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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Vou de Táxi - IV



Pedi um táxi para às 13:30hs, horário difícil, pois muitos taxistas estão almoçando em algum restaurante ou bar e tem muito poucos disponíveis. A moça da cooperativa de táxis me avisou que poderia demorar de 30 a 40 minutos e eu estava ligando com um lastro de quase 1 hora e meia de antecedência, mas mesmo assim disse-lhe que tudo bem, eu aguardaria até 13:20hs, passando disso eu desceria à rua e pegaria o primeiro que visse pela frente. Eu não gosto de me atrasar para compromissos.
Prefiro ligar para uma empresa e solicitar o serviço porque acho mais seguro e os táxis costumam ser bem limpinhos e com boa aparência, além do ar condicionado em dia, pois ninguém merece andar num calor de mais de 30 graus sem um arzinho.

Neste dia, esperei até às 13:20hs e nada, nenhum táxi apareceu, então o jeito foi descer o prédio e esperar na esquina que, por sorte, tinha um taxista saindo de um restaurante aqui próximo e se dirigiu ao seu carro.
Perguntei-lhe se já estava disponível e ele logo respondeu que sim, abrindo-me a porta para eu entrar.

Seu carro era cheiroso, o ar geladinho e tinha até revista Caras para eu passar o tempo. Adorei!

E ele, o rapazola, da idade do meu filho ou por aí, bonito, de boa aparência e modos. Pensei: Ah que beleza, tudo perfeitinho!

Elogiei seu carro e as revistas oferecidas, brincando ainda perguntei-lhe se tinha champagne, e ele riu dizendo-me que da próxima vez iria providenciar para mim. Disse-lhe para onde seguir e ele tocou o 
bólido que tinha um empuxo macio e rápido, coisa de carro novo, cheirando à fábrica ainda.

Eu- Cheirinho de carro novo é muito bom, né?
Tx- Tirei este (da concessionária) há 2 meses.
Eu- E você ainda está curtindo tudo isso, fico imaginando o medo que dá alguém bater ou arranhar um carro novinho assim, circulando por aí, pra cima e pra baixo. Tem tanto carro nas ruas hoje em dia!
Tx- Por isso fizemos logo um seguro e só falta pagar a última parcela, mas vale a pena, porque eu fico menos preocupado neste trânsito louco.
Eu- Ah que interessante, seu carro tem uma espécie de bolsinha para colocar as revistas e é mesmo muito bem equipado!
Tx- Na verdade, este carro é do meu pai, ele o comprou e eu passei a dirigi-lo, enquanto ele dirige o mais antigo.
Eu- Ahhh sei!
Tx- É, mas este aqui não é só o meu emprego. Nós temos também uma micro empresa e trabalha minha irmã, meu pai e eu, quando saio daqui à tarde.
Eu- Poxa, que ótimo!  Família que trabalha unida tem grandes chances de crescer no negócio.

Não perguntei-lhe que tipo de negócio era, embora ele estivesse louco pra me contar, mas não tive vontade nenhuma de saber.
Mantive-me calada por um tempo com uma revista Caras nas mãos, pensando como as pessoas se viram nos trinta hoje em dia para ganhar dinheiro, pois embora tenham alardeado aos quatro ventos que o país anda muito bem financeiramente, que tem dinheiro sobrando para emprestar aos pobres europeus e que sobra também emprego para todo mundo facilmente, não é bem isso na prática, pois as pessoas trabalham muito por aqui, têm mais de um emprego e pouco tempo para o lazer. Se pararmos para olhar os ônibus, as barcas, os meios de transportes que carregam trabalhadores pra lá e pra cá, veremos como o trabalhador chega tarde de seus serviços, anda em transportes superlotados e o respeito à carga horária não existe. 
Quantas moças, mulheres jovens que têm filhos e uma casa para administrar, chegam tarde demais do serviço, cansadas de um dia pesado, mesmo que estejam sobre saltos belíssimos e ostentando uma bolsa de grife comprada com o suor de seu trabalho.  Pouco tempo têm para aproveitar o convívio familiar e um descanso merecido.
Constatações que faço do alto de meus entas e poucos anos, embora tenha tido grandes esperanças de um futuro melhor, pelo menos para nós, mulheres. Mas isso não importa, parece que todos estão satisfeitos e é assim mesmo que caminha a humanidade neste século - ganhar e gastar, consumir e ser consumido. Como dizia um grande filósofo BBB - faz parrrrte!

Eu- Cuidado aí moço, não precisa correr!  

No ímpeto de sua juventude, percebi que ele era daqueles que enfia o pé no carro novo e gosta de desfilar o bacana, mas quando eu desconfio que posso correr risco de me machucar, reclamo mesmo. E ele fez uma manobra tão rápida para se colocar ao lado direito de outro carro que estava parado no sinal, 
nem sei pra quê isso, mas é uma maneira de dirigir frequente  por aqui, os motoristas correm para parar no sinal à frente, quase nunca ficam na mão correta, estão sempre procurando um buraquinho pra se enfiar.
Motoristas de táxi então, nem se fala!

Tx- Não, pode deixar! É que às vezes a gente tem que correr pra sair fora da confusão.

Pensei com meus botões: Confusão ele vai arrumar se amassar esse carro novinho que o pai colocou em suas mãos, mesmo tendo um bom seguro!

Eu- Ok, obrigada, valeu, chegamos rapidinho e seu carro é muito legal!  Mas, lembre-se que não vale a pena correr tanto viu garoto!

O bonitinho sorriu, entregou-me o troco e arrancou com vontade atrás de um novo passageiro.

Espero que o carrão tenha vida longa, mas considerando o motorista tão espevitado ou ainda inábil, sei não ... tadinho do pai que botou tão bela máquina em suas mãos! 
Ah, e a revista Caras não deu nem pra passar das primeiras folhinhas! Queria tanto saber quem casou ou terminou o casamento agora!



(Imagem Pinterest)



                     
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17 comentários:

Socorro Melo disse...

Oi, Beth!

Serviço cinco estrelas, hein? Por aqui isso é bem difícil.
Mas, qualidade, a gente nunca esquece. Lembro que certa vez,numa viagem que fiz a São Paulo, a trabalho, peguei um táxi diferente de todos que já havia pegado na vida. O taxista, gentil, super educado, o carro bem equipado, e ainda, por onde passava, ia contando a história, da origem, fundação, porque determinados nomes de ruas, viadutos, prédios importantes, etc. Um verdadeiro guia turístico. Achei fantástico. Coisas assim, a gente nunca esquece, né?

Beijos
Socorro Melo

chica disse...

Beth, eu uso muito táxis aqui e há certos taxistas que tenho vontade de pedir pra descer!

E pobre pai,meeeeeeeeeeeeeeesmo.

Ele aproveita, trabalha no carro do pai e se der qualquer galho é com quem? Claro, com o velho!rs

E a revista, quando o motorista guia assim, nem dá pra ler!
beijos,lindo fds! chica

Lúcia Soares disse...

Delícia, Beth. Ando com você nesses táxis.
E é interessante como todos os taxistas se parecem, assim como todas as domésticas, todos os pintores, todos os eletricistas...rsrs Criam um grupo, mesmo sem saberem.
Eu haveria de querer saber que tipo de negócio a família dele tocava. rs
Acho que já nos arriscamos muito com esses motoristas, então pelo menos que possamos usufruir de um carro limpo, perfumado, com algo para ler. Pelo menos evita conversa, quando não queremos. (eu me sinto melhor conversando, acho tão estranho entrar em um carro, ter o serviço e nem um cumprimento dar ao motorista. Por que tem gente que é assim, entra, dá o endereço, sem nem um "bom dia", "boa tarde" ou "boa noite", né?)
Adorei o esmalte "taxístico". Boa ideia para as mulheres taxistas. Aí tem algumas? Tenta pegar um táxi com alguma e depois conta aqui!
Beijo e bom fim de semana.

Lu Souza Brito disse...

Ahahah, ri do seu ultimo comentário.

Pois é Bethinha, a vida anda muito corrida, pra todos né?
Eu mesma, chego em casa muito tarde e doida ' pra nao fazer nada.
Mas falando do taxista, hoje eles correm demasiadamente, não???

Hoje postei no blog ( e não tô aprisionada no facebook não, tá?), kkkk.
Agora, to acessando aqui depois de ter que enviar um codigo de verificação, sei lá o que. Está dizendo que meu blog foi removido Olha que loucura???
Sei que nao estou muito assidua, mas nao quero perder meu bloguinho, ahahah.
Beijos

Anne Lieri disse...

Beth,vc é demais!Tem mesmo alma de escritora!Essas conversas com os taxistas nesta série mostra bem isso!...rss...adorei seu texto,muito interessante e leve de ler e tb achei super lindas as unhas de taxi!...rss...bjs,

Regina Rozenbaum disse...

Um "vou de táxi" delícia de ler. Uso pouco...para idas a espetáculos, festas à noite (se a tópica for beber rsrsrs)ou bairros que desconheço. Amanhã mesmo, niver de 50 anos de uma amiga, irei de...a aniversariante inclusive sugere aos convidados no convite impresso. Motivo: dificuldade para estacionar!
Beijuuss e um fds bem bacaninha procê!

Selma Helena. disse...

Oi Beth!!!!

Adorei seu relato. E a gente se vira e trabalha como cão! Minha mãe muitas vezes dá 24 horas de plantão e já chegou muitas vezes a fazer 36, para poder pagar as contas. E olhe que nem é consumiste a coitada. Mas com preços tao absurdos de comida, pão, plano de saúde... As despesas essenciais acabam comprometendo muito o orçamento.

Beijos!!!!

Selma

Priscila Ferreira disse...

Conheço alguns amigos que adoram ter o pé no acelerador, também não gosto disso! Mas adorei o serviço de revistas no táxi!
Beijos =]

Calu Barros disse...

Adorei o charme das unhas trabalhadas no amarelinho dos táxis.Só vc para encontrar estas coisinhas novidadeiras.
No quesito, motoristas afoitos, os taxistas ganham o Oscar.Falo de cadeira, a deles e a minha, kkkkkkkk
Bom fim de semana, Betinha.
Bjos luminosos.
Calu

Maria Célia disse...

Oi Bety
Bacana demais sua postagem.
Gostei muito do diálogo com o motorista de táxi bonitinho e pé quente.
Eu quase não ando de táxi, minha cidade é pequena, é bicicleta, a pé, um local mais longe vamos no nosso carro.
Beijo.

Paulo Francisco disse...

Um relato divertido.
Quando viajo a lugares pela primeira vez, contrato um taxista pra me levar aos pontos turísticos - uma maneira que aprendi com uma antiga Professora da faculdade. Depois eu estou livre pra fazer outras coisas...
Um beijo e obrigado pelo comentário no Varanda.

Teredecorando disse...

Olá Beth,
Ainda bem que ele era bonitinho, né?Por isso que nem ficou olhando para revista.kkkkk
Fico aqui curtinho seus relatos com os taxistas.
Alguns correm mesmo. Espero que este seja feliz e que continue dirigindo sem danificar o carro o pai.
Bom final de semana.
Beijos para todos.

Bia Jubiart disse...

Vai sair um livro de crônicas... Me prendeu nas conversas e na fina ironia do final... Amei!

Bella, tenha um fds especial!

Bjos Tocantinenses!

Toninho disse...

Minha querida amiga,gostei de andar neste taxi e até a velocidade foi boa,menino bom,rsrs.Mas na sua reflexão eu parei tudo, é isto mesmo que se processa, o país está rico e os brasileiros sofrendo para ganhar o pão nosso de cada dia.Coisa do transito de nossa politica.
Mas admirei dele nao puxar assunto sobre o caso Bruno e Macarrão.
Um lindo fim de semana amiga.
Meu terno abraço de paz e luz.
Bjo.
Melhor é ir de taxi.

cucchiaiopieno.com.br disse...

Querida Beth
Achei interessante o táxi ter revistas para passar o tempo!
E' bonito ver um jovem trabalhando com a família, mas realmente se ele continuar a correr assim, logo, logo vai bater o carrão novo :D
Bjo grande e tenha uma linda semana.
Léia

MARILENE disse...

Quando morava em SP, tinha um enorme receio de parar um táxi na rua. Utilizava, com frequência, os de um ponto que ficava próximo ao meu apartamento. Quando vou a algum lugar que não conheço bem, é minha melhor opção. Aqui em BH, faço a mesma coisa, mas o receio tem sido menor. Gosto de conversar com os motoristas. Tenho a sensação de que isso faz bem a ambos. Mas, como você, se perceber manobras perigosas, reclamo imediatamente. Bjs.

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Ahahahhaha, é porque vc ainda nao andou comigo amiga, ahahhahahah.
Vai ficar arrepiada, rs.

Bjos