmo, por isso ao terminá-lo hoje, fiquei muito impressionada com sua capacidade criativa e literária, quase sempre poética no decorrer de cada conto ali escrito. Me vi retratada em alguns deles, afinal os 50 já correm longe nesta época para mim, mas qualquer mulher, mesmo ainda não estando nesta casa da vida, irá se enxergar em algum aspecto, ou, poderá pelo menos, entender-se melhor quando lá chegar, quem sabe visualizará de uma forma mais humana e amorosa sua mãe, sua tia, irmã, avó ou amiga.
Vejam que linda forma poética a autora emprega neste trecho abaixo:
(Clio-musa da história na Mitologia Grega)
- Clio -A Guardiã de Memórias Engarrafadas -pág.95 - Cap.17
Desde pequena, tenho uma mania: guardar momentos...
Explico melhor: Não sei se pequena ainda já tinha a noção de que perderia meus entes queridos cedo, ou se já era ensimesmada por natureza...Fui uma criança muito sensível, escrevia desde pequena, pensava muito nas coisas e também na morte...Mas de modo intuitivo...Sabia que se guardasse alguns momentos para sempre na memória, de certa maneira, aquelas pessoas sempre me pertenceriam, seriam minhas para sempre...
... E momentos, como esse, de sonhos realizados, com a família unida, todos ali, juntos, não se sabe até quando...Momentos pra se guardar...
Mas, continuo fazendo isso, congelando na memória pequenos instantes, que por vezes, parecem desimportantes, mas que para mim, representam algo profundo e único...Eu os engarrafo na lembrança...E eles ficam ali para sempre e, a qualquer momento os tenho disponíveis só para mim...E eu os sorvo, muitas vezes chorando, como agora, pois todos são pura emoção.
Às vezes, um segurar a mão, um abraço apertado, uma carícia no rosto...Nada muito passional nada muito marcante...Mas basta decidir guardá-lo para sempre, e ele se tornará parte de nossas relíquias, daquele pequeno acervo, do mais radiante tesouro que nunca, ninguém nem nada tirará de nós: o que faz a vida continuar a ter sentido...
Pequenas fotografias de pequenos momentos...Garrafinhas guardadas cada uma com lágrimas e alegrias...Mas minhas...Só minhas...
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Outro trecho que me encantou demais pela forma direta e sem subterfúgios ao qual ela se expõe totalmente, não só como mulher frágil diante da vida e do tempo, mas pelo ser que atravessa as incertezas da vida com os olhos abertos, fazendo indagações a si mesma, desejando ainda a paixão e a ajuda mútua entre os da mesma espécie, ora atormentada, ora realizada. Um misto de sentimentos que todo ser humano um dia enfrentará no decorrer de sua existência.
As Nereidas eram veneradas como ninfas do mar, gentis e generosas, sempre prontas a ajudar os marinheiros em perigo. Por sua beleza, as Nereidas também costumavam dominar os corações dos homens.
- Nereida - A Mulher Loba - pág. 141 - Cap. 21
... Se nada era simples numa mulher como ela, chegara a hora de saber se era assim com todas.
Precisava achar seu grupo, juntar-se a elas, fazer de todas, uma só fortaleza.
Uma matilha de mulheres lobas. Todas famintas. Esfomeadas de vida.
Queria saber-se acompanhada em suas dúvidas e reflexões.
Queria saber que não estava enlouquecendo, muito menos divagando sobre o nada.
Sabia, num instinto ancestral, que somente quando se juntasse a elas, unissem suas forças e seu lado animal, procurariam e achariam uma forma de ajudarem,-se mutuamente.
Companheiras, lado a lado, não uma contra a outra, mas juntas, pela sobrevivência de todas.
Sôfregas e sedentas, sabia e sentia-as assim. Buscando e procurando juntas.
Ansiosas para achar suas razões para viver e saber que não estavam sós nessa procura.
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Como sabemos, o poeta ou escritor quer ser lido, comentado, chegar nas livrarias ou estantes de muitas casas, assim como ser tratado e reconhecido pelo seu talento e esforço empreendido, por isso estou aqui, fazendo o relato do que li, dando meu parecer sobre sua obra e dizer-lhe que continue seu caminho de escritora, porque tens talento, alma e literatura de valor para enriquecer nosso país e juntar-se aos melhores.
Parabéns amiga Glorinha!
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